David Down
As pirâmides do Egito são estruturas
impressionantes e fascinam as pessoas até hoje. Existem ao todo cerca de 100
pirâmides, algumas apenas simbólicas e pequenas. Mas 17 delas são grandes
pirâmides, cujo tamanho e composição confundem a mente daqueles que as visitam.
Críticos usam as pirâmides para afirmar
que a Bíblia não pode estar correta. Eles dizem que as pirâmides foram
construídas muito antes do Dilúvio, portanto o Dilúvio deve ter sido apenas um
acontecimento local, e não global como diz a Bíblia. Caso contrário, as
pirâmides teriam sido soterradas sob grandes quantidades de sedimento.
O problema está na maneira como os
estudiosos modernos desenvolveram a sua cronologia do Egito. Maneto, um
sacerdote egípcio, deixou uma lista de reis e dinastias com a duração dos seus reinados,
e apesar de inscrições nas tumbas e templos fornecerem alguma informação
cronológica, o problema está em como interpretar essa informação. Com tão pouco
para trabalhar, os arqueólogos têm feito abundantes suposições. E os estudiosos
modernos desenvolveram uma extensa cronologia, compatível com a idéia de que os
humanos evoluíram ao longo de milhões de anos.
Tudo isso transformou essas maravilhas
do mundo antigo em um enigma. Se as primeiras sociedades humanas evoluíram a
partir de primitivos coletores-caçadores, como os artífices antigos poderiam
ter construído essas impressionantes estruturas? Se eles começaram sem
tecnologia ou organização social, por que essas incríveis proezas da engenharia
irromperam no mundo antigo? Alguns têm até questionado se a tecnologia não
teria sido fornecida por alienígenas.
Mas as pirâmides do Egito não são
enigma quando usamos a história bíblica como o nosso ponto de partida. De
acordo com a Bíblia, os primeiros colonizadores do Egito migraram a partir do
Rio Eufrates, local da Torre de Babel, onde as línguas foram confundidas após o
Dilúvio. A cronologia moderna do Egito é demasiadamente longa porque as
dinastias foram colocadas seqüencialmente, ao passo que foram, em maior ou
menor extensão, contemporâneas. Em outras palavras, os reinos foram
concorrentes entre si. Além disso, algumas dinastias podem simplesmente não ter
existido.
Parece que os primeiros colonizadores
do Egito descenderam de Mizraim, filho de Cam (Gênesis 10:6, 13). É por isso que, logo na primeira dinastia,
entra em cena um povo de cultura e habilidades que já possuia uma forma de
escrita.
Durante as duas primeiras dinastias, os
primeiros colonizadores não construíram pirâmides. Ao invés disso, os reis eram
enterrados em câmaras debaixo de edifícios construídos com tijolos de barro,
chamados mastabas. Contudo, na terceira dinastia, o Rei Zoser teve um vizir
(primeiro-ministro) chamado Imhotep, que usou blocos irregulares de pedra, em
lugar de tijolos, para construir a mastaba do rei. A seguir, acrescentou seis
níveis, formando a famosa Pirâmide em Degraus de Saqqara, na margem oeste do
Rio Nilo, a 20 quilômetros ao sul da moderna cidade do Cairo. Acredita-se que
esta seja a primeira pirâmide construída
no Egito.
Seneferu e filho
O maior construtor de pirâmides até
agora conhecido foi Seneferu, primeiro rei da quarta dinastia. A cerca de 40
quilômetros ao sul de Saqqara, em Meidum, ele construiu a primeira pirâmide com
o verdadeiro formato piramidal. Infelizmente, as pedras mais externas
desmoronaram, deixando apenas um “miolo” em formato piramidal.
Seneferu construiu outra pirâmide mais
próxima de Saqqara, em Dahshur. É conhecida como Pirâmide Romboidal, pois a
metade inferior se eleva num ângulo de 54 graus, bem mais íngreme que a metade
superior, que tem apenas 43 graus. Existem rachaduras em algumas pedras
inferiores, portanto, pode ser que os construtores de Seneferu temessem que a
pressão fosse muito grande e completaram a pirâmide em um ângulo mais seguro.
Esta evidência clara de experimento e fracasso é o que esperaríamos de seres
humanos inteligentes, mas falhos. Isto mostra como é absurda a idéia de que
alienígenas superiores as tenham construído.
Não satisfeito com esses imensos
monumentos, Seneferu construiu então a Pirâmide Vermelha, também em Dahshur.
Toda esta pirâmide está no ângulo inferior de 43 graus. Talvez esta fosse sua
última tentativa de ter uma pirâmide que não desmoronasse sobre ele depois que
fosse enterrado!
