sábado, 27 de janeiro de 2018

A Posição Central de Cristo na História do Mundo



Philip Schaff


Para vermos claramente a relação da religião cristã com a história precedente da humanidade, e para apreciarmos a sua vasta influência sobre todas as gerações futuras, precisamos olhar primeiro para a preparação que ocorreu na condição política, moral e religiosa do mundo para o advento de nosso Salvador.

Como a religião é o interesse mais profundo e sagrado do homem, a entrada da religião cristã na história é o mais momentoso de todos os eventos. É o fim do velho mundo e o começo do novo. Foi uma grande idéia de Dionísio, “o Breve”, datar nossa era a partir do nascimento de nosso Salvador. Jesus Cristo, o Deus-Homem, o profeta, sacerdote e rei da humanidade é, de fato, o centro e o ponto de mudança não apenas da cronologia, mas de toda a história, e a chave de todos os seus mistérios. Ao seu redor, como o sol do universo moral, giram, em suas variadas distâncias, todas as nações e todos os eventos importantes na vida religiosa do mundo; e todos devem, direta ou indiretamente, consciente ou inconscientemente, contribuir para a glória do seu nome e o avanço da sua causa. A história da humanidade antes do seu nascimento deve ser vista como uma preparação para a sua vinda, e a história após o seu nascimento, como uma difusão gradual do seu espírito e o progresso do seu reino. “Todas as coisas foram criadas por ele e para ele”. Ele é “o desejado de todas as nações”. Ele apareceu na “plenitude do tempo”, quando o processo de preparação estava acabado e a necessidade de redenção do mundo completamente exposta.

Esta preparação para o Cristianismo começou propriamente com a criação do homem, que foi feito à imagem de Deus e destinado para a comunhão com ele através do Filho eterno; e com a promessa de salvação que Deus fez aos nossos primeiros pais, como uma estrela de esperança para guiá-los através da escuridão do pecado e do erro. Memórias vagas de um paraíso primitivo e uma subseqüente queda, e esperanças de uma redenção futura, sobrevivem até mesmo nas religiões pagãs.

Com Abraão, cerca de dezenove séculos antes de Cristo, o desenvolvimento religioso da humanidade se separa nos dois ramos independentes e, no seu alcance, muito desiguais, do Judaísmo e do paganismo. Estes se encontram e se unem, por fim, em Cristo como o Salvador comum, o cumpridor dos tipos e profecias, desejos e esperanças do mundo antigo; enquanto, ao mesmo tempo, os elementos infiéis de ambos se coligam em hostilidade mortal contra ele, e assim fazem manifestar a plena revelação do seu poder de verdade e amor que a todos conquista.

Como o Cristianismo é a reconciliação e união de Deus com o homem em e através de Jesus Cristo, o Deus-Homem, ele precisou ser precedido por um duplo processo de preparação, uma aproximação de Deus ao homem, e uma aproximação do homem a Deus. No Judaísmo, a preparação é direta e positiva, procedendo de cima para baixo, e terminando com o nascimento do Messias. No paganismo, é indireta e principalmente, embora não inteiramente, negativa, procedendo de baixo para cima, e terminando com o clamor desesperado da humanidade por redenção. Ali, temos uma revelação especial ou auto-comunicação do único Deus verdadeiro por palavra e obra, cada vez mais clara e evidente, até que finalmente o Logos divino aparece em natureza humana para elevá-la à comunhão consigo mesmo; aqui, homens guiados, de fato, pela providência geral de Deus, e iluminados pelo reflexo do Logos resplandecendo na escuridão, contudo, sem ajuda da revelação direta, e deixados para que “andassem em seus próprios caminhos”, “para que buscassem a Deus, se porventura tateando o pudessem achar”. No Judaísmo, a verdadeira religião é preparada para o homem; no paganismo, o homem é preparado para a verdadeira religião. Ali, a essência divina é gerada; aqui, as formas humanas são moldadas para recebê-la. A primeira é como o irmão mais velho da parábola, que permaneceu na casa de seu pai; a última, como o pródigo, que dilapidou sua parte, mas finalmente estremeceu diante do largo abismo da perdição, e penitentemente voltou para o seio do amor compassivo de seu pai. O paganismo é a noite estrelada, cheia de escuridão e temor, mas também de misterioso presságio, e de ansiosa espera pela luz do dia; o Judaísmo, a manhã, cheia de esperança e da promessa do sol nascente; ambos se perdem na luz do dia do Cristianismo, e atestam a sua reivindicação de ser a única religião verdadeira e perfeita para a humanidade.

A preparação pagã foi ainda parcialmente intelectual e literária, parcialmente política e social. A primeira é representada pelos gregos, a última, pelos romanos.

Jerusalém, a cidade santa, Atenas, a cidade da cultura, e Roma, a cidade do poder, podem representar os três fatores dessa história preparatória que terminou no nascimento do Cristianismo.

Este processo de preparação para a redenção na história do mundo, a busca cega do paganismo pelo “Deus desconhecido” e a paz interior, e a batalha legal e esperança confortadora do Judaísmo, repetem-se em cada crente individual; pois o homem é feito para Cristo, e “o seu coração não tem repouso, enquanto não repousa em Cristo”.


Fonte: History of the Christian Church (www.ccel.org)
Tradução: Rodrigo Reis de Faria

Usos da História da Igreja



Philip Schaff

A história da igreja é a mais extensa e, incluindo a história sagrada do Antigo e do Novo Testamento, o ramo mais importante da teologia. É a espinha dorsal da teologia ou aquilo em que ela se apóia, e o depósito do qual deriva suas provisões. É o melhor comentário sobre o próprio Cristianismo, sob todos os seus aspectos e em todas as suas relações. A plenitude da correnteza é a glória da fonte da qual ela flui.


