Eric Lyons, M.Min.
Algum tempo atrás, uma jovem
senhora de uma universidade local visitou nosso escritório da Apologetics Press
e pediu para falar com alguém a respeito de uma “nova teoria” que ela havia
aprendido em sua aula de literatura para novatos. Pela primeira vez em sua
vida, ela ficara sabendo que Moisés poderia não ter sido o autor dos primeiros
cinco livros do Antigo Testamento. Supostamente, Jesus, Esdras, Paulo e outros
estavam errados ao atribuir estes livros a Moisés (cf. Marcos 12:26; Esdras
6:18; 2 Coríntios 3:15). Esta impressionável novata estava começando a achar
que o que havia aprendido a respeito da autoria mosaica do Pentateuco em suas
aulas de escola dominical e no colégio cristão de que ela havia participado
durante quase toda a sua vida estava errado.
A idéia de que Moisés não escreveu
o Pentateuco – uma teoria conhecida como Hipótese Documentária – na verdade foi
lançada no rosto dos cristãos por mais de dois séculos. E, no entanto,
surpreendentemente, uma das primeiras suposições sobre as quais esta teoria se apóia
foi refutada há muito tempo. Desde o período inicial do desenvolvimento da
Hipótese Documentária, assumiu-se que Moisés vivera em uma época anterior ao
conhecimento da escrita. Um dos “pais fundadores” da Hipótese Documentária,
Julius Wellhausen, estava convencido de que “o Israel antigo certamente não
estava sem bases dadas por Deus para ordenar a vida humana; somente elas não estavam fixadas na escrita”
(1885, p. 393, ênfase acrescentada). Apenas alguns anos depois, Hermann Schultz
declarou: “Do caráter lendário dos narradores pré-mosaicos, o tempo dos quais
eles tratam é prova suficiente. Foi um
tempo anterior a todo o conhecimento da escrita” (1898, pp. 25-26, ênfase
acrescentada). Estas suposições sem sombra de dúvida causaram um impacto sobre
a crença destes homens na (e na promoção da) teoria de que Moisés não poderia
ter escrito os primeiros cinco livros do Antigo Testamento.
Um problema fundamental com a
Hipótese Documentária é que agora sabemos que Moisés não viveu “antes de todo o
conhecimento da escrita”. Na realidade, ele viveu muito tempo depois que a arte da escrita já era conhecida. Uma
verdadeira pletora de descobertas arqueológicas tem comprovado que uma das
primeiras suposições da teoria de Wellhausen está errada.
- Em 1949, C. F. A. Schaeffer “encontrou uma
tabuinha em Ras Shamra contendo as trinta letras do alfabeto ugarítico na
sua devida ordem. Foi descoberto que a seqüência do alfabeto ugarítico era
a mesma do hebraico moderno, revelando que o alfabeto hebraico remonta ao menos 3.500 anos” (Jackson,
1982, p. 32, ênfase acrescentada).
- Em 1933, J. L. Starkey, que havia estudado sob
a orientação do famoso arqueólogo W. M. F. Petrie, escavou a cidade de
Laquis, que havia figurado proeminentemente na conquista de Canaã por
Josué (Josué 10). Entre outras coisas, ele desenterrou um jarro d’água de
cerâmica “inscrito com uma dedicatória em onze letras arcaicas, a mais
antiga inscrição ‘hebraica’ conhecida” (Wiseman, 1974, p. 705). De acordo
com Charles Pfeiffer, “A escrita antiga, ou paleo-hebraica, é a forma de
escrita semelhante àquela usada pelos fenícios. Uma inscrição real do Rei
Shaphatball de Gebal (Biblos) neste alfabeto data de aproximadamente 1.600
a.C.” (1966, p. 33).
- Em 1901-1902, o Código de Hamurábi foi
encontrado no antigo sítio de Susã (onde agora é o Irã) por uma expedição
arqueológica francesa sob a direção de Jacques de Morgan. Estava escrito
em um pedaço de diorito negro com aproximadamente dois metros e vinte de
altura, e continha 282 seções. Em seu livro, Archaeology and Bible History, Joseph Free e Howard Vos
declararam:
O Código de Hamurábi foi escrito vários
séculos antes do tempo de Moisés (c. 1500-1400 a.C.) ... Este código, do período de 2000 a 1700
a.C., contém leis avançadas semelhantes àquelas na lei mosaica ... Em vista
desta evidência arqueológica, a crítica destrutiva não pode mais insistir que
as leis de Moisés sejam avançadas demais para o seu tempo (1992, pp. 103, 55,
ênfase acrescentada).
O código
de Hamurábi estabeleceu fora de qualquer dúvida que a escrita era conhecida
centenas de anos antes de Moisés.
Já em 1938, o respeitado
arqueólogo William F. Albright, discutindo os vários sistemas de escrita que
existiam no Oriente Médio durante os tempos pré-mosaicos, escreveu:
Nesta
conexão, pode-se dizer que a escrita era bem conhecida na Palestina e na Síria
durante toda a Era Patriarcal (Bronze Médio, 2100 a 1500 a.C.). Sabe-se que não
menos de cinco inscrições estavam em uso: (1) os hieróglifos egípcios, usados
para nomes pessoais e de lugares pelos cananeus; (2) o cuneiforme acadiano; (3)
o silabário hierogliforme da Fenícia; (4) o alfabeto linear do Sinai; e (5) o
alfabeto cuneiforme de Ugarit, que foi descoberto em 1929 (1938, p. 186).
Inúmeras descobertas arqueológicas
dos últimos 100 anos têm comprovado de uma vez por todas que a arte da escrita
não apenas era conhecida durante o tempo de Moisés, mas também muito tempo
antes de Moisés entrar em cena. Embora os céticos, teólogos liberais e
professores universitários continuem a perpetuar a Hipótese Documentária, eles
devem ser informados (ou relembrados) do fato de que uma das suposições
fundamentais sobre as quais a teoria se apóia já foi despedaçada pela evidência
arqueológica.
Referências
Albright,
W.F. (1938), “Archaeology Confronts Biblical Criticism,” The American
Scholar, 7:186, April.
Free,
Joseph P. and Howard F. Vos (1992), Archaeology and Bible History (Grand
Rapids, MI: Zondervan).
Jackson,
Wayne (1982), Biblical Studies in the Light of Archaeology (Montgomery,
AL: Apologetics Press).
Pfeiffer,
Charles F. (1966), The Biblical World (Grand Rapids, MI:
Baker).
Sayce,
A.H. (1904), Monument Facts and Higher Critical Fancies (London:
The Religious Tract Society).
Schultz,
Hermann (1898), Old Testament Theology (Edinburgh: T&T
Clark), translated from the fourth edition by H. A. Patterson.
Wellhausen,
Julius (1885), Prolegomena to the History of Israel (Edinburgh:
Adam and Charles Black), translated by Black and Menzies.
Wiseman,
D.J. (1974), The New Bible Dictionary, ed. J.D. Douglas (Grand
Rapids, MI: Eerdmans).
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Fonte:
Apologetics Press (www.apologeticspress.org)
Tradução: Rodrigo Reis de Faria
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