segunda-feira, 23 de julho de 2012

Os Rolos do Mar Morto e a Integridade Bíblica


Garry K. Brantley, M.A., M.Div.

Os crentes na Bíblia geralmente são confrontados com a acusação de que a Bíblia está cheia de erros. Estes supostos erros podem ser distribuídos em duas categorias principais: (1) aparentes inconsistências internas entre dados revelados; e (2) erros de escribas nos próprios manuscritos fundamentais. A primeira categoria envolve aquelas situações nas quais existem discrepâncias aparentes entre textos bíblicos a respeito de um evento, pessoa, lugar, etc. específico (para uma discussão de dificuldades como estas, vede Archer, 1982; Geisler e Brooks, 1989, pp. 163-178). A última categoria envolve uma preocupação bem mais fundamental – a integridade dos documentos subjacentes às nossas traduções. Alguns acusam que os manuscritos hebraicos, aramaicos e gregos, tendo sido copiados e recopiados manualmente durante muitos anos, contêm uma pletora de erros de escribas que alteraram significativamente a informação apresentada nos documentos originais. Como tais, não podemos confiar que nossas traduções reflitam a informação inicialmente registrada pelos escritores bíblicos. Contudo, os materiais descobertos em Qumran, comumente chamados de Rolos do Mar Morto, têm fornecido evidência impressionante tanto em favor da integridade dos manuscritos hebraicos e aramaicos do Antigo Testamento como da autenticidade dos próprios livros.

DATA DOS MATERIAIS

Quando os rolos foram descobertos, em 1947, os estudiosos disputavam as datas da sua composição. Os estudiosos agora concordam em geral que, embora alguns materiais sejam mais antigos, os materiais de Qumran datam primariamente dos períodos hasmoneu (152-63 a.C.) e começo do romano (63 a.C. a 68 a.D.). Várias linhas de evidência corroboram estas conclusões. Primeiro, evidência arqueológica das ruínas da comunidade de Qumran apoia essas datas. Após seis períodos maiores de excavações, os arqueólogos identificaram três fases específicas de ocupação do antigo centro de Qumran. Coinage descobriu, no primeiro estrato, tâmaras do reinado de Antíoco VII Sidetes (138-129 a.C.). Tais artefatos também indicam que a arquitetura associada à segunda fase de ocupação data, no mais tardar, do tempo de Alexandre Jannaeus (103-76 a.C.). Refletida também nos vestígios materiais do sítio está a destruição das suas edificações, no terremoto relatado pelo historiador judeu do primeiro século, Josefo (Antiguidades Judaicas, 15.5.2.). Aparentemente, este desastre natural ocorreu por volta de 31 a.C. – uma circunstância que compeliu os ocupantes a abandonar o local por um período de tempo indeterminado. Sob a reocupação da área – a terceira fase – as edificações foram reparadas e reconstruídas precisamente sobre o plano anterior do complexo comunal antigo. A comunidade floresceu até que os romanos, sob a direção militar de Vespasiano, ocuparam à força o local (vede Cross, 1992, pp. 21-22). Tal evidência é consistente com as datas do segundo século a.C. ao primeiro século a.D. para os rolos.

A segunda linha de evidência é de que as datas geralmente aceitas para os rolos são corroboradas por considerações paleográficas. A paleografia é o estudo da escrita antiga e, mais especificamente, o formato e o estilo das letras. Característica das línguas antigas, a maneira como as letras hebraicas e aramaicas foram escritas mudou ao longo de um período de tempo. O olho treinado pode determinar, dentro de certas limitações, o período de tempo de um documento de acordo com o formato das suas letras. Este é o método pelo qual os estudiosos determinam a data de um texto sobre bases paleográficas. De acordo com esta técnica, os escritos em Qumran pertencem a três períodos de desenvolvimento paleográfico: (1) um pequeno grupo de textos bíblicos cujo estilo arcaico reflete o período entre 250-150 a.C.; (2) uma grande quantidade de manuscritos, tanto bíblicos como não-bíblicos, que é consistente com um estilo de escrita comum ao período hasmoneu (c. 150-30 a.C.); e (3) um número igualmente grande de textos que evidenciam um estilo de escrita característico do período herodiano (30 a.C. – 70 a.D.). Esta informação linguística também é consistente com as datas comumente aceitas dos materiais de Qumran.