A história da igreja tem, em primeiro lugar, um interesse geral para toda mente culta, na medida em que mostra o desenvolvimento moral e religioso de nossa raça e a execução gradual do plano divino da redenção.


Ela tem valor especial para o teólogo e o ministro do evangelho, como a chave para a presente condição da Cristandade e o guia para um trabalho bem sucedido em sua causa. O presente é fruto do passado e germe do futuro. Nenhuma obra pode permanecer, a menos que se desenvolva a partir das necessidades reais do tempo lance raízes firmes no solo da história. Ninguém que pisoteie os direitos de uma geração passada pode reivindicar a consideração de sua posteridade. A história da igreja não é uma mera loja de curiosidades. Seus fatos não são ossos secos, mas personificam realidades vivas, os princípios gerais e as leis para nossa própria orientação e ação. Quem estuda a história da igreja estuda o próprio Cristianismo em todas as suas fases, e a natureza humana sob a influência do Cristianismo tal como é agora e será até o fim dos tempos.


Finalmente, a história da igreja tem valor prático para todo cristão, como um depósito de alertas e encorajamento, de consolação e conselhos. É a filosofia dos fatos, o Cristianismo em exemplos vivos. Se a história em geral é, como a descreve Cícero, “testis temporum, lux veritatis, et magistra vitae”, ou como a chama Diodoro, “serva da providência, sacerdotisa da verdade e mãe da sabedoria”, a história do reino do céu é tudo isto no mais alto grau. Depois das Escrituras Sagradas, que são elas mesmas uma história e depósito da revelação divina, não há prova mais forte da presença contínua de Cristo com o seu povo, justificativa mais completa do Cristianismo, fonte mais rica de sabedoria e experiência espiritual, incentivo mais profundo à virtude e piedade, do que a história do reino de Cristo. Cada geração tem uma mensagem da parte de Deus para o homem, que é da maior importância que o homem entenda.

A Epístola aos Hebreus descreve, em incitante eloqüência, a nuvem de testemunhas da antiga dispensação para encorajamento dos cristãos. Por que a nuvem maior de apóstolos, evangelistas, mártires, confessores, pais, reformadores e santos de cada geração e língua, desde a vinda de Cristo, não deveria ser apresentada com o mesmo propósito? Eles foram os heróis da fé e do amor cristão, as cartas vivas de Cristo, o sal da terra, os benfeitores e a glória de nossa raça; e é impossível estudar corretamente os seus pensamentos e feitos, suas vidas e mortes, sem ser enlevado, edificado, confortado e encorajado a seguir seu santo exemplo, para que finalmente nós, pela graça de Deus, sejamos recebidos na sua comunhão, para passarmos com eles uma bendita eternidade no louvor e contentamento do mesmo Deus e Salvador.


Fonte: History of the Christian Church (www.ccel.org)
Tradução: Rodrigo Reis de Faria

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

A Natureza da História da Igreja

Philip Schaff*


A história tem dois lados, um divino e outro humano. Da parte de Deus, ela é a sua revelação na ordem do tempo (assim como a criação é a sua revelação na ordem do espaço) e o sucessivo desvendar de um plano de infinita sabedoria, justiça e misericórdia, visando sua glória e a eterna felicidade da humanidade. Da parte do homem, a história é a biografia da raça humana e o gradual desenvolvimento, tanto normal como anormal, de todas as suas forças físicas, intelectuais e morais até a consumação final no julgamento geral, com suas recompensas e castigos eternos. A idéia de história universal pressupõe a idéia cristã da unidade de Deus e da unidade e destino comum dos homens, e era desconhecida à antiga Grécia e Roma. Uma visão da história que negligencie ou desvalorize o fator divino parte do deísmo e corre consistentemente para o ateísmo; enquanto a visão oposta, que negligencia a livre agência do homem e sua responsabilidade moral e culpa, é essencialmente fatalista e panteísta.

Da agência humana podemos distinguir a satânica, que entra como uma terceira força na história da raça. Na tentação de Adão no Paraíso, na tentação de Cristo no deserto e em cada grande época, Satanás aparece como o antagonista de Deus, esforçando-se para derrotar o plano de redenção e o progresso do reino de Cristo, e usando homens fracos e ímpios para os seus esquemas, mas no final sempre é derrotado pela sabedoria superior de Deus.

A corrente central e o alvo último da história universal é O REINO DE DEUS ESTABELECIDO POR JESUS CRISTO. Esta é a maior e mais abrangente instituição do mundo, tão vasta quanto a humanidade e tão duradoura quanto a eternidade. Todas as outras instituições são feitas subservientes a ela, e é em seu interesse que o mundo todo é governado. Não é nenhuma reflexão posterior acerca de Deus, nenhuma emenda subsequente do plano da criação, mas é a eterna previsão, a idéia controladora, o princípio, o meio e o fim de todos os seus caminhos e obras. O primeiro Adão é um tipo do segundo Adão; a criação olha para a redenção como a solução dos seus problemas. A história secular, longe de controlar a história sagrada, é controlada por ela e deve, direta ou indiretamente, servir aos seus fins, e só pode ser plenamente compreendida na luz central da verdade cristã e do plano da salvação. O Pai, que dirige a história do mundo, “traz ao Filho”, que governa a história da igreja, e o Filho conduz de volta ao Pai, para que “Deus seja tudo em todos”. “Todas as coisas”, diz S. Paulo, “foram criadas por Cristo e para Cristo; e Ele é antes de todas as coisas, e nEle todas as coisas subsistem. E Ele é a cabeça do corpo, da Igreja; o qual é o princípio, o primogênito dentre os mortos, para que em todas as coisas Ele tenha a preeminência” (Cl 1:16-18). “O Evangelho”, diz John von Müller, sumariando o resultado final da sua longa vida de estudos em história, “é o cumprimento de todas as esperanças, a perfeição de toda a filosofia, o intérprete de todas as revoluções, a chave de todas as aparentes contradições dos mundos físico e moral; é vida – é imortalidade”.

