Greg Hanington
Diversos autores modernos que estudam e comparam religiões têm oferecido explicações sobre como as fés surgiram. Muitos desses estudiosos se formaram em universidades que aceitavam a evolução como um fato histórico e científico. Consequentemente, eles vêem a fé religiosa dentro de um arcabouço evolutivo. Muitos deles concordariam com o biólogo evolucionista britânico Julian Huxley (apesar de que provavelmente o considerariam insensível e um tanto rude), quando disse que “os deuses são fenômenos periféricos produzidos pela evolução”, querendo dizer simplesmente que o homem havia inventado a ideia de Deus em um tempo remoto, quando era mais primitivo e supersticioso.
Ninian Smart, em The Religious Experience of Mankind, exemplifica esta visão quando diz: “Tampouco podemos saber como o homem experimentou pela primeira vez o sagrado. Pode ser que os homens, tornando-se conscientes de si mesmos pelo poder da fala, e descobrindo sua capacidade de mudar o mundo ... também tivessem um senso de arrebatamento do mundo natural à sua volta”.[1] A maioria dos modernos estudiosos das religiões possuem este preconceito evolutivo.
Contudo, nem todos os estudiosos chegaram a esta conclusão. Um em particular, o rev. Wilhelm Schmidt, nos deu um livro precioso intitulado The Origin and Growth of Religion, que possui como tese fundamental o conceito de uma fé monoteísta sendo a primeira religião praticada pelos homens.
Schmidt apresenta muitos argumentos fortes, demonstrando a crença original em um único Deus, e revela as impropriedades das teorias que, em geral, são evolutivas. Ele explica que os evolucionistas frequentemente não possuem quase nenhuma evidência para suas teorias, ou usam apenas evidências seletivas em apoio às suas opiniões. Teorias como o animismo, o culto dos espíritos, o totemisto e a magia sendo a origem da crença humana em Deus são todas refutadas, e isto é feito pela referência constante à evidência encontrada a partir de estudos com povos primitivos.
Por exemplo, ao discutir as falhas da teoria da magia como sendo a fonte da religião, Schmidt diz: “Mas a maneira como o problema tem sido tratado até agora por evolucionistas muito inocentes quanto à pesquisa histórica envolvia, contudo, outro defeito grave, de que a investigação histórica pôde se livrar”.[2]
A Evolução impedia a pesquisa
Comentando sobre um escritor, Levy Bruhl, Schmidt afirma que, devido à sua falta de pesquisa histórica, “ele se perde em uma frenética confusão equiparada apenas à dos escritos dos evolucionistas mais antigos”.[3] Ele afirma que a teoria evolucionista na verdade impediu a pesquisa sobre a origem da religião. Os criacionistas modernos deveriam se familiarizar com o trabalho de Schmidt, pois oferece um estudo detalhado das teorias da religião e demonstra por meio de análise de evidências que os homens começaram crendo em um único Deus, e este culto, a partir de então, foi corrompido.
Em apoio a esta tese do monoteísmo primitivo, Schmidt observa as idéias presentes nas culturas primitivas, como as dos índios norte-americanos, dos aborígines australianos e de muitas tribos africanas. Ele explica claramente seus métodos de pesquisa histórica e fornece evidência do único Deus Supremo tendo atributos idênticos às características de Deus tal como descritas na Bíblia. O Deus Supremo é descrito como eterno, onisciente, compassivo, justo e onipotente. Na maioria das culturas ele é o grande Criador. É digno de nota que, em algumas tribos, seu nome é simplesmente “eterno”, o que é idêntico ao nome de Deus no Antigo Testamento; Yahweh é derivado do infinitivo hebraico “ser”; em outras palavras, Deus sempre “é”. Esta é uma grande similaridade.
Respeito recebido pelos estudiosos da evolução
Embora o livro de Schmidt tenha sido publicado 60 anos atrás, ele ainda recebe o respeito de estudiosos que possuem um preconceito evolucionista, em razão da qualidade de sua pesquisa. Estes consideram as evidências bastante convincentes, mas não concordam abertamente com Schmidt, porque aceitaram a história evolucionista do homem.
Existem muitos fatos interessantes em The Origin and Growth of Religion, além da tese principal. Uma revelação é de que Herbert Spencer, que aplicou a teoria darwinista à sociedade e cunhou a frase “sobrevivência dos mais aptos”, já possuía uma visão evolutiva da vida algum tempo antes de Darwin. Sete anos antes da publicação da Origem das Espécies de Darwin, em 1859, e das supostas evidências científicas da evolução, as quais são, na verdade, apenas a verdade parcial da seleção natural, Spencer escrevia como um evolucionista. Seu trabalho foi recebido por aqueles que estudavam filosofia e por estudantes de sociologia.[4]
Outra informação importante é a falta de aceitação da pesquisa do historiador escocês, Andrew Lang, sobre o monoteísmo primitivo.
Lang foi um brilhante ensaísta e um talentoso estudioso. Sua pesquisa levou-o a rejeitar as idéias correntes sobre a origem da religião, e a propor que o homem primitivo acreditava em um único Deus. Isto foi na virada do século. Suas idéias foram recebidas, basicamente, com silêncio, embora idéias mais especulativas fossem aceitas. Ele escreveu que, “assim como outros mártires da ciência, devo esperar ser considerado ... companheiro de uma só ideia, e uma ideia errada. Ressentir-se com isto mostraria uma grande falta de humor, e uma total falta de conhecimento da natureza humana”. Isto se assemelha aos comentários feitos por Hoyle e Wickramasinghe, que rejeitam a evolução darwinista em Evolution from Space e dizem que ninguém lhes disse para pararem de falar absurdos, mas “antes, nossos escritos foram recebidos com uma parede de silêncio”.[5]
O livro de Schmidt é digno de exame por qualquer um que se interesse pela origem da religião. Foi publicado pela primeira vez em 1931, e traduzido do alemão por H.J. Rose.
Referências
1. Ninian Smart, The Religious Experience of Mankind, Collins, Glascow, p. 78, 1978.
2. Wilhelm Schmidt, The Origin and Growth of Religion, Cooper Square, New York, p. 158, 1971.
3. Ibid., p. 133.
4. Ibid., p. 63.
5. Fred Hoyle e Chandra Wickramasinghe, Evolution from Space, Paladin, London, p. 30, 1983.
Fonte: Answers in Genesis (http://www.answersingenesis.org)
Tradução: Rodrigo Reis de Faria (29/06/2011)
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