terça-feira, 2 de julho de 2013

Justino Mártir: Defensor da Igreja

Rick Wade


A Conversão e os Escritos de Justino

Em um artigo anterior, falei sobre as perseguições que os cristãos sofreram na igreja primitiva.(1) Uma das características surpreendentes dos cristãos perseguidos era a coragem que demonstravam a caminho da execução. De fato, somos informados por um convertido do começo do segundo século que esta coragem foi um dos fatores que o fez se abrir para o evangelho. Este convertido era um filósofo chamado Justino, com o qual você poderia estar familiarizado como Justino Mártir. Justino foi um dos primeiros apologistas, ou defensores, da igreja. O historiador da igreja Robert Grant diz que Justino foi “o apologista mais importante do segundo século”.(2) Enquanto consideramos a obra de Justino, veremos algumas semelhanças nas acusações feitas contra os cristãos de seu tempo e contra os de nosso tempo. Talvez você possa aprender alguma coisa com este cristão do segundo século.

A Vida de Justino

Acredita-se que Justino nasceu pouco depois de 100 a.D. O lugar do seu nascimento era Flavia Neapolis, na Síria-Palestina, ou Samaria.(3) A educação de Justino na infância incluiu a retórica, poesia e história. Quando jovem, ele adquiriu especial interesse em filosofia, e estudou principalmente o estoicismo e o platonismo.(4) Justino buscava a Deus, que “é o alvo da filosofia de Platão”, dizia ele.(5)

Justino foi apresentado à fé diretamente por um ancião que o envolveu em uma discussão sobre questões filosóficas e então lhe falou a respeito de Jesus. Ele levou Justino aos profetas hebreus, os quais eram anteriores aos filósofos, dizia ele, e falaram “como testemunhas confiáveis da verdade”.(6) Eles profetizaram a vinda de Cristo, e suas profecias foram cumpridas em Jesus. Justino dizia que, então, “meu espírito imediatamente se incendiou, e uma afeição pelos profetas, e por aqueles que foram amigos de Cristo, tomou conta de mim; enquanto ponderava em suas palavras, descobri que a sua filosofia era a única certa e útil ... é o meu desejo que todos tivessem os mesmos sentimentos que eu, e nunca desprezassem as palavras do Salvador”.(7) Justino procurou cristãos que lhe ensinaram a história e a doutrina cristã, e então “devotou-se totalmente à difusão e vindicação da religião cristã”.(8)

Justino continuou a vestir a capa que o identificava como filósofo, e ensinava a estudantes em Éfeso e mais tarde em Roma. James Kiefer nota que “ele se envolvia em debates e disputas com não-cristãos de todas as variedades, pagãos, judeus e hereges”.(9)

A convicção de Justino sobre a verdade de Cristo era tão completa que ele morreu como mártir em algum momento por volta de 165 a.D. Eusébio, o antigo historiador da igreja, disse que ele foi denunciado pelo cínico Crescente, com o qual se envolvera em debate pouco antes de sua morte.(10) Justino foi decapitado juntamente com seis de seus alunos.
O historiador Philip Schaff resume o caráter e ministério de Justino da seguinte maneira:

Ele havia alcançado considerável cultura clássica e filosófica antes de sua conversão, e então a tornou subserviente à defesa da fé. Ele não era um homem de gênio e acurada erudição, mas de respeitável talento, extensa leitura, e larga memória ... Ele tinha a coragem de um confessor em vida e a de um mártir na morte. É impossível não admirar sua destemida devoção à causa da verdade e à defesa de seus irmãos perseguidos.(11)

Os Escritos de Justino

O entendimento de Justino sobre o Cristianismo era filtrado pela filosofia que ele havia aprendido. O platonismo do tempo de Justino tinha uma forte inclinação teísta, e seu elevado tom moral parecia estar de acordo com o Cristianismo. Justino (e outros) conectavam o Logos da filosofia com o Logos de João, capítulo 1. O historiador Philip Schaff descreve o pensamento da seguinte maneira:

O Logos é a Razão pré-existente, absoluta, pessoal, e Cristo é a sua personificação, o Logos encarnado. Tudo o que é racional é cristão, e tudo o que é cristão é racional. O Logos dotou todos os homens de razão e liberdade, as quais não se perderam com a queda. Ele espalhou sementes de verdade antes de sua encarnação, não apenas entre os judeus, mas também entre os gregos e bárbaros, especialmente entre os filósofos e poetas, que são os profetas dos pagãos. Aqueles que viveram de modo racional e virtuoso em obediência a esta luz preparatória foram cristãos de fato, embora não de nome; enquanto aqueles que viveram de modo irracional estavam sem Cristo e foram inimigos de Cristo. Sócrates foi cristão assim como Abraão, embora não soubesse disto.(13)

Além desta fonte de verdade, Justino (e outros) acreditava que os ensinos de Moisés foram transmitidos através dos egípcios aos gregos.(14) Deus não era simplesmente conhecido através do raciocínio abstrato; Ele mesmo Se revelou pessoalmente quando falou aos profetas que, por sua vez, O revelaram a nós.(15)

Se a idéia de Justino sobre Cristo e o Logos parece estranha, devemos ter em mente que nós, também, tipicamente entendemos o Cristianismo através das categorias dos filósofos de nosso tempo. Não somos leitores completamente neutros da Escritura.

Por exemplo, em tempos modernos a ciência tem sido considerada a fonte suprema da verdade. Isto alimentou o desenvolvimento da apologética evidencial. Este é um método que enfatiza os fatos históricos e naturais como evidências em favor da fé. Mas os estudiosos passaram a entender que fatos não são as “verdades” completamente livres de valores que o modernismo ensina. Outros cristãos que objetam ao que consideram uma abordagem excessivamente racionalista têm derivado [argumentos] de filósofos existencialistas que estão mais preocupados com a condição humana. Em outras áreas, também, revelamos as idéias do modernismo em nossa vida cristã. Quantos livros de “como fazer” estão nas prateleiras de livrarias cristãs? Há uma tendência em se tomar uma atitude de “faça isto e tal e tal acontecerá” sobre o nosso desenvolvimento pessoal e espiritual. A técnica apropriada é uma noção muito modernista.

Assim, não devemos ser muito duros com Justino Mártir. Ele foi um homem de seu tempo que fez o melhor para explicar e defender as crenças cristãs usando a estrutura de pensamento com que estava familiarizado. Fazendo isto, ele foi uma força importante no desenvolvimento da teologia e apologética cristã da igreja primitiva.**

A Apologética de Justino

Cristãos Tratados Injustamente

Em suas duas Apologias, o objetivo primário de Justino era mais defender os cristãos do que o Cristianismo em si.(16) Os cristãos eram tratados injustamente; a ambição de Justino era obter tratamento justo para eles. A perseguição havia avançado a ponto de os cristãos serem merecedores de juízo simplesmente por trazerem o nome de cristãos. Seus estranhos hábitos de culto, sua recusa em participar dos cultos cívicos e do culto ao imperador, e suas crenças estranhas eram suficientes para criar um preconceito geral contra eles. Assim foi que, sob alguns imperadores e governadores locais, os cristãos podiam ser levados a julgamento simplesmente por trazerem o nome.