A
força de trabalho do faraó
Recentemente,
o arqueólogo Mark Lehner desenterrou o vilarejo onde os construtores de
pirâmides viviam. Ele descobriu uma padaria que estimou poderia ter produzido
pão diariamente para 20.000 trabalhadores. Ele também descobriu o cemitério
no qual os operários que morriam em trabalho eram enterrados. Alguns deles
até tinham ossos fraturados por esmagamento de pesos imensos, porém o uso de
talas e hábeis cuidados médicos haviam permitido que os ossos novamente se
unissem. Em outras palavras, existe abundante evidência para provar que as pirâmides
foram construidas por pessoas reais e não por homens de Marte ou astronautas
de uma civilização perdida. Não é motivo de surpresa se você pensar a partir
da Bíblia.
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O filho de Seneferu, Khufu (os historiadores
gregos chamavam-no Quéops) construiu a maior de todas as pirâmides, no Platô de
Gizé, ao norte de Saqqara e a 15 quilômetros ao oeste da moderna cidade do
Cairo. Ela tem 146 metros de altura e é conhecida como a Grande Pirâmide, e
empregou uma imensa força de trabalho (ver quadro sobre a força de trabalho do
Faraó).
Ao todo, ela contém mais ou menos três
milhões de imensos blocos de pedra, dos quais alguns pesam cerca de 15
toneladas. A câmara da tumba do rei está alinhada com imensos blocos de granito,
transportados Nilo abaixo desde Aswan, a 1.000 quilômetros ao sul do Cairo.
Eles pesam 30 toneladas cada, mas foram tão perfeitamente esquadrados que não é
possível passar entre eles um cartão postal. Como eles atingiram tal precisão é
motivo de grande admiração (ver quadro “Como as pedras foram colocadas em seu
lugar”).
Dinastias de pirâmides
O filho de Khufu, Djedefre, continuou a
tradição da família, e construiu uma pirâmide em Abu Roash, a poucos
quilômetros a noroeste de Gizé. Ou ela nunca foi acabada, ou ladrões de pedras
do local removeram a maior parte das pedras superiores.
Os dois reis seguintes da dinastia,
Khafre (gr. Quéfren) e Menkauré (gr. Miquerinos), construiram suas pirâmides novamente
no platô de Gizé. A pirâmide de Khafre é quase tão alta quanto a de Khufu, mas
possui um ângulo mais íngreme, portanto, foi necessário um número menor de
pedras.
Princesa egípcia Sobekneferu. Seria este o rosto da mulher
que tirou Moisés das águas, porque não tivera seu próprio filho? Alguns estudiosos
bíblicos acreditam que sim.
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Esta estátua do rei Zoser parece rude porque ladrões roubaram
os olhos originalmente embutidos e desfiguraram o rosto. Juntamente com seu
arquiteto, Imhotep, ele foi responsável pela primeira pirâmide.
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A pirâmide de Menkauré tem apenas um
quarto do tamanho das anteriormente citadas, mas as camadas inferiores foram
revestidas com blocos de granito de Aswan. O lado externo de alguns desses
blocos de granito não foi completado, por isso os arqueólogos consideram que os
blocos externos não foram cortados exatamente antes de serem colocados em seu
lugar. Mais provavelmente, foram postos em seu lugar e depois os pedreiros
começaram a trabalhar de cima para baixo, revestindo os blocos externos à
medida que desciam.
As pirâmides da quinta e sexta
dinastias foram trabalhos inferiores, feitas de alvenaria, mas revestidas com
belas pedras brancas. A maioria destas pedras foi roubada, deixando pilhas
desordenadas de escombros. Unas, o útimo rei da quinta dinastia, introduziu uma
nova característica nesse período. Ele mandou inscrever linhas verticais de
textos hieroglíficos em suas câmaras mortuárias. As pirâmides anteriores não
apresentavam nenhum texto original.
As dinastias sétima à décima, do
Primeiro Período Intermediário, têm sido tradicionalmente consideradas um tempo
de pobreza e confusão. Contudo, alguns estudiosos(1) sugerem que essas
dinastias não existiram, pelo menos como dinastias independentes — outro motivo
por que a cronologia egípcia tradicionalmente aceita precisa ser abreviada.
Pirâmides de tijolos de barro
As pirâmides seguintes compreendem o
assim chamado Reino Médio, um período de poder e afluência. Com a cronologia egípcia
abreviada, advogada por alguns estudiosos,(1) José e depois Jacó e sua família
podem muito bem ter chegado ao Egito durante a 12ª. dinastia, e Moisés pode ter
nascido antes que a dinastia acabasse.