Finalmente, como exceção, os testes de carbono 14 feitos tanto no tecido em que certos rolos foram envoltos, como nos próprios rolos, geralmente correspondem às datas paleográficas. Existem, contudo, algumas diferenças consideráveis. Devido à natureza inexata das técnicas de datação pelo carbono 14 (vede Major, 1993), e a possibilidade de contaminação química, os estudiosos põem maior confiança nas datas paleográficas historicamente corroboradas (vede Shanks, 1991, 17[6]:72). De qualquer forma, os dados arqueológicos e linguísticos dão aos estudiosos confiança razoável de que os rolos datam de 250 a.C. a 70 a.D.

A IMPORTÂNCIA DOS ROLOS

Embora a importância destes documentos seja multifacetada, uma das suas principais contribuições para os estudos bíblicos está na área de criticismo textual. Este é o campo de estudo em que os estudiosos tentam recriar o conteúdo original de um texto bíblico o mais exatamente possível. Tal obra é legítima e necessária, visto que possuímos apenas cópias (apógrafos), não os manuscritos originais (autógrafos) da Escritura. Os Rolos do Mar Morto são de valor particular neste respeito, ao menos por dois motivos: (1) cada livro do cânon tradicional hebraico, exceto Ester, está representado (em certo grau) entre os materiais de Qumran (Collins, 1992, 2:89); e (2) eles têm fornecido aos críticos textuais manuscritos antigos contra os quais podem comparar o texto aceito em busca da exatidão do conteúdo.

OS ROLOS E O TEXTO MASSORÉTICO

Este segundo ponto é de particular importância, visto que, antes da descoberta dos manuscritos de Qumran, os textos mais antigos do Antigo Testamento existentes eram aqueles conhecidos como Texto Massorético (TM), que datavam por volta de 980 a.D. O TM é resultado do trabalho editorial realizado por escribas judeus conhecidos como massoretas. A designação dos escribas derivou-se da palavra hebraica masora, que refere-se coletivamente às notas introduzidas nas margens superiores, inferiores e laterais dos manuscritos do TM para salvaguardar a transmissão tradicional. Por isso, os massoretas, como seu nome sugere, eram os escribas preservadores da masora (Roberts, 1962, 3:295). Do quinto ao nono século a.D., os massoretas trabalharam para introduzir tanto estas notas marginais como os pontos vocálicos no texto consonantal – primariamente para conservar a pronúncia e ortografia corretas (vede Seow, 1987, pp. 8-9).

Os estudiosos críticos questionavam a exatidão do TM, que formava a base das nossas versões do Antigo Testamento, visto que havia uma lacuna cronológica tão grande entre ele e os autógrafos. Por causa desta incerteza, os estudiosos geralmente “corrigiam” o texto com considerável liberdade. Qumran, porém, forneceu vestígios de uma antiga edição massorética, antedatando à era cristã, na qual o TM tradicional está baseado. Uma comparação do TM com este texto mais antigo revelou a notável exatidão com que os escribas copiavam os textos sagrados. Em consonância com isto, a integridade da Bíblia hebraica foi confirmada, o que geralmente tem aumentado o seu respeito entre os estudiosos e reduzido drasticamente a alteração textual.

A maioria dos manuscritos bíblicos encontrados em Qumran pertencem à tradição ou família do TM. Este é especialmente o caso do Pentateuco e alguns dos Profetas. O bem preservado rolo de Isaías da Caverna 1 ilustra o terno cuidado com que esses textos sagrados eram copiados. Visto que aproximadamente 1700 anos separavam Isaías no TM da sua fonte original, os críticos textuais assumiam que centenas de cópias e recópias deste livro deviam ter introduzido erros de escribas no documento, que obscureceram a mensagem original do autor.