Cristãos e Ateísmo

Parte do problema era uma deturpação das crenças cristãs. Como os cristãos não cultuavam os deuses gregos e romanos, eles eram chamados de ateístas. Justino questionava como eles poderiam ser ateus se adoravam “ao Deus Mais Verdadeiro”. Os cristãos adoram ao Pai, ao Filho e ao Espírito Profético, dizia ele, e “prestam homenagem a eles na razão e na verdade”. Justino também assinalava a inconsistência dos governantes romanos. Alguns dos seus próprios filósofos ensinavam que não havia nenhum deus, mas eles não eram perseguidos simplesmente por trazerem o nome de filósofos. Pior ainda, alguns poetas denunciavam Júpiter, mas eram honrados por líderes do governo.(17)

Cristãos e Cidadania

Outra acusação contra os cristãos era de que eles eram inimigos do Estado. Sua falta de participação nos rituais religiosos pagãos, os quais faziam parte da vida pública cotidiana durante aqueles tempos, e a sua conversa sobre pertencer a outro reino levavam a acusações de que eles não eram bons cidadãos. Justino respondia que eles não estavam esperando um reino terreno, um que ameaçasse Roma. Se estivessem, eles não iriam para a morte tão tranqüilamente, mas fugiriam e se esconderiam até que o reino viesse sobre a terra. Além disso, ele insistia que “nós, mais do que todos os demais homens, na verdade somos os vossos auxiliares e aliados no fomento da paz”, porque os cristãos sabiam que um dia se encontrariam com Deus e prestariam contas de suas vidas.(18) “Somente a Deus adoramos”, dizia ele, “mas em outras coisas alegremente vos obedecemos, reconhecendo-vos como reis e governantes dos homens”.(19) Como um exemplo específico de que eram bons cidadãos, Justino citou que os cristãos são fiéis em pagar as taxas, porque Jesus disse que eles deveriam fazê-lo (Mateus 22:20-21). O argumento geral de Justino era de que, vivendo vidas virtuosas – algo que era altamente considerado na filosofia grega – os cristãos eram, por convicção, bons cidadãos.

A Situação Hoje

Será que este tipo de situação lhe é familiar? Hoje, trazer o nome de fundamentalista ou ser associado a um cristão famoso como Jerry Falwell ou Pat Robertson é suficiente para ser condenado como malvado, fanático, tacanho e certamente prejudicial para a sociedade.(20) Se nós cristãos apenas mantivéssemos nossa religião privada enquanto estamos em público, concordando com os sentimentos da sociedade secular, seríamos aceitáveis. A isto devemos responder como Justino, não ficando vermelhos de raiva e descendo ao nível de xingamentos, mas apresentando aquilo em que realmente cremos e mostrando que nós – e o próprio Cristianismo – na verdade não são prejudiciais para uma sociedade bem ordenada, mas, pelo contrário, são bons para ela. Poderíamos ir mais além e mostrar como a moralidade de nosso tempo é prejudicial para a sociedade. Isto poderia ser persuasivo para alguns, mas certamente não para todos – talvez nem para a maioria. Mas, esclarecendo aquilo em que cremos e por que cremos, estaremos fortalecendo a igreja, e isto é importante se, conforme penso, os fiéis são mais enfraquecidos pelo xingamento e ostracismo do que pelos ataques à doutrina.

Cristianismo como Moral

Além de serem chamados de inimigos do Estado e de ateístas, os cristãos da igreja primitiva eram acusados de se envolverem em grosseira imoralidade. Por exemplo, diziam que eles se envolviam em orgias e em canibalismo nos seus serviços de culto. Em suas apologias, Justino defendeu os cristãos como sendo, pelo contrário, pessoas de elevado caráter moral.

Por exemplo, dizia Justino, os cristãos demonstravam sua honestidade não mentindo quando trazidos a julgamento. Como eram pessoas de veracidade, eles confessavam sua fé até a morte. Eles amavam a verdade mais do que a própria vida. Os cristãos eram pacientes em tempos de perseguição, e mostravam amor até para com seus inimigos.

Esta atitude de viver de acordo com a verdade era apenas um exemplo da mudança realizada nas vidas das pessoas após a sua conversão. Certo escritor nota que esta mudança chegou a ser conhecida como “o canto triunfal dos apologistas”.(21) Justino dizia:

Nós, que outrora nos divertíamos em impurezas, agora nos apegamos à pureza; nós, que nos devotávamos às artes da magia, agora nos consagramos ao bom e incriado Deus; nós, que amávamos mais do que tudo os meios de adquirir riquezas e posses, agora entregamos a um fundo comunitário aquilo que possuímos, e o repartimos com todo o necessitado; nós, que odiávamos e matávamos uns aos outros e não tínhamos compaixão dos que eram de outra tribo por causa de seus costumes [diferentes], agora, após a vinda de Cristo, vivemos junto com eles, e oramos pelos nossos inimigos, e tentamos convencer aqueles que nos odeiam injustamente ...(22)

Justino também enfatizava o comportamento casto dos cristãos, em resposta às acusações de comportamento imoral durante o culto. Para mostrar o quanto isso estava distante da verdade, ele contou a história de um jovem que pediu a um cirurgião que o fizesse eunuco para provar que os cristãos não praticam a promiscuidade. O pedido foi negado, por isso o jovem escolheu permanecer solteiro e responsável perante seus irmãos.(23)

Uma das táticas apologéticas de Justino era contrastar aquilo de que os cristãos eram falsamente acusados de fazer, e pelo que eram punidos, com o que os romanos faziam com impunidade. Por exemplo, os cristãos eram acusados de matar crianças em serviços de culto e então consumi-las. Justino contradizia que eram os adoradores de Saturno que se envolviam em homicídio e ingestão de sangue, e outros pagãos que aspergiam o sangue de homens e animais sobre seus ídolos. Os cristãos eram acusados de imoralidade sexual, mas eram seus críticos, dizia Justino, que imitavam “Júpiter e os outros deuses em sodomia e relações pecaminosas com mulheres”.(24)

Hoje em dia, dizem que os cristãos que se opõem ao aborto odeiam as mulheres. Aqueles que acreditam que a homossexualidade está errada são chamados de mestres do ódio. Quando tentamos apresentar o nosso argumento assim como fez Justino, é difícil obter alguma atenção. Isto não quer dizer que não devamos tentar esclarecer nossas crenças ou mesmo mostrar como os críticos podem ser tão imorais quanto eles acusam os cristãos de serem.(25) O que precisamos lembrar é que um esclarecimento dos ensinamentos cristãos não é suficiente. Não foi no tempo de Justino. Considere os meios que ele listou pelos quais as pessoas eram trazidas a Cristo. Ele dizia que muitos eram “convertidos de uma vida de violência e tirania, porque eram conquistados ou pela constância da vida de seus vizinhos, ou pela estranha paciência que notavam em seus companheiros prejudicados, ou experimentando sua honestidade em assuntos de negócios”.(26) O elevado caráter moral dos cristãos, ainda que freqüentemente caluniado, é um poderoso testemunho e apologia da fé.

O Argumento de Justino em favor de Cristo

Como parte de sua defesa em favor dos cristãos diante do Imperador e do Senado romano, Justino também argumentava que o Cristianismo era verdadeiro. Isto era importante porque a razão e a busca da verdade eram altamente valorizadas pela intelligentsia romana. Como uma das acusações contra os cristãos era de que eles tinham crenças supersticiosas, devia ser demonstrado que suas crenças eram racionais. Consideremos o argumento central de Justino em favor da veracidade do Cristianismo, a saber, de que a vinda de Cristo – o Logos de Deus – fora predita através do Espírito Profético, milhares de anos antes.