A história da igreja é a origem e o progresso do reino do céu sobre a terra, para a glória de Deus e a salvação do mundo. Começa com a criação de Adão, e com a promessa daquele que esmagaria a serpente, o que abrandava a perda do paraíso de inocência pela esperança da redenção futura da maldição do pecado. Ela atravessa as revelações preparatórias sob os patriarcas, Moisés e os profetas, até o precursor imediato do Salvador, que apontou para os seus seguidores o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Mas esta parte da sua trajetória era apenas uma introdução. Seu ponto de partida próprio é a encarnação da Palavra Eterna, que habitou entre nós e revelou a sua glória, glória como do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade; em seguida, o milagre do primeiro Pentecostes, quando a Igreja assumiu o seu lugar como instituição cristã, cheia do Espírito do Redentor glorificado e incumbida da conversão de todas as nações. Jesus Cristo, o Deus-Homem e Salvador do mundo, é o autor da nova criação, a alma e a cabeça da igreja, que é o seu corpo e a sua noiva. Em sua pessoa e obra encontra-se toda a plenitude da Divindade e da humanidade renovada, todo o plano da redenção, e a chave de toda a história desde a criação do homem à imagem de Deus até a ressurreição do corpo para a vida eterna.

Esta é a concepção objetiva da história da igreja.

No sentido subjetivo da palavra, considerada enquanto ciência e arte teológica, a história da igreja é a descrição fiel e natural da origem e progresso deste reino celestial. Ela visa reproduzir em pensamento e encarnar em linguagem o seu desenvolvimento exterior e interior até o tempo presente. É um comentário contínuo sobre as parábolas gêmeas do Senhor acerca do grão de mostarda e do fermento. Ela mostra a um só tempo como o Cristianismo se espalha pelo mundo e como ele penetra, transforma e santifica o indivíduo e todos os departamentos e instituições da vida social. Assim ela abarca não apenas a sorte exterior da Cristandade, mas especialmente sua experiência interior, sua vida religiosa, sua atividade mental e moral, seus conflitos com o mundo ímpio, suas tristezas e sofrimentos, suas alegrias e seus triunfos sobre o pecado e o erro. Ela registra os feitos daqueles heróis da fé “que venceram reinos, obraram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões, apagaram a violência do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram força, tornaram-se valentes em luta, puseram em fuga exércitos estrangeiros”.

De Jesus Cristo, desde a sua manifestação na carne, uma ininterrupta corrente de luz e vida divina tem estado e ainda está jorrando, e continuará a jorrar, em volume cada vez maior, através do refugo da nossa raça caída; e tudo aquilo que é verdadeiramente grande e bom e santo nos anais da história da igreja é devido, em última análise, ao impulso do seu espírito. Ele é o pêndulo do progresso do mundo. Mas ele opera no mundo através de homens pecadores e falhos, os quais, embora como agentes autoconscientes e livres sejam responsáveis por todas as suas ações, ainda assim devem, voluntária ou involuntariamente, servir ao grande propósito de Deus. Assim como Cristo, nos dias de sua carne, foi abatido, zombado e crucificado, sua igreja também é assaltada e perseguida pelas forças das trevas. A história do Cristianismo inclui então uma história do Anticristo. Com uma infindável sucessão de obras do poder salvífico e manifestações do verdade e santidade divina, ela desvenda também uma terrível massa de corrupção e erro. A igreja militante deve, pela sua própria natureza, estar em perpétua guerra com o mundo, a carne e o diabo, tanto interior como exteriormente. Pois, assim como Judas se assentava entre os apóstolos, do mesmo modo “o homem do pecado” se assenta no templo de Deus; e, assim como um Pedro negou o Senhor, ainda que depois chorou amargamente e reconquistou o seu santo ofício, do mesmo modo muitos discípulos em todos os tempos o negam em palavra e em obras.

Mas, por outro lado, a história da igreja mostra que Deus sempre é mais forte do que Satanás, e que o seu reino de luz deixa envergonhado o reino das trevas. O Leão da tribo de Judá esmagou a cabeça da serpente. Com a crucificação de Cristo, sua ressurreição também é repetida sempre de novo na história da sua igreja na terra; e nunca houve um dia sem um testemunho da sua presença e poder ordenando todas as coisas segundo a sua santa vontade. Pois ele recebeu todo o poder no céu e na terra para o bem do seu povo, e desde o seu trono celestial ele governa inclusive seus inimigos. A palavra infalível da promessa, confirmada por experiência, assegura-nos que todas as corrupções, heresias e cismas devem, sob a orientação da sabedoria e amor divino, ser útil  à causa da verdade, santidade e paz; até que, no juízo final, Cristo fará dos seus inimigos o escabelo de seus pés, e governará incontroverso com o cetro da justiça e da paz, e a sua igreja entenderá a sua idéia e destino como “a plenitude daquele que cumpre tudo em todos”.

Assim a própria história, em sua forma atual, como um desenvolvimento mutável e difícil, dará lugar à perfeição, e o fluxo do tempo entrará em repouso no oceano da eternidade, mas este repouso será a forma mais elevada de vida e atividade em Deus e para Deus.