Os rolos de Isaías encontrados em Qumran estreitaram essa lacuna para o período de 500 anos desde o manuscrito original. É interessante que, quando os estudiosos compararam o TM de Isaías com o rolo de Isaías de Qumran, a correspondência era assustadora. Os textos de Qumran provaram ser idênticos, palavra por palavra, à nossa Bíblia hebraica padrão em mais de 95 por cento do texto. Os 5 por cento de variação consistiam primariamente de deslizes óbvios da pena e alterações de ortografia (Archer, 1974, p. 25). Ademais, não havia grandes diferenças doutrinárias entre o texto aceito e o de Qumran (vede Tabela 1, abaixo). Isto demonstrou forçosamente a exatidão com que os escribas copiaram os textos sagrados, e animou a nossa confiança na integridade textual da Bíblia (vede Yamauchi, 1972, p. 130). Os Rolos do Mar Morto aumentaram a nossa confiança de que a transcrição manuscrita fiel preservou substancialmente o conteúdo original de Isaías.

TABELA 1. QUMRAN VS. MASSORETAS
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Das 166 palavras hebraicas em Isaías 53, somente dezessete letras no Rolo do Mar Morto 1 Qisb diferem do Texto Massorético (Geisler e Nix, 1986, p. 382).
10 letras = diferenças de ortografia
4 letras = mudanças estilísticas
3 letras = acrescentada a palavra que significa “luz” (vs. 11)
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17 letras = nenhuma afeta o ensinamento bíblico

ERUDIÇÃO CRÍTICA, DANIEL E OS ROLOS

Os materiais de Qumran de modo semelhante têm provado a integridade textual e a autenticidade de Daniel. A erudição crítica, como no caso da maioria de todos os livros do Antigo Testamento, tem tentado demolir a autenticidade do livro de Daniel. A mensagem do livro reivindica ter se originado durante o exílio babilônico, desde a primeira deportação dos judeus para o cativeiro (606 a.C.; Daniel 1:1-2) até a ascensão do Império Persa ao domínio mundial (c. 536 a.C.; Daniel 10:1). Esta data, porém, tem sido questionada e geralmente recusada pelos eruditos críticos, que datam a composição final do livro do segundo século a.C. Especificamente, argumenta-se que as histórias dos capítulos 1 a 6, tal como aparecem na sua forma atual, não podem ser mais antigas do que a era helenística (c. 332 a.C.). Ademais, o sumário de quatro reinos explicitamente declarados no capítulo 2 supostamente requer uma data posterior ao surgimento do Império Grego. Além disso, esses estudiosos argumentam que, visto como não há referência explícita a Antíoco Epifânio IV (175-164 a.C.), um rei selêucida claramente sob consideração profética no capítulo 11, uma data no final do terceiro ou começo do segundo século a.C. é a mais provável (vede Collilns, 1992a, 2:31; Whitehorne, 1992, 1:270).

O motivo aparente para esta conclusão entre os eruditos críticos é a natureza preditiva do livro de Daniel. Ele fala precisamente de eventos que aconteceram centenas de anos após o período no qual reivindica ter sido composto. Visto que os princípios orientadores do método da crítica-histórica evitam um Deus transcendente que intervém nos negócios humanos (vede Brantley, 1994), a idéia da profecia preditiva inspirada é rejeitada a priori do reino da possibilidade. Em consonância com isto, Daniel não poderia ter falado com tal precisão sobre eventos tão distanciados de seu tempo. Portanto, os eruditos críticos concluem que o livro foi escrito, na verdade, como um registro histórico de eventos durante o período macabeu, mas se exprimia em linguagem apocalíptica ou profética. Tais conclusões negam claramente que este livro foi a composição autêntica de um Daniel que viveu no sexto século a.C., o que a Bíblia afirma.

Os Rolos do Mar Morto têm levantado sua voz nesta controvérsia. Devido à quantidade de fragmentos de Daniel encontrados em diversas cavernas próximas a Qumran, parece que este livro profético foi um dos mais entesourados por essa comunidade. Talvez a popularidade de Daniel fosse devida ao fato de que o povo de Qumran viveu durante o período inquietante em que muitas destas profecias realmente estavam se cumprindo. Seja por que razão for, Daniel foi peculiarmente salvaguardado a ponto de termos, à nossa disposição, partes de todos os capítulos de Daniel, exceto os capítulos 9 e 12. Contudo, um manuscrito (4Qdanc; 4 = Caverna 4; Q = Qumran; Danc = um dos fragmentos de Daniel arbitrariamente designado como “c”, no sentido de esclarecimento*), publicado em Novembro de 1989, tem sido datado do final do segundo século a.C. (vede Hasel, 1992, 5[2]:47). Dois outros documentos importantes (4Qdanb, 4Qdana) têm sido publicados desde 1987, e contribuem para a análise erudita de Daniel. Estes fragmentos recentemente lançados dão testemunho direto da integridade e autenticidade do livro de Daniel.

