terça-feira, 11 de setembro de 2012

Tiro na Profecia


Kyle Butt, M.A.

Introdução

A profecia preditiva continua sendo uma das provas mais viáveis da inspiração divina da Bíblia. A profecia de Ezequiel concernente à cidade de Tiro fornece um exemplo excelente de evidência dessa natureza.

A mensagem profética de Ezequiel é uma das mais fáceis de situar em um período exato de tempo. No verso 2 do capítulo um, o profeta notou que suas visões e profecias começaram “no quinto ano do cativeiro do rei Jeoiaquim”. A data deste cativeiro é quase unanimemente aceita como 597 a.C., durante a segunda deportação dos cidadãos da Judéia para Babilônia, a qual é documentada em detalhes em 2 Reis 24:10-20. Além disso, não somente a deportação é registrada no relato bíblico, mas os antigos registros caldeus documentam-na também (Free and Vos, 1992, p. 194). Como as visões de Ezequiel começaram cinco anos após a deportação, então se pode estabelecer uma data segura em 592 a.C. para o princípio da sua profecia. O profeta fornece outras datas específicas, tais como o ano dezessete (20:1), o nono ano (24:1), o undécimo ano (26:1), e a última data fornecida como o ano vinte e sete (29:17) [Nota: para um sumário, vede Archer, 1974, pp. 368-369].

Devido ao sistema de datas seguramente definido que Ezequiel escolheu para usar em sua profecia, a data da profecia a respeito da cidade de Tiro, encontrada no capítulo 26, pode ser precisamente estabelecida como o undécimo ano após 597, que seria 586 a.C.

A Cidade de Tiro

De acordo com a história, a cidade fenícia de Tiro, localizada na costa oriental do Mar Mediterrâneo, manteve-se como uma das cidades mais antigas e prósperas da história. Heródoto, conhecido como o pai da história moderna, viveu e escreveu aproximadamente entre 490 a.C. e 425 a.C. (Heródoto, 1972, p. i). Durante uma visita ao templo de Herácles em Tiro, Heródoto indagou acerca da idade do templo, ao que os habitantes responderam que o templo era tão antigo quanto “a própria Tiro”, e que Tiro já havia durado dois mil e trezentos anos” (Heródoto, 2:44). A partir de Heródoto, então, pode-se supor que a cidade remonta a 2.700 a.C.

Devido à sua vantajosa posição geográfica e aos bons portos, Tiro tornou-se uma das cidades comerciantes mais ricas da história. Fleming notou que ela “era a mais importante de todas as cidades fenícias” (1966, p. ix). Durante os reinados do rei Davi e do rei Salomão (circa 1000 a.C.), Hirão, rei de Tiro, representou um papel fundamental na aquisição de materiais de construção para estruturas importantes, como as casas dos reis israelitas e o primeiro templo. Em diversas passagens bíblicas, o texto afirma que Hirão mandou árvores de cedro, carpinteiros, pedreiros, e construtores a Israel (2 Samuel 5:11) devido à famosa habilidade dos tírios em cortar madeira de lei (1 Reis 5:1-18). Além disso, os tírios eram igualmente famosos pela sua notável habilidade de navegar os mares durante a época de Salomão. 2 Crônicas documenta que Hirão mandou navios e “servos que conheciam o mar” para trabalharem com os homens de Salomão na aquisição de ouro em terras estrangeiras (2 Crônicas 8:18).

A cidade de Tiro possuía uma disposição geográfica um tanto interessante e vantajosa. Cerca de meia milha distante da costa oriental do Mar Mediterrâneo, estava uma pequena ilha rochosa sobre a qual mais provavelmente a cidade original de Tiro fora fundada. Algum tempo após a fundação desta cidade insular, fundou-se a cidade continental de Tiro, a qual foi chamada de Antiga Tiro pelos gregos (Fleming, p. 4). Josefo cita um historiador fenício chamado Dío, contando que o rei fenício Hirão, que era muito amigo dos reis Davi e Salomão, construiu um passadiço da ilha original até uma ilha menor, unindo as duas (Contra Ápion, 1.17).


Além da sua proveitosa posição geográfica, a cidade tinha grande confiança em suas vantagens defensivas mui excelentes. Fleming notou: “Já desde 1400 a.C., Tiro era não apenas uma grande cidade, mas era considerada inexpugnável” (p. 8). O antigo historiador Quintus Curtius Rufus (mui provavelmente escrevendo por volta de 50 a.D.) listou várias destas características defensivas que haviam permanecido intactas até o cerco por Alexandre, em 332 a.C. A força da água e do vento que prevaleciam do lado da cidade mais próximo à terra dizia-se ter produzido uma “força corrosiva de ondas” que impediriam a construção de qualquer tipo de ponte ou passadiço a partir do continente (4.2.8). Além disso, as águas mais próximas das muralhas da cidade eram “especialmente profundas”, e forçariam pretensos atacantes a posicionarem qualquer tipo de mecanismos de cerco na fundação instável de um navio, e a muralha “descia perpendicularmente para dentro do mar”, o que impediria o uso de escadas ou uma abordagem a pé (4.2.9).