Os
registros bíblicos
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A pirâmide de tijolos de barro de Amenemhet III.
Ele pode ter sido o faraó que reinou durante o tempo em que Moisés esteve na
casa do rei.
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Tijolo de barro misturado com palha – talvez como aqueles
que os israelitas faziam (Êxodo 1:14; 5:7-19).
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A maioria das pirâmides construídas
nessa dinastia foram feitas com milhões de grandes tijolos de barro secos ao
sol. A seguir, a estrutura era revestida com pedras polidas para dar a
aparência de uma verdadeira pirâmide de pedra. Contudo, as pedras foram
roubadas há muito tempo, restando apenas uma imensa pilha de tijolos de barro.
O historiador judeu Flávio Josefo
escreveu a respeito dos escravos israelitas no Egito: “Eles [os capatazes
egípcios] colocaram-nos também para construir pirâmides.”(2) A maioria dos
arqueólogos rejeita esta declaração com base em que toda a construção de
pirâmides havia terminado antes de os israelitas chegarem ao Egito.
Contudo, pela cronologia abreviada, as
datas das primeiras dinastias seria reduzida, e os israelitas teriam estado no
Egito durante a 12ª. dinastia. Isto também estaria em harmonia com o tipo de
pirâmides evidentes nesse período, ou seja, de tijolos de barro. De acordo com Êxodo 5:7, o Faraó disse aos
capatazes: “Não mais dareis ao povo palha para fazerem tijolos como antes.
Deixai-os ir e recolher palha por si mesmos.” Parece que foi os arqueólogos
erraram, ao invés de Josefo.
Existe também evidência de que havia
escravos asiáticos (povos da Síria ou da Palestina) no Egito durante essa
dinastia. Dr. Rosalie David, em seu livro The Pyramid Builders of Ancient
Egypt, escreveu: “É evidente que os asiáticos estavam presentes na cidade
em certas quantidades, e isto pode ter refletido a situação em toda a parte no
Egito ... Sua pátria exata na Síria ou na Palestina não pode ser determinada
... o motivo de sua presença no Egito continua incerto.”(3) Mas não é incerto
quando partimos da Bíblia.
Mumificação
As pessoas geralmente associam
o Egito às múmias. A aridez do clima preservou os corpos enterrados em
buracos rasos de areia, como na imagem abaixo.
Os
egípcios intencionalmente mumificavam seus mortos desde o princípio da sua história.
O processo era dispendioso e geralmente só os governantes ou a nobreza podiam
custeá-lo.
Os passos envolvidos levavam aproximadamente
70 dias e exigiam a remoção de toda a umidade do corpo, para que a forma seca
não se corrompesse facilmente. Finalmente, após todos os órgãos terem sido
removidos, o corpo sofria vários tratamentos e era envolvido em bandagens de
linho de até cem metros de comprimento.
Assim como muitas sociedades pagãs,
os egípcios antigos não seguiam o verdadeiro Deus Criador da Bíblia. Eles
criam que a preservação de seus corpos tal como em vida de algum modo lhes garantiria
a vida eterna.
Construir seus monumentos colossais em pedra era visto como construir
para a eternidade.
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Sir Flinders Petrie e Rosalie David não
puderam entender o motivo da presença deles no Egito porque se apegaram às
datas tradicionais para a 12ª. dinastia, que eram de 1990 a 1785 a.C., ao passo
que as datas bíblicas para a presença israelita no Egito era de aproximadamente 1660 a 1445 a.C. (1 Reis 6:1).
É significativo que esses escravos
desapareceram repentinamente, e os arqueólogos tradicionais não sabem o porquê.
Não é normal escravos de repente irem embora em massa, mas Dr. David
escreveu: “Existem diferentes opiniões sobre como este período de ocupação em
Kahun chegou a um fim ... A quantidade, variedade e tipo de artigos de uso
cotidiano deixados para trás nas casas pode realmente sugerir que a partida foi
repentina e não premeditada.”(4)
Todos esses problemas desaparecem
quando começamos com a história e cronologia confiáveis da Bíblia.
A última grande pirâmide
A última das grandes pirâmides do Egito
foi construída por Amenemhet III em Hawarra, a 100 quilômetros ao sul da
moderna cidade do Cairo. Este Faraó poderia muito bem ter sido o pai adotivo de
Moisés.