INTEGRIDADE DO TEXTO

Assim como no caso de Isaías, antes de Qumran não havia manuscritos de Daniel que datassem antes do final do décimo século a.D. Em consonância com isto, os estudiosos lançavam suspeitas sobre a integridade do texto de Daniel. Como no caso de Isaías também, este ceticismo sobre a credibilidade do conteúdo de Daniel instigou os estudiosos a tomarem grande liberdade em ajustar o texto hebraico. Um motivo para esta suspeita é a presença aparentemente arbitrária de seções em aramaico dentro do livro. Alguns estudiosos haviam assumido, a partir desta mudança linguística, que Daniel fora escrito inicialmente em aramaico, e depois algumas porções foram traduzidas para o hebraico. Ademais, uma comparação com a tradução Septuaginta (tradução grega da Bíblia hebraica) com o TM revelou enorme disparidade, em extensão e conteúdo, entre os dois textos. Devido a estas e outras considerações, os estudiosos críticos atribuíam pouco valor à versão massorética de Daniel.

Uma vez mais, porém, os achados em Qumran confirmaram a integridade do texto de Daniel. Gerhard Hasel enumerou diversas linhas de evidência, a partir dos fragmentos de Daniel encontrados em Qumran, que apóiam a integridade do TM (vede 1992, 5[2]:50). Primeiro, na sua maior parte, os manuscritos do Daniel do Mar Morto são muito consistentes em conteúdo entre si, contendo muito poucas variantes. Segundo, os fragmentos de Qumran se conformam de perto com o TM do começo ao fim, apenas com poucas e raras variantes nos anteriores, que favorecem a versão Septuaginta. Terceiro, as transições do hebraico para o aramaico são preservadas nos fragmentos de Qumran. Com base em dados tão decisivos, é evidente que o TM é uma versão bem preservada de Daniel. Em suma, Qumran nos assegura de que podemos estar sensatamente confiantes de que o texto de Daniel sobre o qual nossas traduções estão baseadas é um texto de integridade. Falando em termos práticos, isto significa que temos à nossa disposição, através de traduções fiéis do original, a verdade que Deus revelou a Daniel séculos atrás.

DATA DO LIVRO

Os fragmentos de Daniel encontrados em Qumran também interessam à questão da autenticidade de Daniel. Conforme citado antes, a erudição convencional geralmente situa a composição final de Daniel durante o segundo século a.C. Contudo, o livro afirma ter sido escrito por um Daniel que viveu no sexto século a.C. Por outro lado, os fragmentos de Daniel do Mar Morto apresentam forte evidência em favor da data bíblica, mais antiga, deste livro.

Os vestígios relativamente abundantes de Daniel indicam a importância deste livro para a comunidade de Qumran. Ademais, existem indicações claras de que este livro era considerado “canônico” para a comunidade, o que significa que era reconhecido como um livro autoritativo, ao lado de outros livros bíblicos (p.e., Deuteronômio, Reis, Isaías, Salmos). A canonicidade de Daniel em Qumran é indicada, não apenas pelos prolíficos fragmentos, mas pela maneira como é referido em outros materiais. Certo fragmento emprega a citação: “que estava escrito no livro do profeta Daniel”. Esta frase, semelhante à referência de Jesus ao “profeta Daniel” (Mateus 24:15), era uma fórmula tipicamente aplicada a citações da Escritura canônica em Qumran (vede Hasel, 1992, 5[2]:51).

O status canônico de Daniel em Qumran é importante para a data e autenticidade do livro. Se, como alegam os estudiosos críticos, Daniel alcançou sua forma final por volta de 160 a.C., como poderia ter atingido o status canônico em Qumran, em meras cinco ou seis décadas? Embora não saibamos exatamente quanto tempo levava para um livro alcançar tal status de autoridade, parece ser necessário mais tempo para este desenvolvimento (vede Bruce, 1988, pp. 27-42). É interessante que, mesmo antes da mais recente publicação dos fragmentos de Daniel, R. K. Harrison reconheceu que o status canônico de Daniel em Qumran militava contra a sua composição na era dos Macabeus, e servia como confirmação da sua autenticidade (1969, p. 1126-1127).