* Philip Schaff (1819-1893) foi um teólogo germano-americano e historiador da igreja (mais informações, em inglês, no site www.ccel.org/ccel/schaff).



Fonte: History of the Christian Church (versão completa no site www.ccel.org)

Tradução: Rodrigo Reis de Faria (04/08/16)

sábado, 21 de novembro de 2015

Wilhelm Schmidt e a Origem da Religião

Greg Hanington


Diversos autores modernos que estudam e comparam religiões têm oferecido explicações sobre como as fés surgiram. Muitos desses estudiosos se formaram em universidades que aceitavam a evolução como um fato histórico e científico. Consequentemente, eles vêem a fé religiosa dentro de um arcabouço evolutivo. Muitos deles concordariam com o biólogo evolucionista britânico Julian Huxley (apesar de que provavelmente o considerariam insensível e um tanto rude), quando disse que “os deuses são fenômenos periféricos produzidos pela evolução”, querendo dizer simplesmente que o homem havia inventado a ideia de Deus em um tempo remoto, quando era mais primitivo e supersticioso.

Ninian Smart, em The Religious Experience of Mankind, exemplifica esta visão quando diz: “Tampouco podemos saber como o homem experimentou pela primeira vez o sagrado. Pode ser que os homens, tornando-se conscientes de si mesmos pelo poder da fala, e descobrindo sua capacidade de mudar o mundo ... também tivessem um senso de arrebatamento do mundo natural à sua volta”.[1] A maioria dos modernos estudiosos das religiões possuem este preconceito evolutivo.

Contudo, nem todos os estudiosos chegaram a esta conclusão. Um em particular, o rev. Wilhelm Schmidt, nos deu um livro precioso intitulado The Origin and Growth of Religion, que possui como tese fundamental o conceito de uma fé monoteísta sendo a primeira religião praticada pelos homens.

Schmidt apresenta muitos argumentos fortes, demonstrando a crença original em um único Deus, e revela as impropriedades das teorias que, em geral, são evolutivas. Ele explica que os evolucionistas frequentemente não possuem quase nenhuma evidência para suas teorias, ou usam apenas evidências seletivas em apoio às suas opiniões. Teorias como o animismo, o culto dos espíritos, o totemisto e a magia sendo a origem da crença humana em Deus são todas refutadas, e isto é feito pela referência constante à evidência encontrada a partir de estudos com povos primitivos.

Por exemplo, ao discutir as falhas da teoria da magia como sendo a fonte da religião, Schmidt diz: “Mas a maneira como o problema tem sido tratado até agora por evolucionistas muito inocentes quanto à pesquisa histórica envolvia, contudo, outro defeito grave, de que a investigação histórica pôde se livrar”.[2]


A Evolução impedia a pesquisa


Comentando sobre um escritor, Levy Bruhl, Schmidt afirma que, devido à sua falta de pesquisa histórica, “ele se perde em uma frenética confusão equiparada apenas à dos escritos dos evolucionistas mais antigos”.[3] Ele afirma que a teoria evolucionista na verdade impediu a pesquisa sobre a origem da religião. Os criacionistas modernos deveriam se familiarizar com o trabalho de Schmidt, pois oferece um estudo detalhado das teorias da religião e demonstra por meio de análise de evidências que os homens começaram crendo em um único Deus, e este culto, a partir de então, foi corrompido.

Em apoio a esta tese do monoteísmo primitivo, Schmidt observa as idéias presentes nas culturas primitivas, como as dos índios norte-americanos, dos aborígines australianos e de muitas tribos africanas. Ele explica claramente seus métodos de pesquisa histórica e fornece evidência do único Deus Supremo tendo atributos idênticos às características de Deus tal como descritas na Bíblia. O Deus Supremo é descrito como eterno, onisciente, compassivo, justo e onipotente. Na maioria das culturas ele é o grande Criador. É digno de nota que, em algumas tribos, seu nome é simplesmente “eterno”, o que é idêntico ao nome de Deus no Antigo Testamento; Yahweh é derivado do infinitivo hebraico “ser”; em outras palavras, Deus sempre “é”. Esta é uma grande similaridade.


Respeito recebido pelos estudiosos da evolução


Embora o livro de Schmidt tenha sido publicado 60 anos atrás, ele ainda recebe o respeito de estudiosos que possuem um preconceito evolucionista, em razão da qualidade de sua pesquisa. Estes consideram as evidências bastante convincentes, mas não concordam abertamente com Schmidt, porque aceitaram a história evolucionista do homem.

Existem muitos fatos interessantes em The Origin and Growth of Religion, além da tese principal. Uma revelação é de que Herbert Spencer, que aplicou a teoria darwinista à sociedade e cunhou a frase “sobrevivência dos mais aptos”, já possuía uma visão evolutiva da vida algum tempo antes de Darwin. Sete anos antes da publicação da Origem das Espécies de Darwin, em 1859, e das supostas evidências científicas da evolução, as quais são, na verdade, apenas a verdade parcial da seleção natural, Spencer escrevia como um evolucionista. Seu trabalho foi recebido por aqueles que estudavam filosofia e por estudantes de sociologia.[4]

Outra informação importante é a falta de aceitação da pesquisa do historiador escocês, Andrew Lang, sobre o monoteísmo primitivo.