O Logos Eterno

Anteriormente falei sobre como Cristo era identificado com o Logos – o locus da razão no universo – de que os filósofos falavam. Falar sobre Ele nestes termos ajudaria a obter a atenção das classes cultas de seu tempo. Como notou certo historiador, “Onde [o Logos] era mencionado, o interesse de todos era imediatamente garantido”.(27) Era importante demonstrar a racionalidade da fé, e o Logos era o locus da razão nas principais escolas da filosofia grega. Para citar novamente Philip Schaff, “o Cristianismo é a mais elevada razão” para Justino. “O Logos é a Razão pré-existente, absoluta, pessoal, e Cristo é a sua personificação, o Logos encarnado. Tudo o que é racional é cristão, e tudo o que é cristão é racional”.(28) Além de assegurar a racionalidade do Cristianismo, identificar Jesus com o Logos indicava a Sua antiguidade, o que era importante para a mente grega ao estabelecer a veracidade de uma crença. Devo notar aqui que esta ênfase na razão não deve nos levar a pensar que a fé não significasse nada para Justino. Repetidamente ele se refere à fé em suas apologias. Ele fala de termos sido curados “pela fé através do sangue e da morte de Cristo”.(29) Ele até se refere a Abraão que “foi justificado e abençoado por Deus por causa da sua fé nEle”.(30) Porém, mesmo aqui a questão do conhecimento é central, pois Justino colocava mais peso em crer nos ensinos de Cristo do que em crer no próprio Cristo.

Profecias Cumpridas

Mas por que esta afirmação sobre Jesus deve ser crida? A razão era porque Ele era o cumprimento das profecias feitas milhares de anos antes – o que provava que Ele não era apenas um homem que podia fazer magia, mas o prometido Filho de Deus. “Nós somos testemunhas reais dos eventos que aconteceram e estão acontecendo do mesmo modo em que foram preditos”, dizia ele.(31) Justino resumiu as profecias do Antigo Testamento a respeito de Cristo da seguinte maneira:

Nos livros dos Profetas, de fato, encontramos Jesus, o nosso Cristo, predito como vindo a nós nascendo de uma virgem, alcançando a maturidade, curando toda doença e dor, ressuscitando os mortos, sendo odiado, não reconhecido, e crucificado, morrendo, ressuscitando dos mortos, ascendendo ao Céu, e sendo chamado e realmente sendo o Filho de Deus. E que Ele enviaria certas pessoas a toda nação para que fizessem conhecer estas coisas, e que antes os gentios [do que os judeus] creriam nEle. Ele foi predito, na verdade, antes que realmente aparecesse, primeiro cinco mil anos antes, depois quatro mil, depois três mil, depois dois mil, depois mil e finalmente oitocentos. Pois, nas sucessivas gerações, novos profetas se levantaram vez após outra.(32)

Não somente o cumprimento da profecia era notável em si mesmo, mas também era significativo que tais profecias tivessem sido feitas muito tempo antes dos filósofos gregos, pois, diferente de hoje, a antiguidade era importante para a mente grega ao estabelecer a veracidade de uma crença.

Conclusão

Apesar de todas as fraquezas em sua teologia e apologética, Justino Mártir fornece um exemplo daqueles que levaram a sua fé muito a sério na igreja primitiva, e que buscaram ser porta-vozes do Senhor e defensores de Seu povo. Schaff diz que “[os escritos de Justino] atestam sua honestidade e seriedade, seu amor entusiástico pelo Cristianismo, e seu destemor em sua defesa contra todos os assaltos de fora e perversões de dentro”.(33) Embora possa nos parecer que, para Justino, o Cristianismo na verdade era apenas filosofia, o historiador Jaroslav Pelikan nota que a fé de Justino era alimentada mais pelo que a igreja confessava a respeito de Cristo do que pela sua própria especulação filosófica. “Ele estava, apesar disso, pronto a entregar sua vida por Cristo; e seu martírio fala mais alto, inclusive doutrinariamente, do que a sua apologética”.(34)

Referências

1. Rick Wade, Perseguição na Igreja Primitiva, Probe Ministries, Sept. 1999.
2. Robert M. Grant, Greek Apologists of the Second Century (Philadelphia: Westminster Press, 1988), 50.
3. Justino Mártir, Primeira Apologia, em Writings of Saint Justin Martyr, trans. Thomas B. Falls, The Fathers of the Church (New York: Christian Heritage, Inc.: 1948), 33.
4. James E. Kiefer, "Justin Martyr, Philosopher, Apologist, and Martyr,"justus.anglican.org/resources/bio/175.html.
5. Justino Mártir, Diálogo com Trifão, em Writings of Saint Justin Martyr, trans. Thomas B. Falls, The Fathers of the Church (New York: Christian Heritage, Inc.: 1948), 151.
6. Ibid., 159.
7. Ibid., 160.
8. Philip Schaff, Ante-Nicene Christianity: A.D. 100-325, vol. II in History of the Christian Church (Grand Rapids: Eerdmans, 1910), 714.
9. Kiefer, "Justin Martyr."
10. The Catholic Encyclopedia, s.v. "St. Justin Martyr."www.newadvent.org/cathen/08580c.htm. Vede também a própria predição de Justino acerca de sua traição na Segunda Apologia, em Writings of Saint Justin Martyr, trans. Thomas B. Falls, The Fathers of the Church (New York: Christian Heritage, Inc.: 1948), 122-23.
11. Schaff, 715.
12. Justino, Primeira Apologia, 33.
13. Schaff, 723.
14. The New Encyclopedia Britannica, 15th ed., Macropaedia, s.v. "Platonism and Neoplatonism," by A. Hilary Armstrong. Vede também Justino, Primeira Apologia, 81.
15. Catholic Encyclopedia.
16. Robert Grant acredita que foi o martírio de Policarpo [creio que o autor se refere a Inácio – nota do tradutor] em Roma que impeliu Justino a escrever ao imperador. Grant, Greek Apologists of the Second Century, 53.
17. Justino, Primeira Apologia, 37-39.
18. Ibid., 43-44.
19. Ibid., 52.
20. O leitor pode desejar ver meu artigo Not a Threat: The Contributions of Christianity to Western Society.*
21. Thomas B. Falls, em Justino, Primeira Apologia, 47, referência 2.
22. Justino, Primeira Apologia, 47.
23. Ibid., 65.
24. Ibid., 133.
25. Este tipo de discussão em geral pode ser difícil devido ao relativismo moral de nosso tempo. Um bom livro para ler que mostra que os americanos não são tão relativistas quanto parecem pensar é William D. Watkins, The New Absolutes (Minneapolis: Bethany House, 1996). Para uma apresentação resumida das idéias de Watkins' ideas, vede o meu artigo The New Absolutes.*
26. Justino, Primeira Apologia, 50.
27. Reinhold Seeberg, citado em J.L. Neve, A History of Christian Thought, vol. 1 (Philadelphia: The Muhlenberg Press, 1946), 46.
28. Schaff, 723.
29. Justin, Diálogo, 166.
30. Ibid., 183.
31. Justino, Primeira Apologia, 66.
32. Ibid., 68.
33. Schaff, 719.
34. Pelikan, 143.

© 2000, Probe Ministries.

* Sem tradução.
** O texto da Primeira Apologia pode ser lido, na íntegra, aqui.

Fonte: Probe Ministries (http://www.probe.org)

Tradução: Rodrigo Reis de Faria

terça-feira, 14 de maio de 2013

Ressurreição: Fato ou Ficção?


Patrick Zuckeran

Introdução

O evento mais importante da história é a ressurreição de Jesus Cristo. É a evidência mais forte de que Jesus é o Filho de Deus. Este evento dá a homens e mulheres a esperança certa de vida eterna – uma esperança que não apenas nos dá alegria quando olhamos para o futuro, mas também nos fornece poderosas razões para vivermos hoje.

Ao longo dos séculos, porém, têm surgido estudiosos que tentam negar o relato da ressurreição. Nossas escolas estão cheias de livros de história que oferecem explicações alternativas para a ressurreição ou, em alguns casos, nem sequer mencionam este evento singular.