Ainda que Harrison tenha feito esta observação em 1969, mais de três décadas antes que a grande reserva de documentos da Caverna 4 fosse disponibilizada para o público erudito e em geral, nenhuma evidência nova a refutou. Pelo contrário, os textos de Qumran recentemente publicados têm confirmado esta conclusão. A aceitação canônica de Daniel em Qumran indica a antiguidade da composição do livro – certamente bem mais antiga do que o período macabeu. Por isso, as publicações mais recentes dos manuscritos de Daniel apresentam confirmação à autenticidade de Daniel; ele foi escrito quando a Bíblia diz que foi escrito.

Uma contribuição final de Qumran para a data reivindicada pela Bíblia em favor da composição de Daniel deriva-se de considerações linguísticas. Embora, conforme mencionamos antes, os estudiosos críticos argumentem que as seções em aramaico de Daniel indiquem uma data de composição no segundo século a.C., os materiais de Qumran sugerem o contrário. Na verdade, uma comparação dos documentos de Qumran com Daniel demonstra que o aramaico de Daniel é uma composição bem mais antiga do que do segundo século a.C. Tal comparação ainda demonstra que Daniel foi escrito em uma região diferente da Judéia. Por exemplo, o Gênesis Apócrifo, encontrado na Caverna 1, é um documento do segundo século a.C. escrito em aramaico – o mesmo período durante o qual os estudiosos críticos defendem que Daniel foi composto. Se a data crítica para a composição de Daniel estivesse correta, ele refletiria as mesmas características linguísticas do Gênesis Apócrifo. Contudo, o aramaico destes dois livros é notoriamente distinto.

O Gênesis Apócrifo, por exemplo, tende a pôr o verbo no começo da cláusula, ao passo que Daniel tende a pospôr o verbo em uma posição mais final na cláusula. Devido a tais considerações, os linguistas sugerem que Daniel reflete um aramaico de tipo oriental, que é mais flexível com a ordem das palavras, e raramente apresenta alguma característica ocidental. Em cada categoria importante de comparação linguística (ou seja, morfologia, gramática, sintaxe, vocabulário), o Gênesis Apócrifo (reconhecidamente escrito no segundo século a.C.) reflete um estilo bem mais tardio do que a linguagem de Daniel (Archer, 1980, 136:143; cf. Yamauchi, 1980). É interessante que o mesmo é válido quando o hebraico de Daniel é comparado com o hebraico preservado nos documentos sectários de Qumran (ou seja, aqueles textos compostos pela comunidade de Qumran que refletem suas leis sociais e costumes religiosos peculiares). A partir de tais considerações linguísticas fornecidas por Qumran, Daniel dificilmente poderia ter sido escrito por um patriota judaico na Judéia durante o começo do segundo século a.C., como acusam os críticos.

CONCLUSÃO

Naturalmente, existem estudiosos críticos que, apesar da evidência, continuam a argumentar contra a autenticidade de Daniel e de outros livros bíblicos. Contudo, os textos de Qumran têm provido forte evidência que apóia a nossa fé na integridade dos manuscritos sobre os quais nossas traduções estão baseadas. Agora, cabe aos crentes na Bíblia permitir que estes textos direcionem a nossa atenção para os interesses divinos, e se tornem o povo que Deus quer que sejamos.

Referências

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Archer, Gleason, Jr. (1980), “Modern Rationalism and the Book of Daniel,” Bibliotheca Sacra, 136:129-147, April-June.
Archer, Gleason, Jr. (1982), Encyclopedia of Bible Difficulties (Grand Rapids, MI: Baker).
Brantley, Garry K. (1994), “Biblical Miracles: Fact or Fiction?,” Reason and Revelation, 14:33-38, May.
Bruce, F.F. (1988), The Canon of Scriptures (Downers Grove, IL: InterVarsity Press).
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Hasel, Gerhard (1992), “New Light on the Book of Daniel from the Dead Sea Scrolls,”Archaeology and Biblical Research, 5[2]:45-53, Spring.
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* Clarification, em inglês.

Fonte: Apologetics Press (www.apologeticspress.org)
Tradução: Rodrigo Reis de Faria

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