Lang foi um brilhante ensaísta e um talentoso estudioso. Sua pesquisa levou-o a rejeitar as idéias correntes sobre a origem da religião, e a propor que o homem primitivo acreditava em um único Deus. Isto foi na virada do século. Suas idéias foram recebidas, basicamente, com silêncio, embora idéias mais especulativas fossem aceitas. Ele escreveu que, “assim como outros mártires da ciência, devo esperar ser considerado ... companheiro de uma só ideia, e uma ideia errada. Ressentir-se com isto mostraria uma grande falta de humor, e uma total falta de conhecimento da natureza humana”. Isto se assemelha aos comentários feitos por Hoyle e Wickramasinghe, que rejeitam a evolução darwinista em Evolution from Space e dizem que ninguém lhes disse para pararem de falar absurdos, mas “antes, nossos escritos foram recebidos com uma parede de silêncio”.[5]

O livro de Schmidt é digno de exame por qualquer um que se interesse pela origem da religião. Foi publicado pela primeira vez em 1931, e traduzido do alemão por H.J. Rose.



Referências

1. Ninian Smart, The Religious Experience of Mankind, Collins, Glascow, p. 78, 1978.

2. Wilhelm Schmidt, The Origin and Growth of Religion, Cooper Square, New York, p. 158, 1971.

3. Ibid., p. 133.

4. Ibid., p. 63.

5. Fred Hoyle e Chandra Wickramasinghe, Evolution from Space, Paladin, London, p. 30, 1983.




Fonte: Answers in Genesis (http://www.answersingenesis.org)

Tradução: Rodrigo Reis de Faria (29/06/2011)

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Criticismo Histórico e a Bíblia

Michael Gleghorn
O Que é Criticismo Histórico?
Ao longo da história do Cristianismo, estudantes da Bíblia têm usado muitos métodos diferentes para interpretar o texto. Mas, desde o Iluminismo, um método particular (ou melhor, uma família de métodos) tem sido muito influente, especialmente na Academia.(1) Estou falando do que é muitas vezes chamado de criticismo histórico, ou método crítico-histórico de interpretação bíblica.
Então, o que é criticismo histórico, você pergunta. Embora o termo seja usado em diferentes sentidos, aqui eu o usarei para se referir a um método de interpretação que procura ler a Bíblia como um documento puramente humano do passado distante. Em outras palavras, o método crítico-histórico tipicamente não considera a Bíblia como divinamente inspirada. Ela é meramente um livro humano, como qualquer outro, e assim deve ser lida como qualquer outro livro.(2)
No passado (e, até certo ponto, hoje em dia também) os estudiosos gostavam de descrever este método como sendo de caráter "científico", capaz de obter resultados interpretativos "seguros" e "objetivos". Mas os críticos contam uma história diferente. Por exemplo, Eta Linnemann, que antes da sua conversão ao Cristianismo era um acadêmico e patrocinador muito respeitado do criticismo histórico, afirma que, na prática, o assim chamado caráter "científico" deste método está baseado em uma suposição a priori do naturalismo, talvez até do ateísmo. Como Linnemann observa, "a pesquisa é conduzida ... como se não existisse Deus".(3)
Outro crítico deste método é o famoso filósofo cristão Alvin Plantinga. Após repassar certos princípios de investigação histórica que muitos críticos históricos apoiariam, Plantinga nota que estes princípios são entendidos como se "impedissem" o envolvimento direto de Deus no mundo.(4) Por causa disto, ele nota, tais princípios "implicam que Deus na verdade não inspirou especialmente nenhum autor humano de um modo tal que aquilo que escreveram fosse realmente um discurso divino dirigido a nós; nem ... realizou milagres de qualquer outro tipo".(5)