Neste ensaio, vamos fazer uma análise das evidências em favor da ressurreição e verificar se este evento é fato histórico ou ficção. Mas, primeiro, devemos estabelecer o fato de que Jesus Cristo foi um personagem histórico, e não uma lenda. Existem vários documentos históricos extremamente fiéis que testificam a respeito de Jesus. Primeiro, consideremos os próprios quatro Evangelhos. Os autores Mateus, Marcos, Lucas e João registraram fatos muito específicos dos eventos em torno da vida de Jesus, e a arqueologia tem confirmado a fidelidade do Novo Testamento. Centenas de fatos, como nomes de oficiais, localidades geográficas, moedas da época e datas de eventos, têm sido confirmadas. Sir William Ramsay, um dos maiores geógrafos do século 19, tornou-se firmemente convencido da fidelidade do Novo Testamento em conseqüência das evidências esmagadoras que descobriu durante suas pesquisas. Por esta causa, ele inverteu completamente o seu antagonismo contra o Cristianismo.

A evidência textual mostra decisivamente que os Evangelhos foram escritos e circularam durante o tempo de vida daqueles que testemunharam os eventos. Como há tantos nomes e lugares específicos mencionados, as testemunhas oculares poderiam ter facilmente desacreditado os escritos. O Novo Testamento nunca teria sobrevivido se os fatos tivessem sido inxatos. Estes fatos indicam que os Evangelhos são historicamente confiáveis e demonstram que Jesus é um personagem histórico. Para maiores informações sobre a fidelidade da Bíblia, confira o ensaio intitulado Authority of the Bible.*

Outro documento que apóia a historicidade de Jesus é a obra de Josefo, um historiador judeu potencialmente hostil. Ele registrou as Antiguidades – uma história dos judeus para os romanos – durante o tempo da vida de Jesus. Ele escreveu: “Ora, por esse tempo surgiu Jesus, um homem sábio – se é que podemos chamá-lo de homem”.(1) Josefo continua relatando outros detalhes específicos sobre a vida e morte de Jesus, os quais correspondem com o Novo Testamento. Historiadores romanos como Suetônio, Tácito e Plínio o Jovem também se referem a Jesus como um indivíduo historicamente real.

Os céticos geralmente desafiam os cristãos a provarem cientificamente a ressurreição. Devemos entender que o método científico baseia-se na demonstração de que algo é um fato por meio de observações repetidas do objeto ou evento. Portanto, o método é limitado a eventos que podem ser repetidos, e a objetos que podem ser observados. Eventos históricos não podem ser repetidos. Por exemplo, podemos observar repetidamente a criação do nosso sistema solar? A resposta óbvia é não, mas isto não significa que a criação do sistema solar não tenha acontecido.

Ao provar um evento histórico como a ressurreição, devemos considerar a evidência histórica. Até agora em nossa discussão, demonstramos que a crença no Jesus histórico do Novo Testamento certamente é razoável, e que o método científico não pode ser aplicado para provar um evento histórico. No restante deste ensaio, examinaremos os fatos históricos concernentes à ressurreição e veremos o que as evidências revelam.

Examinando as Evidências

Três fatos devem ser considerados quando investigamos a ressurreição: o túmulo vazio, a transformação dos apóstolos e a pregação da ressurreição originando-se em Jerusalém.

Examinemos primeiramente o caso do túmulo vazio. Jesus era um personagem bem conhecido em Israel. Seu lugar de sepultamento era conhecido por muitas pessoas. De fato, Mateus registra o local exato do túmulo de Jesus. Ele declara: “E José [de Arimatéia], tomando o corpo, envolveu-o num fino e limpo lençol, e o pôs no seu sepulcro novo” (Mateus 27:59-60). Marcos afirma que José era “um membro proeminente do Conselho” (Marcos 15:43).

Teria sido destrutivo para os escritores inventar um homem de tamanha proeminência, citá-lo especificamente, e designar o local do túmulo, visto que as testemunhas oculares teriam facilmente desacreditado as afirmações falaciosas dos autores.

Fontes judaicas e romanas testificam de um túmulo vazio. Mateus 28:12-13 declara especificamente que os principais dos sacerdotes inventaram a história de que os discípulos roubaram o corpo. Não haveria necessidade desta invenção se o túmulo não estivesse vazio. Os opositores da ressurreição devem explicar isto. Se o túmulo não estivesse vazio, a pregação dos apóstolos não teria durado um dia. Todas o que as autoridades precisariam fazer para por um fim ao Cristianismo seria mostrar o corpo de Jesus.

Juntamente com o túmulo vazio há o fato de que o corpo de Jesus nunca foi encontrado. Nem um registro histórico do primeiro ou segundo século foi escrito atacando a factualidade do túmulo vazio ou afirmando a descoberta do corpo. Tom Anderson, ex-presidente da Associação de Advogados da Califórnia, declara:

Assumamos que os relatos escritos das Suas aparições a centenas de pessoas sejam falsos. Quero propor uma questão. Com evento tão bem publicado, você não acha que seria razoável que um historiador, uma testemunha ocular, um antagonista, registrasse, para o tempo futuro, que ele havia visto o corpo de Cristo? ... O silêncio da história é gritante quando se trata do testemunho contra a ressurreição.(2)

Em segundo lugar, temos as vidas transformadas dos apóstolos. Está registrado nos Evangelhos que, enquanto Jesus estava sendo julgado, os apóstolos O abandonaram por medo. Contudo, 10 dos 11 apóstolos morreram como mártires, crendo que Cristo ressuscitou dos mortos. O que explica a sua transformação em homens dispostos a morrer pela sua mensagem? Deve ser um evento muito convincente para conseguir explicar isto.

Em terceiro lugar, os apóstolos começaram a pregar a ressurreição em Jerusalém. Isto é significativo, uma vez que esta é a mesma cidade em que Jesus foi crucificado. Esta era a cidade mais hostil em que pregar. Além disso, toda a evidência estava ali para que todos investigassem. Lendas lançam raízes em terras estrangeiras, ou séculos após o evento. Desacreditar tais lendas é difícil, uma vez que os fatos são difíceis de confirmar. Contudo, neste caso, a pregação ocorre na cidade do evento, imediatamente após o seu ocorrido. Cada fato possível poderia ter sido completamente investigado.

Qualquer um que estude a ressurreição deve explicar de algum modo estes três fatos.

Cinco Explicações Comuns

Ao longo do tempo, cinco explicações têm sido usadas para argumentar contra a ressurreição. Examinaremos estas explicações para verificar se são válidas.

A Teoria do Túmulo Errado

Os proponentes deste primeiro argumento declaram que, de acordo com os relatos do Evangelho, as mulheres visitaram o sepulcro de manhã cedo, enquanto ainda estava escuro. Devido à sua condição emocional e à escuridão, elas visitaram o túmulo errado. Arrebatadas de emoção por ver que estava vazio, elas se precipitaram em dizer aos discípulos que Jesus havia ressuscitado. Os discípulos, por sua vez, correram para Jerusalém para proclamar a ressurreição.

Existem vários erros graves nesta explicação. Primeiro, é extremamente duvidoso que os apóstolos não tivessem corrigido o erro das mulheres. O Evangelho de João fornece um relato detalhado sobre eles fazendo exatamente isto. Segundo, o local do túmulo era conhecido não apenas pelos seguidores de Cristo, mas também pelos seus opositores. Os Evangelhos deixam claro que o corpo foi sepultado no túmulo de José de Arimatéia, um membro do conselho judaico. Se o corpo ainda estivesse no túmulo enquanto os apóstolos começaram a pregar, as autoridades simplesmente teriam de ir ao túmulo certo, mostrar o corpo, e fazê-lo marchar pelas ruas. Isto teria acabado com a fé cristã de uma vez por todas. Lembre-se de que a pregação da ressurreição começou em Jerusalém, a quinze minutos de distância do lugar da crucificação e do túmulo. Estes fatores tornam esta teoria extremamente fraca.