Durante o tempo de Ezequiel, Tiro estava bem estabelecida e era famosa pela sua construção, manufatura e comércio. Ezequiel disse a respeito de Tiro: “Os teus edificadores aperfeiçoaram a tua formosura” (27:4), e então passou a listar vários tipos diferentes de madeira e materiais importados usados pelos tírios (27:3-11). O profeta declarou: “Quando os teus artigos saíam pelos mares, satisfizeste a muitos povos; enriqueceste os reis da terra com os teus muitos ítens luxuosos e o teu negócio” (27:33).

Mas o comércio lucrativo de Tiro havia feito pouco de positivo em favor de sua condição espiritual. Na verdade, como é geralmente o caso, as riquezas adquiridas pela cidade produziram grande negligência e corrupção espiritual. Concernente à cidade, Ezequiel notou: “Pela abundância do teu comércio, encheste de violência o teu interior, e pecaste ... Teu coração elevou-se por causa da tua beleza; corrompeste a tua sabedoria por causa do teu esplendor ... Contaminaste os teus santuários pela multidão das tuas iniquidades” (28:16-18). Entre os pecados listados por Ezequiel, uma atitude específica mantida por Tiro foi apontada pelo profeta como a razão decisiva para o fim da cidade. Ezequiel notou: “Porque Tiro disse contra Jerusalém: ‘Ah, ah! Está quebrada aquela que era a porta dos povos; agora se voltou para mim; eu me encherei; ela está devastada’. Portanto, assim diz o Senhor Deus: “Eis que sou contra ti, ó Tiro” (26:2-3). Visivelmente, em uma atitude de inveja e ganância comercial, a cidade de Tiro exultou nos infortúnios de Jerusalém, e esperava torná-los em seu próprio lucro. Entre a lista de atividades desprezíveis de Tiro, o comércio escravo da cidade estimava-se como um dos mais lucrativos. O profeta Joel notou que Tiro havia tomado o povo de Judá e Jerusalém e os vendido aos gregos, de modo que os tírios puderam “removê-los para longe de suas fronteiras” (Joel 3:6). Este procedimento covarde para com os habitantes de Judá não ficaria impune.

Em Ezequiel 26, o profeta mencionou vários eventos que ocorreriam em Tiro como castigo pela arrogância e ações inexoráveis da cidade. O que segue é uma extensa, mas necessária, citação desse capítulo.

Portanto assim diz o Senhor DEUS: “Eis que eu estou contra ti, ó Tiro, e farei subir contra ti muitas nações, como o mar faz subir as suas ondas, Elas destruirão os muros de Tiro, e derrubarão as suas torres; e eu lhe varrerei o seu pó, e dela farei uma penha descalvada. No meio do mar virá a ser um enxugadouro das redes; porque eu o falei, diz o Senhor DEUS; e servirá de despojo para as nações. E suas filhas, que estão no campo, serão mortas à espada; e saberão que eu sou o SENHOR”.

Porque assim diz o Senhor DEUS: “Eis que eu, desde o norte, trarei contra Tiro a Nabucodonosor, rei de Babilônia, o rei dos reis, com cavalos, e com carros, e com cavaleiros, e companhias, e muito povo. As tuas filhas que estão no campo, ele as matará à espada, e levantará um baluarte contra ti, e fundará uma trincheira contra ti, e levantará paveses contra ti. E disporá os seus aríetes contra os teus muros, e derrubará as tuas torres com os seus machados. Por causa da multidão de seus cavalos te cobrirá o seu pó; os teus muros tremerão com o estrondo dos cavaleiros, e das rodas, e dos carros, quando ele entrar pelas tuas portas, como os homens entram numa cidade em que se fez brecha. Com os cascos dos seus cavalos pisará todas as tuas ruas; ao teu povo matará à espada, e as tuas fortes colunas cairão por terra. E roubarão as tuas riquezas, e saquearão as tuas mercadorias, e derrubarão os teus muros, e arrasarão as tuas casas agradáveis; e lançarão no meio das águas as tuas pedras, e as tuas madeiras, e o teu pó. E farei cessar o ruído das tuas cantigas, e o som dos tuas harpas não se ouvirá mais. E farei de ti uma penha descalvada; virás a ser um enxugadouro das redes, nunca mais serás edificada; porque eu o SENHOR o falei”, diz o Senhor DEUS ...