Como tenho certeza de que você pode ver, ao menos alguns dos resultados deste método ocorrem simplesmente por causa das suposições que o intérprete traz para o texto. O problema, porém, é que as suposições são enviesadas contra o Cristianismo e em favor do naturalismo. Devemos, então, pensar mais criticamente a respeito do método crítico-histórico. Mas, primeiro, precisamos de um pouco de contexto sobre como e quando este método se originou.
As Origens do Criticismo Histórico
Embora muitos estudiosos tenham ajudado a desenvolver o método crítico-histórico, Johann Salomo Semler, um teólogo do século dezoito, é em grande parte considerado como seu "pai".(6) Semler estava primariamente interessado em "trabalho crítico" sobre o cânon dos escritos bíblicos.(7) Para os nossos propósitos, o "cânon" pode ser simplesmente considerado como os livros do Antigo e Novo Testamentos. A Igreja considera estes livros como a Palavra divinamente inspirada de Deus e, por isso, completamente peremptória para a fé e prática cristã.
Semler, porém, considerava estes livros (especialmente os do Antigo Testamento) como sendo em grande parte de mero interesse histórico. Eles poderiam nos dar alguma informação interessante sobre a religião do antigo Israel ou (no caso do Novo Testamento) as crenças da igreja primitiva, mas não podiam ser considerados, ao menos em sua inteireza, como a Palavra de Deus divinamente inspirada.(8) Por isso, Semler foi levado a fazer uma distinção entre "as Escrituras e a Palavra de Deus".(9) Embora a Igreja sempre tivesse considerado as Escrituras como sendo a Palavra de Deus, Semler fez uma distinção entre elas. Em sua opinião, "alguns livros pertencem à Bíblia por decisões históricas de tempos passados, mas não tornam sábio para a salvação".(10) Livros desta natureza, ele raciocinava, ainda podem ser chamados de "Escritura" (pois fazem parte do cânon bíblico), mas não são a Palavra de Deus (pois, em sua visão, não são divinamente inspirados).
Embora o criticismo histórico continuasse a se desenvolver depois de Semler, é fácil ver por que muitos o consideram como o "pai" deste método. Em seu próprio estudo da Bíblia, Semler geralmente desprezava qualquer reivindicação que ela ou a igreja pudessem fazer a respeito da sua inspiração e autoridade divina, e procurava, ao invés disso, ler a Bíblia como qualquer outro livro. Na opinião do teólogo Gerhard Maier, é "a aceitação geral" da visão de Semler que "afundou a teologia em uma interminável cadeia de perplexidades e contradições internas".(11) Antes de examinarmos essas dificuldades, porém, devemos considerar primeiro por que tantos estudiosos dão valor ao método crítico-histórico.
Alguns Benefícios Propostos do Criticismo Histórico
Para começar, virtualmente todos concordam que, quando você está tentando entender um livro da Bíblia, pode ser útil saber algo a respeito da origem do livro. Quem foi o autor? Quando ele viveu? Que tipo de coisas estavam acontecendo no tempo em que o livro foi escrito? O autor foi influenciado por alguma destas coisas, ou tentou responder a elas de algum modo? Para quem ele estava escrevendo? Como poderiam tê-lo compreendido? Responder a tais perguntas muitas vezes pode esclarecer o que o autor estaria tentando comunicar em seu livro. Os críticos históricos estão certos em ver isto como parte importante do entendimento dos livros da Bíblia. E quase todo mundo está de acordo neste ponto.(12)
Mais controversos seriam os princípios de investigação histórica originalmente propostos por Ernst Troeltsch em um ensaio escrito em 1898.(13) Estes princípios ainda são geralmente abraçados (embora com algumas modificações) por críticos históricos modernos.(14) Em poucas palavras, Troeltsch propunha três princípios que podem ser simplesmente chamados de princípios de criticismo, analogia e correlação.(15) Embora não haja uma concordância universal sobre como esses princípios deveriam ser usados na prática real da pesquisa histórica, os estudiosos crítico-históricos geralmente têm considerado esses princípios como guias úteis para avaliar criticamente o que está escrito na Bíblia, em seu esforço de determinar o que realmente aconteceu. Este é considerado um grande benefício do criticismo histórico. Pois, antes de simplesmente aceitar acriticamente as reivindicações de um autor bíblico, os princípios de Troeltsch fornecem algum auxílio em avaliar criticamente esses relatos a fim de se definir sua credibilidade.(16)
Agora, em certo sentido isto é recomendável, pois é bom buscar a verdade sobre o que a Bíblia está tentando nos ensinar. Mas há um problema sobre como esses princípios são tipicamente entedidos pelos estudiosos crítico-históricos. Como o filósofo cristão Alvin Plantinga nos lembra, esses estudiosos geralmente tomam esses princípios à exclusão de qualquer "ação divina direta no mundo".(17) Ou seja, tais princípios nos proíbem de crer que Deus tenha intervindo diretamente no mundo que Ele criou. E, para os cristãos, isto representa uma verdadeira dificuldade com o criticismo histórico.
Alguns Problemas com o Criticismo Histórico
De acordo com os estudiosos cristãos Norman Geisler e William Nix, um problema fundamental com o criticismo histórico é que "ele se baseia em um viés anti-sobrenatural injustificado, que se sobrepõe aos documentos bíblicos".(18) Isto pode ser visto facilmente ao se examinar algumas das coisas que têm sido escritas por proponentes e advogados deste método.
Por exemplo, Rudolf Bultmann, que estava interessado em "desmitologizar" o Novo Testamento, escreveu suas famosas palavras: "É impossível usar energia elétrica... e nos valermos das descobertas médicas modernas... e ao mesmo tempo crer no mundo de espíritos e milagres do Novo Testamento".(19) Semelhantemente, outro teólogo escreveu que o que quer que os autores bíblicos possam ter crido sobre tais coisas, "nós cremos que o povo bíblico viveu no mesmo" mundo que nós, ou seja, "um mundo que não transpirava maravilhas divinas, e em que nenhuma voz divina era ouvida".(20)