Sua filha, Sobekneferu, foi o último
governante dessa dinastia, e ela não teve nenhum filho para sucedê-la. Esta
poderia muito bem ter sido a filha do Faraó que “desceu a lavar-se no rio” (Êxodo 2:5). Isto não foi porque não
tivesse nenhum banheiro no palácio real. Mais provavelmente, ela deve ter ido
ali para orar ao deus do Nilo e da fertilidade, Hapi, pedindo um bebê. Quando o
cesto contendo o bebê Moisés chamou a sua atenção, ela poderia ter considerado
isto uma resposta à sua oração.
Mas quando Moisés fez 40 anos de idade,
ele mostrou sua simpatia pelos escravos israelitas, matando um de seus
opressores. Quando isto chegou ao conhecimento do Faraó, Moisés precisou fugir
para a terra distante de Midiã. Por isso, quando Sobekneferu morreu, a dinastia
chegou ao fim. Então, 40 anos depois da fuga de Moisés, Deus lhe disse: “todos
os que procuravam a tua vida estão mortos” (Êxodo 4:19). Ele voltou ao Egito e confrontou um dos faraós da 13ª
dinastia, provavelmente Neferhotep I, cuja múmia ou local de sepultamento nunca
foram encontrados.
Quando consideramos a história e
cronologia da Bíblia tais como escritas, vemos que elas explicam notavemente a
evidência arqueológica. Os construtores de pirâmides não foram homens que
evoluíram a partir de animais ao longo de milhões de anos. Ao invés disso, eles
fizeram parte de uma avançada civilização que construiu uma imponente torre, que
se elevava nas planícies da Babilônia (Gênesis
11); um povo descendente de uma família que desembarcou de uma Arca de
15.000 toneladas (Gênesis 6 a 8).
Ainda não sabemos exatamente como eles realizaram todos os seus feitos de
engenharia no Egito antigo, mas podemos ter a certeza de que um povo que estava
a menos de 30 gerações de Adão possuía incríveis habilidades intelectuais.
Como as pedras foram colocadas em seu lugar?
Existem várias teorias que explicam como os blocos das imensas
pirâmides do Egito foram colocados em seu lugar. Não há necessidade de
teorias misteriosas ou de tecnologia da era espacial.
As pedras poderiam ter sido arrastadas por uma rampa. Contudo,
essa rampa precisaria se estender por centenas de metros e conteria uma
quantidade imensa de tijolos ou pedregulho. Uma idéia alternativa é a de uma
rampa espiral envolvendo a pirâmide, à medida que esta aumentava a sua
altura. Dr. Zahi Hawass, destacado arqueólogo do Egito, concluiu que poderia
ter sido uma combinação das duas.
Na verdade, as camadas inferiores não são problema. A plataforma
sobre a qual a pirâmide está construída foi escavada no leito rochoso e está
abaixo do nível do solo, portanto os blocos poderiam ter sido cortados a
partir dessa depressão. À medida que aumentava a altura, os blocos ficavam
menores, de forma que não teria sido muito difícil levá-los para cima, embora
ainda fosse uma tarefa formidável.
Nenhum arqueólogo qualificado aceita que as pedras tenham sido
“despejadas” como concreto. O fato de que em muitos lugares reboco à base de
cal tenha sido usado como argamassa para unir as pedras torna óbvio que eram pedras
cavoucadas. A maioria das pedras foram cortadas a partir de um imenso bloco a
aproximadamente 500 metros da pirâmide. Cortes quadrados nos lados desse
bloco revelam de onde as pedras vieram.
Os primeiros egípcios não usavam a roda, a qual teria sido
inútil sobre o platô arenoso no qual as pirâmides foram construídas. Ao invés
disso, eles usavam trenós, e o trajeto ao longo do qual os blocos foram
puxados pode ser traçado.
Assim, embora a tecnologia seja perfeitamente compreensível,
ainda temos grande admiração pela habilidade que os construtores demonstraram
ao levar essas imensas pedras até o seu lugar com uma simetria tão precisa.
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Referências
1.
James, P., Centuries of Darkness: A Challenge to the Conventional Chronology
of Old World Archaeology, Cape, London, 1991; também Down, D., Searching for Moses, TJ 15(1):53–57, 2001.
2.
Josephus, F., Antiquities of the Jews, II-IX-1.
3.
David, A.R., The Pyramid Builders of Ancient Egypt: A modern investigation
of Pharaoh’s workforce, Guild Publishing, London, p. 191, 1986.
4. Ref.
3, p. 199.
Fonte: Answers
in Genesis (http://www.answersingenesis.org)
Tradução:
Rodrigo Reis de Faria (rodrigoreisdefaria@gmail.com)