Porque assim diz o Senhor DEUS: “Quando eu te fizer uma cidade assolada, como as cidades que não se habitam, quando eu fizer subir sobre ti o abismo, e as muitas águas te cobrirem, então te farei descer com os que descem à cova, ao povo antigo, e te farei habitar nas mais baixas partes da terra, em lugares desertos antigos, com os que descem à cova, para que não sejas habitada; e estabelecerei a glória na terra dos viventes. Farei de ti um grande espanto, e não mais existirás; e quando te buscarem então nunca mais serás achada para sempre”, diz o Senhor DEUS.

Vários aspectos desta profecia merecem atenção e cuidadoso escrutínio. O profeta predisse: (1) muitas nações viriam contra Tiro; (2) os habitantes das vilas e campos de Tiro seriam mortos; (3) Nabucodonosor construiria uma colina de assédio contra a cidade; (4) a cidade seria demolida e as pedras, a madeira e a terra seriam lançadas “no meio das águas”; (5) a cidade se tornaria um “lugar para escoadouro de redes”; e (6) a cidade nunca seria reedificada.

Em ordem cronológica, o cerco de Nabucodonosor ocorreu alguns meses depois da profecia de Ezequiel. Josefo, citando “os registros dos fenícios”, afirma que Nabucodonosor “sitiou Tiro durante treze anos nos dias de Itobal, seu rei” (Contra Ápion, 1.21). A extensão do cerco foi devido, em parte, à disposição incomum da cidade continental e da cidade insular. Embora a cidade continental fosse suscetível a táticas de assédio ordinárias, a cidade insular teria sido facilmente defendida contra os métodos clássicos de assédio (Fleming, p. 45). O registro histórico sugere que Nabucodonosor destruiu a cidade continental, mas o cerco da ilha “provavelmente terminou com a submissão nominal da cidade”, na qual Tiro se rendeu “sem receber o exército hostil dentro de suas muralhas” (p. 45). A cidade de Tiro foi cercada por Nabucodonosor, o qual provocou maior dano à continental, como Ezequiel predisse, mas a cidade insular permaneceu basicamente não afetada.

É neste ponto da discussão que alguns céticos vêem a profecia de Ezequiel como uma predição fracassada. Farrell Till declarou: “Nabucodonosor capturou de fato o subúrbio continental de Tiro, mas nunca conseguiu tomar a parte insular, que era a sede da grandeza tíria. Isto sendo assim, dificilmente se poderia dizer que Nabucodonosor deu largas à devastação total de Tiro que Ezequiel vituperativamente predisse nas passagens citadas” (n.d.). Till e outros sugerem que as profecias sobre a completa destruição de Tiro referem-se à obra de Nabucodonosor.

Porém, sob um exame cuidadoso do texto, tal interpretação está mal orientada. Ezequiel começou a sua profecia declarando que “muitas nações” viriam contra Tiro (26:3). Então, passou a citar Nabucodonosor, e disse que “ele” construiria uma colina de assédio, “ele” mataria com a espada, e “ele” faria diversas outras coisas (26:7-11). Contudo, em 26:12, o pronome muda do singular “ele” para o plural “elas”. É no verso 12 e nos seguintes que Ezequiel prediz que “elas” derrubariam as pedras e o material de construção de Tiro em “no meio das águas”. A mudança do pronome é de vasta importância, visto que isto altera o sujeito da ação de Nabucodonosor (ele) de volta para as muitas nações (elas). Till e outros não percebem esta mudança e erroneamente aplicam a completa destruição de Tiro aos esforços de Nabucodonosor.

Além disso, Ezequiel estava bem ciente do fracasso de Nabucodonosor em destruir a cidade. Dezesseis anos depois da sua predição inicial, no 27º. ano do cativeiro de Jeoiaquim (circa 570 a.C.), ele escreveu: “Filho do homem, Nabucodonosor, rei de Babilônia, fez com que o seu exército prestasse um grande serviço contra Tiro; toda a cabeça se tornou calva, e todo o ombro se pelou; e não houve paga de Tiro para ele, nem para o seu exército, pelo serviço que prestou contra ela” (29:18). Portanto, com respeito à profecia de Tiro, enquanto diz respeito à atividade de Nabudoconosor, ao menos dois elementos foram cumpridos (i.e., a colina de assédio e a matança dos habitantes no campo).