Agora, se perguntarmos a esses estudiosos por que devemos pensar que milagres são inacreditáveis ou impossíveis, geralmente notaremos bem rápido que as respostas são muitas vezes breves em argumentos e longas em suposições. Ou seja, tais estudiosos tipicamente apenas assumem que Deus não está diretamente envolvido no mundo, e que milagres nunca acontecem. Mas, se um Criador pessoal do universo existe (e existem bons motivos para pensar que sim), então, por que deveríamos simplesmente assumir que Ele nunca interviria diretamente no mundo que criou? Tal intervenção dificilmente pareceria impossível. E, se produzisse um efeito que não aconteceria, caso a natureza fosse deixada sozinha, então, isto poderia com muita propriedade ser considerado um milagre.
Assim, parece-me que, se um Deus pessoal existe, então, milagres são possíveis. E, se milagres são possíveis, então, não é nada mais do que "um preconceito anti-sobrenatural e injustificado" (como Geisler e Nix afirmam) simplesmente assumir que os relatos de milagres da Bíblia são todos falsos e inacreditáveis. E, visto que o criticismo histórico da Bíblia muitas vezes começa com essa suposição, parece que oferece um método inadequado para ler corretamente a Bíblia.
Uma Alternativa ao Criticismo Histórico
Tendo examinado alguns problemas com o criticismo histórico, podemos agora considerar uma alternativa preferível, a saber, a interpretação teológica.(21)
Então, o que é a interpretação teológica? Do modo como estou usando o termo aqui, é um método de ler a Bíblia como um cristão, com o propósito "de conhecer a Deus e de ser formado para a piedade".(22) A interpretação teológica exige uma explicação sóbria e séria do que o Cristianismo é, acredita e ensina. Ela procura, então, ler e interpretar a Bíblia como "uma palavra de Deus sobre Deus".(23)
É um modo radicalmente diferente de ler a Bíblia daquele praticado pelos críticos históricos. É claro que, como o teólogo Russell Reno nos lembra, "obviamente existe uma dimensão histórica" para a verdade encontrada na Bíblia. "Contudo", continua, "ser cristão é crer que a verdade encontrada na Bíblia é exatamente a mesma verdade que adentramos por meio do batismo, a mesma verdade que confessamos em nossos credos, a mesma verdade que recebemos no pão e vinho da Eucaristia".(24)
Mas o criticismo histórico procura ler a Bíblia do mesmo modo que alguém leria qualquer outro livro do mundo antigo. Ele assume que a Bíblia é meramente um livro humano. O único modo de entender realmente um livro da Bíblia, então, é tentar entender como se originou e o que o autor original estava tentando dizer.
A interpretação teológica, por outro lado, não vê a Bíblia como um livro meramente humano. É claro que ela percebe que cada um dos livros bíblicos tem um autor humano. Mas ela também insiste, juntamente com o ensino consensual da comunidade cristã, que cada um destes livros também tem um autor divino.(25) Assim, ela vê a Bíblia como um documento divinamente inspirado.
Será este um modo legítimo de ler a Bíblia? Alvin Plantinga escreveu extensamente sobre a teoria do conhecimento.(26) De acordo com ele, o estudioso bíblico que também é cristão "tem o pleno direito de assumir a crença cristã ao seguir suas investigações". Fazer isto, diz ele, é tão legítimo como assumir os princípios do criticismo histórico.(27) Na verdade, para o cristão é indiscutivelmente melhor – pois permite que leiamos a Bíblia em continuidade com a tradição e a fé que professamos e cremos.
Uma Alternativa ao Criticismo Histórico
Tendo examinado alguns problemas com o criticismo histórico, podemos agora considerar uma alternativa preferível, a saber, a interpretação teológica.(21)
Então, o que é a interpretação teológica? Do modo como estou usando o termo aqui, é um método de ler a Bíblia como um cristão, com o propósito "de conhecer a Deus e de ser formado para a piedade".(22) A interpretação teológica exige uma explicação sóbria e séria do que o Cristianismo é, acredita e ensina. Ela procura, então, ler e interpretar a Bíblia como "uma palavra de Deus sobre Deus".(23)
É um modo radicalmente diferente de ler a Bíblia daquele praticado pelos críticos históricos. É claro que, como o teólogo Russell Reno nos lembra, "obviamente existe uma dimensão histórica" para a verdade encontrada na Bíblia. "Contudo", continua, "ser cristão é crer que a verdade encontrada na Bíblia é exatamente a mesma verdade que adentramos por meio do batismo, a mesma verdade que confessamos em nossos credos, a mesma verdade que recebemos no pão e vinho da Eucaristia".(24)
Mas o criticismo histórico procura ler a Bíblia do mesmo modo que alguém leria qualquer outro livro do mundo antigo. Ele assume que a Bíblia é meramente um livro humano. O único modo de entender realmente um livro da Bíblia, então, é tentar entender como se originou e o que o autor original estava tentando dizer.
A interpretação teológica, por outro lado, não vê a Bíblia como um livro meramente humano. É claro que ela percebe que cada um dos livros bíblicos tem um autor humano. Mas ela também insiste, juntamente com o ensino consensual da comunidade cristã, que cada um destes livros também tem um autor divino.(25) Assim, ela vê a Bíblia como um documento divinamente inspirado.
Será este um modo legítimo de ler a Bíblia? Alvin Plantinga escreveu extensamente sobre a teoria do conhecimento.(26) De acordo com ele, o estudioso bíblico que também é cristão "tem o pleno direito de assumir a crença cristã ao seguir suas investigações". Fazer isto, diz ele, é tão legítimo como assumir os princípios do criticismo histórico.(27) Na verdade, para o cristão é indiscutivelmente melhor – pois permite que leiamos a Bíblia em continuidade com a tradição e a fé que professamos e cremos.
Notas
1. Gregory Dawes, por exemplo, nota que tanto o criticismo da forma como o criticismo da redação cairiam sob o guarda-chuva do criticismo histórico. Veja Gregory Dawes, "'A Certain Similarity to the Devil': Historical Criticism and Christian Faith," in Interdisciplinary Perspectives on the Authority of Scripture: Historical, Biblical, and Theoretical Perspectives, ed. Carlos R. Bovell (Eugene, OR: Pickwick Publications, 2011), 354.