A Teoria da Alucinação

Esta segunda teoria sustenta que a ressurreição de Cristo aconteceu apenas nas mentes dos discípulos. Dr. William McNeil articula esta posição em seu livro, A World History. Ele escreve:

As autoridades romanas em Jerusalém prenderam e crucificaram Jesus. ... Mas, logo em seguida, os desalentados apóstolos se reuniram em um cenáculo e subitamente sentiram novamente a presença reconfortante de seu mestre. Isto pareceu ser evidência absolutamente convincente de que a morte de Jesus sobre a cruz não havia sido o fim, mas o começo. ... Os apóstolos se emocionaram de excitação e tentaram explicar a todos que dessem ouvidos tudo o que havia acontecido.(3)

Esta posição é irreal por diversos motivos. Para que alucinações deste tipo aconteçam, os psiquiatras concordam que diversas condições devem existir. Contudo, esta situação não era conducente a alucinações. Aqui vão diversos motivos. Alucinações geralmente ocorrem com pessoas que são imaginativas e de natureza nervosa. Contudo, as aparições de Jesus ocorreram a uma variedade de pessoas. Alucinações são subjetivas e individuais. Duas pessoas não têm a mesma experiência. Neste caso, mais de quinhentas pessoas (1 Coríntios 15) têm o mesmo relato. Alucinações ocorrem apenas em momentos e lugares particulares e estão associadas aos eventos. As aparições da ressurreição ocorrem em muitos ambientes diferentes, e em ocasiões diferentes. Finalmente, alucinações desta natureza ocorrem àqueles que querem intensamente crer. Contudo, vários deles, tais como Tomé e Tiago, o meio-irmão de Jesus, eram hostis às novas da ressurreição.

Se alguém continua argumentando em favor desta posição, mesmo assim deverá explicar o túmulo vazio. Se os apóstolos apenas imaginassem a ressurreição em sua pregação, tudo o que as autoridades precisariam fazer era mostrar o corpo, e isto teria acabado com o sonho dos apóstolos. Estes fatos tornam estas duas teorias extremamente improváveis.

A Teoria do Desmaio

Uma terceira teoria esposa que Jesus nunca morreu na cruz, mas apenas desmaiou e foi equivocamente considerado morto. Depois de três dias Ele reviveu, saiu do túmulo, e apareceu aos Seus discípulos, os quais acreditaram que Ele havia ressuscitado dos mortos. Esta teoria foi desenvolvida no começo do século dezenove, mas hoje tem sido completamente abandonada por diversos motivos.

Primeiro, é uma impossibilidade física que Jesus pudesse ter sobrevivido às torturas da crucificação. Segundo, os soldados que crucificaram Jesus eram especialistas em executar esse tipo de pena de morte. Além disso, eles tomaram diversas precauções para assegurar que Ele estivesse realmente morto. Eles enfiaram uma lança em Seu lado. Quando sangue e água saem separadamente, isto indica que as células do sangue começaram a se separar do plasma – o que acontece apenas quando o sangue pára de circular. Ao decidir quebrar as pernas dos criminosos (a fim de apressar o processo de morte), eles examinaram cuidadosamente o corpo de Jesus e descobriram que Ele já estava morto.

Após ser descido da cruz, Jesus foi coberto com mais de trinta quilos de especiarias e embalsamado. É irracional crer que, após três dias, sem comida nem bebida, Jesus revivesse. Ainda mais difícil de acreditar é que Jesus pudesse mover uma pedra de duas toneladas, subjugar os guardas, e depois andar várias milhas até Emaús. Ainda que Jesus tivesse feito isto, Sua aparição aos discípulos como meio morto e em desesperada necessidade de atenção médica não os teria incitado a adorarem-nO como Deus.

No século 19, David F. Strauss, um opositor do Cristianismo, pôs fim a qualquer esperança nesta teoria. Embora não cresse na ressurreição, ele concluiu que esta era uma teoria muito estranha. Ele disse:

É impossível que um ser que havia escapado meio morto do sepulcro, arrastando-se fraco e doente, precisando de tratamento médico, necessitando de curativos, de recuperação e descanso, e que, finalmente, ainda se submetesse aos seus sofrimentos, pudesse ter dado aos discípulos a impressão de que era um Vencedor sobre a morte e a sepultura, o Príncipe da vida – uma impressão que estaria na base de seu futuro ministério.(4)

A Teoria do Corpo Roubado

Este quarto argumento mantém que autoridades judaicas e romanas roubaram o corpo ou o moveram para salvaguardá-lo. É inconcebível pensar nisto como uma possibilidade. Se eles tivessem o corpo, por que precisariam acusar os discípulos de roubá-lo? (Mateus 28:11-15). Em Atos 4, as autoridades judaicas ficaram enfurecidas e fizeram tudo o que podiam para impedir a difusão do Cristianismo. Por que os discípulos enganariam o seu próprio povo para que acreditassem em um falso Messias, quando sabiam que este engano significaria as mortes de centenas de seus amigos crentes? Se realmente soubessem onde estava o corpo, eles poderiam tê-lo exposto, e acabado com a fé que lhes causava tantos problemas e embaraços. Durante toda a pregação dos apóstolos, as autoridades nunca tentaram refutar a ressurreição mostrando um corpo. Esta teoria tem pouco mérito.

A Teoria de que os Soldados Adormeceram

Até agora temos estudado as evidências da ressurreição. Examinamos quatro teorias usadas na tentativa de invalidar este milagre. A análise cuidadosa revelou que as teorias foram inadequadas para refutar a ressurreição. A quinta e mais popular teoria existe desde o dia da ressurreição e ainda é crida por muitos opositores do Cristianismo. Mateus 28:12-13 articula esta posição.

E, congregados os príncipes dos sacerdotes com os anciãos, e tomando conselho entre si, deram muito dinheiro aos soldados, dizendo: “Dizei: Vieram de noite os seus discípulos e, dormindo nós, o furtaram.

Muitos têm se questionado por que Mateus registra isso e, em seguida, não o refuta. Talvez seja porque esta explicação fosse tão absurda que ele não visse a necessidade de fazê-lo.
Esta explicação continua sendo uma impossibilidade por diversos motivos. Primeiro, se os soldados estavam dormindo, como sabiam que foram os discípulos que roubaram o corpo? Segundo, parece fisicamente impossível que os discípulos passassem pelos soldados e em seguida movessem uma pedra de duas toneladas em completo silêncio. Certamente, os guardas teriam ouvido alguma coisa.

Terceiro, o túmulo estava protegido por um selo romano. Qualquer que movesse a pedra romperia o selo – um crime punido com a morte. O desânimo e a covardia dos discípulos tornam difícil de acreditar que eles repentinamente se fizessem corajosos a ponto de enfrentar um destacamento de soldados, roubar o corpo, e em seguida mentir sobre a ressurreição, quando, no fim das contas, enfrentariam uma vida de sofrimento e morte pela sua mensagem inventada.

Quarto, os guardas romanos não dormiriam, tendo um dever tão importante. Havia penalidades por se fazer isto. Os discípulos precisariam tê-los subjugado - uma cena bastante improvável.