2. Benjamin Jowett, "On the Interpretation of Scripture," in Josephine M. Guy, The Victorian Age: An Anthology of Sources and Documents. n.p.: Routledge, 1998. eBook Collection (EBSCOhost), EBSCOhost (accessed February 9, 2013), 295.
3. Veja Eta Linnemann, Historical Criticism of the Bible: Methodology or Ideology? trans., Robert Yarbrough (Grand Rapids: Kregel, 2001), 84.
4. Alvin Plantinga, "Two (or More) Kinds of Scripture Scholarship," in "Behind" the Text: History and Biblical Interpretation, edited by Craig Bartholomew, C. Stephan Evans, Mary Healy and Murray Rae (Grand Rapids: Zondervan, 2003), 33.
5. Ibid.
6. James C. Livingston, Modern Christian Thought: The Enlightenment and the Nineteenth Century, 2nd ed. (Minneapolis: Fortress Press, 2006), 29.
7. Ibid.
8. Peter Stuhlmacher, Historical Criticism and Theological Interpretation of Scripture: Toward a Hermeneutics of Consent (Philadelphia: Fortress Press, 1977), 38-40.
9. Edgar Krentz, The Historical-Critical Method (Eugene, OR: Wipf and Stock, 2002), 19.
10. Ibid.
11. A primeira sentença do livro de Maier declara: "A aceitação geral do conceito básico de Semler de que a Bíblia deve ser tratada como qualquer outro livro afundou a teologia em uma corrente de perplexidades e contradições internas sem fim". Veja Gerhard Maier, The End of the Historical-Critical Method, trans., Edwin W. Leverenz and Rudolph F. Norden (Eugene, OR: Wipf and Stock, 2001), 11.
12. Plantinga, fazendo eco à linguagem de Robert Gordon, admite que poderíamos nos referir à tentativa de responder a tais questionamentos como uma forma "autorizada" de criticismo bíblico histórico. Veja Alvin Plantinga, "Reason and Scripture Scholarship: A Response to Robert Gordon and Craig Bartholomew," in "Behind" the Text, 94.
13. Para os interessados neste ensaio, vejam Ernst Troeltsch, "Historical and Dogmatic Method in Theology (1898)," trans. E. Fischoff, rev. W. Bense in Religion in History-Ernst Troeltsch: Essays, trans. J. L. Adams and W. F. Bense (Edinburgh: T. & T. Clark, 1991).
14. Edgar Krentz declara: "Os historiadores contemporâneos usam os três princípios de Troeltsch, mas com significativas modificações" (The Historical-Critical Method, 56). Contudo, não parece necessário qualificar as modificações dos princípios de Troeltsch por estudiosos crítico-históricos praticantes com o adjetivo "significativas", pois (até certo ponto, na minha opinião) eles são geralmente mais severos ao avaliar criticamente as fontes com que estão lidando do que o historiador mediano é com as suas.
15. Para duas discussões muito úteis dos princípios de Troeltsch, veja a discussão de Alvin Plantinga sobre o "Troeltschian HBC" in "Two (or More) Kinds of Scripture Scholarship," in "Behind" the Text, 31-35, bem como a discussão de Gregory Dawes in "'A Certain Similarity to the Devil': Historical Criticism and Christian Faith," in Interdisciplinary Perspectives on the Authority of Scripture, 358-70. Embora Plantinga e Dawes cheguem a conclusões diferentes sobre se e como os princípios de Troeltsch podem ser legitimamente empregados, vale muito a pena ler ambas as discussões.
16. Stuhlmacher, Historical Criticism and Theological Interpretation of Scripture, 45.
17. Alvin Plantinga, "Two (or More) Kinds of Scripture Scholarship," in "Behind" the Text, 33.
18. Norman L. Geisler and William E. Nix, A General Introduction to the Bible: Revised and Expanded (Chicago: Moody Press, 1986), 440.
19. Rudolf Bultmann, "New Testament and Mythology," in Kerygma and Myth, editado by Hans Werner Bartsch (New York: Harper and Row, 1961), 5.
20. Langdon Gilkey, "Cosmology, Ontology, and the Travail of Biblical Language," reprinted in Owen C. Thomas, ed., God's Activity in the World: the Contemporary Problem (Chico, CA: Scholar's Press, 1983), 31; citado in Alvin Plantinga, "Two (or More) Kinds of Scripture Scholarship," in "Behind" the Text, 34.
21. Kevin Vanhoozer define "interpretação teológica" como "o processo de manter as práticas canônicas vivas e bem na comunidade dos crentes". Um pouco mais adiante, ele descreve uma "prática canônica" como um "uso divinamente autorizado da linguagem e literatura, que, quando aprendida, apresenta e forma a Cristo". Como exemplos de "prática canônica", ele discute, primeiro, a interpretação tipológica, ou cristológica, do Antigo Testamento à luz da pessoa e obra de Jesus Cristo e, em segundo lugar, a oração. Ele conclui sua discussão notando: "os cristãos aprendem a falar sobre, a pensar sobre, e a viver para Deus interiorizando as diversas práticas canônicas que abrangem as Escrituras. Participando de tais práticas – interpretando figurativamente, orando ao Pai, e assim por diante – os cristãos crescem na fé para o entendimento". Isto, ao meu ver, é um modo útil de explanar, em maiores detalhes, tudo o que está envolvido no conceito e prática da "interpretação teológica" da Escritura. Veja Kevin Vanhoozer, The Drama of Doctrine: A Canonical-Linguistic Approach to Christian Theology (Louisville, KY: Westminster John Knox Press, 2005), 219-226. As citações desta nota são das pp. 219 e 226.
22. Kevin J. Vanhoozer, "Introduction," in Dictionary for Theological Interpretation of the Bible, edited by Kevin J. Vanhoozer, Craig G. Bartholomew, Daniel J. Treier, and N. T. Wright (Grand Rapids: Baker Academic, 2005), 25.
23. Ibid., 23.
24. R. R. Reno, "A Richer Bible," First Things (August/September, 2010), 44.
25. Eu adoto esta linguagem de Thomas Oden que, em seu livro sobre Cristianismo Clássico, declara como sua intenção a apresentação do "ensino ecumênico consensual clássico" da igreja através da história. Veja Thomas Oden, Classic Christianity (New York: HarperCollins, 1992), xiii.
26. Veja, por exemplo, Alvin Plantinga, Warrant and Proper Function (Oxford, 1993), Warrant: The Current Debate (Oxford, 1993), and Warranted Christian Belief (Oxford, 2000).
27. Alvin Plantinga, "Reason and Scripture Scholarship: A Response to Robert Gordon and Craig Bartholomew," in "Behind" the Text, 99.

Fonte: Probe Ministries (www.probe.org)
Tradução: Rodrigo Reis de Faria