Finalmente, no Evangelho de João as roupas mortuárias foram encontradas “estavam no chão, e o lenço, que tinha estado sobre a cabeça de Jesus. O lenço não estava com os lençóis, mas enrolado num lugar à parte” (20:6, 7). Não havia tempo suficiente para os discípulos passarem pelos guardas, rolarem a pedra, desenfaixarem o corpo, enfaixarem-no em suas faixas, e dobrarem ordenadamente o lenço à parte dos lençóis de linho. Em um roubo, os homens teriam arremessado as vestes em desordem e fugido com medo de serem presos.

Conclusão: Implicações Monumentais

Estas cinco teorias explicam inadequadamente o túmulo vazio, a transformação dos apóstolos e o nascimento do Cristianismo na cidade da crucificação. A conclusão que devemos considerar seriamente é de que Jesus ressuscitou da sepultura. As implicações disto são monumentais.

Primeiro, se Jesus ressuscitou dos mortos, então o que Ele disse sobre Si mesmo é verdade. Ele afirmou: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (João 11:25). Ele também disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” (João 14:6). A vida eterna é encontrada somente por meio de Jesus Cristo. Qualquer crença religiosa que contradiga isto deve ser falsa. Todos os líderes religiosos foram enterrados em um sepulcro. Seus túmulos tornaram-se lugares de adoração. O local do túmulo de Jesus é desconhecido, porque está vazio  seu corpo não está lá. Não havia necessidade de transformar em santuário um túmulo vazio.

Segundo, Paulo escreve em 1 Coríntios 15:54, “a morte foi tragada na vitória”. A morte física não é o fim  a vida eterna com o nosso Senhor aguarda a todos os que nEle confiam, porque Jesus venceu a morte.

Referências

1. Josephus, Antiquities xviii. 33. (Early second Century).
2. Josh McDowell, The Resurrection Factor (San Bernadino, Calif.: Here's Life Publishers, 1981), p. 66.
3. William McNeil, A World History (New York: Oxford University Press, 1979), p. 163.
4. David Strauss, The Life of Jesus for the People , vol. 1, 2nd edition (London: Williams and Norgate, 1879), p. 412.

Para Leituras Adicionais

Craig, William Lane. Apologetics: An Introduction. Chicago: Moody Press, 1984.
Geisler, Norman. When Skeptics Ask. Wheaton, Ill.: Victor Press, 1989.
Greenleaf, Simon. The Testimony of the Evangelists; The Gospels Examined by the Rules of Evidence. Grand Rapids: Kregal Publications, 1995.
Little, Paul. Know Why You Believe. Downers Grove, Ill.: InterVarsity Press, 1988.
McDowell, Josh. Evidence That Demands a Verdict. San Bernadino, Calif.: Here's Life Publishers, 1979.
The Resurrection Factor. San Bernardino, Calif.: Here's Life Publishers, 1981.
McNeill, William. A World History, Third Edition. New York: Oxford University Press, 1979.
Montgomery, John, ed. Evidence for Faith. Dallas: Probe Books, 1991.
Morison, Frank. Who Moved the Stone? Grand Rapids: Zondervan Publishing, 1958.
Strauss, David. The Life of Jesus for the People. Volume 1, Second Edition. London: Williams and Norgate, 1879.

©1997 Probe Ministries.

* Sem tradução.

Fonte: Probe Ministries (www.probe.org)
Tradução: Rodrigo Reis de Faria

quinta-feira, 9 de maio de 2013

A Confiabilidade Histórica dos Evangelhos

Patrick Zuckeran


Diferenças entre os Quatro Evangelhos


Os céticos criticam os Evangelhos – os quatro primeiros livros do Novo Testamento – como se fossem mais de natureza lendária do que histórica. Eles apontam supostas contradições entre Mateus, Marcos, Lucas e João. Argumentam também que os Evangelhos foram escritos séculos depois do tempo de vida das testemunhas oculares. A data tardia dos escritos permitiu que lendas e exageros proliferassem - dizem eles.

Os Evangelhos são históricos ou míticos?

O primeiro desafio a ser tratado é como explicar as diferenças entre os quatro Evangelhos. Cada um deles é diferente em natureza, conteúdo e nos fatos que incluem ou excluem. A razão das variações é que cada autor escreveu para uma audiência diferente, e a partir de sua própria e exclusiva perspectiva. Mateus escreveu para uma audiência judaica, a fim de provar-lhes que Jesus é realmente o seu Messias. É por isso que Mateus inclui muitos dos ensinos de Cristo e faz várias referências a profecias do Antigo Testamento. Marcos escreveu para uma audiência grega, ou gentia, a fim de provar que Jesus é o Filho de Deus. Por esta razão, ele faz o seu argumento enfocando os eventos da vida de Cristo. Seu evangelho move-se rapidamente de um evento para o outro, demonstrando o senhorio de Cristo sobre toda a criação. Lucas escreveu a fim de fornecer um relato histórico acurado da vida de Jesus. João escreveu após refletir por muitos anos em seu encontro com Cristo. Com esse entendimento, próximo do fim de sua vida, João se assentou e escreveu o mais teológico de todos os evangelhos.

Deveríamos esperar algumas diferenças entre quatro relatos independentes. Se fossem idênticos, suspeitaríamos da colaboração dos escritores entre si. Em razão de suas diferenças, os quatro Evangelhos na verdade nos dão uma representação mais completa e rica de Jesus.

Vou lhe dar um exemplo. Imagine que quatro pessoas escrevessem uma biografia sobre a sua vida: seu filho, seu pai, um colega de trabalho e um bom amigo. Cada um enfocaria aspectos diferentes da sua vida e escreveria de uma perspectiva exclusiva. Um escreveria sobre você como pai, o outro como um filho crescendo, o outro como um profissional, e o outro como um companheiro. Cada um poderia incluir diferentes histórias ou ver o mesmo evento de um ângulo diferente, mas suas diferenças não significam que eles estejam errados. Quando colocássemos os quatro relatos juntos, teríamos um quadro mais rico de sua vida e caráter. É isso que acontece nos Evangelhos.

Portanto, reconhecemos que as diferenças não significam necessariamente erros. Os céticos têm feito alegações de erros por séculos, contudo a vasta maioria das acusações já foi respondida. O estudioso do Novo Testamento, Dr. Craig Blomberg, escreve: “A despeito de dois séculos de investida cética, é justo dizer que todas as supostas inconsistências entre os Evangelhos têm recebido, no mínimo, soluções plausíveis”.(1) Outro estudioso, Murray Haris, enfatiza: “Mesmo nesse caso, a presença de discrepâncias em detalhes circunstanciais não é prova de que o fato central não seja histórico”.(2) Os quatro Evangelhos nos dão um relato complementar, não contraditório.

A Data dos Escritos do Novo Testamento: Evidência Interna


Os críticos afirmam que os Evangelhos foram escritos séculos depois do tempo de vida das testemunhas oculares. Isto permitiria que mitos sobre a vida de Jesus proliferassem. Será que os Evangelhos foram escritos por testemunhas oculares – tal como afirmam – ou foram escritos séculos depois? Os fatos históricos parecem constituir um forte argumento em favor de uma data no primeiro século.

O ministério de Jesus foi de 27 a 30 a.D. O famoso estudioso do Novo Testamento, F. F. Bruce, fornece forte evidência de que o Novo Testamento foi concluído por volta de 100 a.D.(3) A maioria dos escritos do Novo Testamento foram completados de vinte a quarenta anos antes disso. Os Evangelhos são tradicionalmente datados da seguinte maneira: acredita-se que Marcos foi o primeiro evangelho escrito, por volta de 60 a.D. Mateus e Lucas vêm em seguida, e foram escritos entre 60 e 70 a.D.; João é o último evangelho, escrito entre 90 e 100 a.D.

A evidência interna apoia estas datas antigas por diversos motivos. Os primeiros três Evangelhos profetizaram a queda do Templo de Jerusalém, que aconteceu em 70 a.D. Contudo, o cumprimento não é mencionado. É estranho que estes três Evangelhos predigam este evento fundamental, mas não o registrem acontecendo. Por que não mencionam um marco profético tão importante? A explicação mais plausível é que isto ainda não havia acontecido no tempo em que Mateus, Marcos e Lucas foram escritos.

No livro de Atos, o Templo representa um papel central na nação de Israel. Lucas escreve como se o Templo fosse parte importante da vida judaica. Ele também termina Atos com uma nota estranha: Paulo vivendo sob prisão domiciliar. É estranho que Lucas não registre a morte de seus dois personagens principais – Pedro e Paulo. A razão mais plausível para isto é que Lucas terminou de escrever Atos antes do martírio de Pedro e de Paulo, em 64 a.D. Um ponto importante a destacar é que o Evangelho de Lucas precede Atos, apoiando ainda mais a datação tradicional de 60 a.D. Além disso, a maioria dos estudiosos concorda que Marcos precede Lucas – tornando o Evangelho de Marcos ainda mais antigo.

Finalmente, a maioria dos estudiosos do Novo Testamento acredita que as epístolas de Paulo foram escritas de 48 a 60 a.D. O perfil da vida de Jesus dado por Paulo se encaixa com o dos Evangelhos. 1 Coríntios é um dos livros menos disputados com respeito a sua datação e autoria paulina. No capítulo 15, Paulo resume o evangelho e reforça a premissa de que este é o mesmo evangelho pregado pelos apóstolos. Ainda mais convincente é que Paulo cita o Evangelho de Lucas em 1 Timóteo 5:18 – mostrando-nos que o Evangelho de Lucas estava realmente completo durante o tempo de vida de Paulo. Isto moveria o tempo da conclusão do Evangelho de Lucas para junto de Marcos e Mateus.

A evidência interna apresenta um forte argumento em favor da datação antiga dos Evangelhos.

A Data dos Evangelhos: Evidência Externa


Será que os Evangelhos foram escritos por testemunhas oculares dos eventos, ou só foram registrados séculos depois? Assim como a evidência interna, a evidência externa também apoia uma data no primeiro século.

Felizmente, os estudiosos do Novo Testamento possuem uma enorme quantidade de manuscritos antigos como evidência. A evidência documentária em favor do Novo Testamento ultrapassa em muito qualquer outra obra de seu tempo. Temos mais de 5.000 manuscritos, e muitos são datados de poucos anos após a vida de seus autores.

Eis aqui alguns documentos fundamentais. Um manuscrito importante é o Papiro Chester Beatty. Contém a maior parte dos escritos do Novo Testamento, e data de aproximadamente 250 a.D.

O Papiro Bodmer contém a maior parte de João, e data de 200 a.D. O Papiro Rylands é outro que foi encontrado no Egito, e que contém um fragmento de João, datando de 130 a.D. A partir deste fragmento, podemos concluir que João foi completado bem antes de 130 a.D. porque, não apenas o evangelho teve de ser escrito, mas teve de ser copiado manualmente e fazer o seu caminho da Grécia até o Egito. Como a vasta maioria dos estudiosos concorda que João é o último evangelho escrito, podemos afirmar a sua data no século primeiro, juntamente com os outros três, com maior segurança.

Uma evidência final provém dos Rolos do Mar Morto (Caverna 7). Jose Callahan descobriu um fragmento do Evangelho de Marcos e datou-o como tendo sido escrito em 50 a.D. Ele também descobriu fragmentos de Atos e outras epístolas, datando-os como tendo sido escritos pouco depois de 50 a.D.(4)

Outra linha de evidência são os escritos dos pais da igreja. Clemente de Roma enviou uma carta à igreja de Corinto em 95 a.D., na qual citou os Evangelhos e outras porções do Novo Testamento. Inácio, bispo de Antioquia, escreveu uma carta antes de seu martírio em Roma, em 115 a.D., citando todos os Evangelhos e outras epístolas do Novo Testamento. Policarpo escreveu aos filipenses em 120 a.D. e citou os Evangelhos e epístolas do Novo Testamento. Justino Mártir (150 a.D.) cita João 3. Os pais da igreja do começo do segundo século estavam familiarizados com os escritos dos apóstolos e citavam-nos como Escritura inspirada.

A datação antiga é importante por dois motivos. Quanto mais próximo um registro histórico está da data do evento, é mais provável que o registro seja exato. A datação antiga permite que testemunhas oculares ainda estivessem vivas quando os Evangelhos estavam circulando, podendo atestar a sua exatidão. Os apóstolos geralmente apelam para o testemunho da multidão hostil, apontando também para o conhecimento que tinha dos fatos (Atos 2:22, 26:26). Além disso, o tempo é breve demais para que lendas se desenvolvam. Os historiadores estão de acordo que leva aproximadamente duas gerações, ou oitenta anos, para que relatos lendários se estabeleçam.

A partir da evidência, podemos concluir que os Evangelhos foram realmente escritos pelos autores a que são atribuídos.

Quão Confiável era a Tradição Oral?


Há pouco defendi a datação antiga dos Evangelhos. Apesar desta datação antiga, existe um lapso de tempo de vários anos entre a ascensão de Jesus e o registro dos Evangelhos. Existe um período durante o qual os relatos do evangelho foram confiados à memória pelos discípulos, e transmitidos oralmente. A questão que devemos fazer é: A tradição oral foi memorizada e transmitida fielmente? Os céticos afirmam que a memória e a tradição oral não podem preservar fielmente os relatos de pessoa para pessoa por muitos anos.

A evidência mostra que em culturas orais, onde a memória tem sido treinada durante gerações, a memória oral pode preservar fielmente e transmitir muita informação. Deuteronômio 6:4-9 revela-nos o quanto a instrução e a memória oral do ensino divino eram enfatizados na cultura judaica. É um fato bem conhecido que os rabinos possuíam o Antigo Testamento e grande parte da lei oral confiados à memória. Os judeus colocavam um alto valor na memorização de qualquer registro que refletisse a Escritura inspirada e a sabedoria de Deus. Estudei sob um professor grego que possuía os evangelhos memorizados palavra por palavra. Em uma cultura onde isto fosse praticado, as habilidades de memorização seriam bem mais avançadas em comparação com a nossa hoje. O estudioso do Novo Testamento, Darrell Bock, declara que a cultura judaica era “uma cultura de memória”.(5)

Rainer Reisner apresenta seis razões principais pelas quais a tradição oral preservou fielmente os ensinos de Jesus.(6) Primeiro, Jesus usou a prática dos profetas do Antigo Testamento de proclamar a palavra de Deus, a qual exigia preservação exata do ensino inspirado. Segundo, as apresentações de Jesus como Messias reforçariam entre os Seus seguidores a necessidade de preservar Suas palavras fielmente. Terceiro, noventa por cento dos ensinamentos e ditos de Jesus usam métodos mnemônicos semelhantes aos que são usados na poesia hebraica. Quarto, Jesus treinou Seus discípulos para que ensinassem Suas lições mesmo enquanto Ele estava na terra. Quinto, os meninos judeus eram educados até os doze anos, por isso os discípulos provavelmente sabiam ler e escrever. Finalmente, assim como os mestres judeus e gregos reuniam discípulos, Jesus reuniu e treinou os Seus para que prosseguissem após a Sua morte.

Quando se estudam os ensinos de Jesus, percebe-se que Seus ensinos e ilustrações são fáceis de memorizar. Pessoas no mundo inteiro reconhecem de imediato a história do Bom Samaritano, do Filho Pródigo, e a Oração do Senhor.

Sabemos também que a igreja preservou os ensinamentos de Cristo na forma de hinos que eram do mesmo modo fáceis de memorizar. O resumo do evangelho por Paulo em 1 Coríntios 15 é um bom exemplo disto.

Assim, podemos ter confiança de que a tradição oral preservou fielmente os ensinos e os eventos da vida de Jesus até que fossem registrados poucos anos depois.

A Transmissão do Texto dos Evangelhos


Quando falo com muçulmanos ou mórmons, geralmente chegamos a um ponto da discussão em que fica claro que a Bíblia contradiz sua posição. Então a afirmação deles, assim como a de muitos céticos, é de que a Bíblia não foi transmitida fielmente, e que foi corrompida pela igreja. Com respeito aos Evangelhos, será que temos uma cópia exata dos textos originais, ou será que foram corrompidos?

Anteriormente, mostramos que os Evangelhos foram escritos no primeiro século, dentro do tempo de vida das testemunhas oculares. Estas testemunhas, tanto amigáveis como hostis, escrutinaram os relatos em busca de uma exatidão.

Portanto, os escritos originais eram exatos. Contudo, não temos os manuscritos originais. O que temos são cópias de cópias de cópias. Será que estas são exatas, ou será que foram adulteradas? Conforme visto antes, temos 5.000 manuscritos gregos do Novo Testamento. Quando incluímos as citações dos pais da igreja, manuscritos de outras traduções antigas, como a Vulgata Latina, o texto etíope, e outros, o total chega a mais de 24.000 textos antigos. Com tantos textos antigos, alterações significativas deveriam ser fáceis de localizar. Porém, aqueles que acusam o Novo Testamento de ser corrompido não produziram tal evidência. Isto é significativo, porque deveria ser fácil com tantos manuscritos disponíveis. A verdade é que o grande número de manuscritos confirma a preservação e transmissão fiel dos escritos do Novo Testamento.

Embora possamos ter confiança em uma cópia exata, temos sim discrepâncias textuais. Existem algumas passagens com leituras variantes de que não temos certeza. Contudo, as diferenças são menores e não afetam nenhuma doutrina teológica importante. A maior parte tem a ver com a estrutura de sentenças, vocabulário e gramática. Estas coisas de modo algum afetam alguma doutrina importante.

Aqui vai um exemplo. Em nossas bíblias, Marcos 16:9-20 é debatido quanto a se fazia parte dos escritos originais. Embora pessoalmente eu não creia que esta passagem fizesse parte do texto original, sua inclusão não afeta qualquer ensino importante do Cristianismo. Ele declara que Cristo ressuscitou, apareceu aos discípulos, e os comissionou a pregar o evangelho. Isto é ensinado em outra parte.*

As outras discrepâncias são de natureza semelhante. Os estudiosos do grego concordam que temos uma cópia muito fiel do original. Westcott e Hort declaram que temos uma cópia 98,33% fiel ao original.(7) A. T. Robertson deu uma cifra de 99% de fidelidade ao original.(8) Como o historiador Sir Fredric Kenyon nos assegura, “... a última base para qualquer dúvida de que as Escrituras chegaram até nós substancialmente tal como foram escritas agora estão removidas. Tanto a autenticidade como a integridade geral dos livros do Novo Testamento podem ser consideradas como finalmente estabelecidas”.(9)

Milagres Desacreditam os Evangelhos?


Os céticos questionam a exatidão dos Evangelhos em razão dos milagres. Contudo, esta é uma questão de cosmovisões. Aqueles que mantêm uma cosmovisão naturalista não acreditam que exista um criador onipotente. Tudo o que existe é energia e matéria. Logo, milagres são impossíveis. Assim, a conclusão deles é de que os relatos de milagres nos Evangelhos são exageros ou mitos.

Aqueles que mantêm uma cosmovisão teísta podem aceitar os milagres à luz da nossa compreensão a respeito de Deus e de Cristo. Deus pode intervir no tempo e no espaço e alterar as regularidades da natureza ainda mais que os humanos finitos podem em escala muito menor. Se Jesus é o Filho de Deus, podemos esperar que Ele realize milagres para confirmar Suas reivindicações de que é divino. Mas não é nas cosmovisões que isto acaba. Precisamos também dar uma boa olhada nos fatos históricos.

Conforme visto anteriormente, os Evangelhos foram escritos por testemunhas oculares dos eventos da vida de Cristo. A datação antiga indica que as testemunhas estavam vivas quando os Evangelhos estavam circulando, e poderiam atestar sua exatidão. Os apóstolos geralmente apelavam para o testemunho da multidão hostil, apontando também o conhecimento que tinha dos fatos (Atos 2:22, Atos 26:26). Portanto, se houvesse algum exagero, ou se fosse contada alguma história sobre Cristo que não fosse verdadeira, as testemunhas oculares poderiam ter facilmente desacreditado os relatos dos apóstolos. Lembre-se de que eles começaram pregando em Israel, nas mesmas cidades e durante o tempo de vida das testemunhas. Os judeus eram cuidadosos em registrar relatos históricos exatos. Muitos inimigos da igreja primitiva estavam procurando meios de desacreditar o ensino dos apóstolos. Se o que os apóstolos diziam não fosse verdade, os inimigos teriam reclamado e os Evangelhos não teriam alcançado tanta credibilidade.

Existem também fontes não-cristãs que atestam os milagres de Cristo. Josefo escreve: “Ora, surgiu por esse tempo Jesus, um homem sábio - se é lícito chamá-lo de homem, pois ele foi autor de obras maravilhosas, um mestre dos homens que recebem a verdade com prazer. Ele atraiu a si muitos judeus e muitos gentios”. O Talmude judaico, escrito no século quinto a.D., atribuiu os milagres de Jesus a feitiçaria. Os opositores do Evangelho não negam que Ele fez milagres; apenas apresentam explicações alternativas para eles.

Finalmente, o poder de Cristo sobre a criação é sumamente revelado na ressurreição. A ressurreição é um dos eventos mais bem atestados na história. Para um estudo completo, leia o artigo Resurrection: Fact or Fiction.**

Referências


1. Craig Blomberg, The Historical Reliability of the Gospels, (Downers Grove, Ill.: InterVarsity Press, 1987), 10.

2. Ibid., 9.

3. F.F. Bruce, The New Testament Documents: Are They Reliable? 5th ed. (Downers Grove: InterVarsity Press, 1983), 14.

4. Norman Geisler, Baker Encyclopedia of Christian Apologetics, (Grand Rapids, Mich.: Baker Books, 2002), 530.

5. Michael Wilkins and J.P. Moreland, Jesus Under Fire, (Grand Rapids, Mich.: Zondervan Publishing, 1995), 80.

6. Blomberg, The Historical Reliability of the Gospels, 27-28.

7. Geisler, 474.

8. Ibid.

9. Citado por Norman Geisler, General Introduction to the Bible, (Chicago: Moody Press, 1986), 405.

© 2004 Probe Ministries

* Pessoalmente, não concordo com o autor do artigo neste ponto, pois, se a legitimidade desta passagem (Marcos 16:9-20) é discutida, a questão é, no mínimo, controversa, e existem argumentos tanto do lado daqueles que defendem a sua ilegitimidade, como do lado dos que afirmam que ela realmente pertence a Marcos, e sem a mesma o respectivo evangelho terminaria abrupta e sombriamente - ao passo que os outros três evangelhos todos terminam com o relato da ressurreição de Cristo (nota do tradutor).

** Aguarde tradução de artigo sobre o tema (nota do tradutor).


Fonte: Probe Ministries (http://www.probe.org)

Tradução: Rodrigo Reis de Faria