A respeito da predição de que “muitas nações” viriam contra Tiro, os registros históricos em torno da ilustre cidade relatam tamanho tumulto e guerra que a profecia de Ezequiel parece ser um suave abrandamento dos fatos. Após o ataque de Nabudocodonosor à cidade, “um período de grande depressão” infestou a cidade, a qual foi assimilada ao Império Persa por volta de 538 a.C. (Fleming, p. 47). Em 392 a.C., “Tiro envolveu-se na guerra que se levantou entre os persas e Evagorus de Chipre”, na qual o rei do Egito “tomou Tiro de assalto” (p. 52). Sessenta anos depois, em 332, Alexandre o Grande sitiou Tiro e a esmagou (vede abaixo para detalhamento adicional). Logo após esta derrota, Ptolomeu do Egito conquistou e subjugou Tiro até cerca de 315 a.C., quando Antígono da Síria cercou Tiro durante 15 meses e a capturou (Fleming, p. 65). Na verdade, Tiro foi combatida por tantas forças estrangeiras que Fleming escreveu: “Parecia sempre que o destino das cidades fenícias estava entre a parte superior e inferior de uma mó” (p. 66). Babilônia, Síria, Egito, Roma, Grécia, Armênia e Pérsia são apenas uma amostra das “muitas nações” que tiveram parte na destruição final de Tiro. Assim, a profecia de Ezequiel sobre “muitas nações” permanece sendo uma realidade histórica que não pode ser negada com êxito.

Alexandre e Tiro

O relato histórico do procedimento de Alexandre o Grande com Tiro acrescenta outro ponto importante à profecia de Ezequiel. Por volta de 333 a.C., a profecia de Ezequiel de que Tiro seria destruída e seu material de construção lançado no meio das águas ainda estava por se materializar. Mas essa situação logo seria alterada. O historiador antigo Diodoro Sículo, que viveu aproximadamente de 80 a 20 a.C., escreveu amplamente acerca do procedimento do jovem conquistador grego com Tiro. É de sua obra original que se deriva grande parte da informação a seguir sobre a destruição de Tiro (vede Siculus, 1963, 17.40-46).

Em seu procedimento com Tiro, Alexandre afirmou que desejava fazer um sacrifício pessoal no templo de Herácles na cidade insular de Tiro. Aparentemente, porque os tírios consideravam seu refúgio insular virtualmente inexpugnável, com máquinas de guerra cobrindo as muralhas, e águas rápidas que funcionavam como uma barreira eficaz a um ataque continental, eles recusaram o seu pedido. Ao receber a sua recusa, Alexandre imediatamente começou a trabalhar em um plano para sitiar e conquistar a cidade. Ele iniciou a tarefa de construir uma ponte de terra ou passadiço (Sículo a chama de “dique”) desde a cidade continental de Tiro até a cidade insular. Sículo explicou: “Imediatamente ele demoliu o que era chamado de Antiga Tiro e pôs dezenas de milhares de homens para trabalhar carregando pedras para construir um dique” (17.40). Curtius Rufus notou: “Grandes quantidades de rocha estavam disponíveis, fornecidas pela antiga Tiro” (4.2.18). Esta ação sem precedentes apanhou os tírios de completa surpresa. Fleming observou: “Em tempos anteriores, a cidade havia se mostrado quase inexpugnável. Que o método de ataque de Alexandre não fosse previsto não é estranho, pois não havia precedente para o mesmo nos anais da guerra” (p. 56). E, contudo, ainda que esta ação fosse militarmente sem precedentes, era exatamente o que alguém poderia esperar a partir da descrição da destruição de Tiro dada por Ezequiel, centenas de anos antes das ações de Alexadnre. A cidade continental foi demolida e todas as suas pedras, madeira e terra foram lançados no meio do mar.
Esta visão aérea de Tiro mostra nitidamente a ponte terrestre que Alexandre
criou. Muito lodo e areia se acumularam através dos anos, ampliando a área do
passadiço original.
Apesar do fato de os tírios serem tomados de surpresa, eles não desanimaram, porque não acreditavam que os esforços de Alexandre prevaleceriam. Eles continuaram a manter a supremacia no mar, e fustigavam seus operários de todos os lados a partir de barcos que estavam equipados com catapultas, fundeiros e arqueiros. Estas táticas foram eficazes, matando muitos dos homens de Alexandre. Mas Alexandre não seria superado. Ele reuniu sua própria frota de navios desde as cidades próximas e conseguiu neutralizar a eficácia das embarcações tírias.

Com a chegada da frota marítima de Alexandre, o trabalho na ponte de terra moveu-se bem mais rapidamente. Contudo, quando a construção da ponte estava quase se completando, uma tempestade danificou uma grande seção do dique. Recusando-se a desistir, Alexandre reconstruiu a estrutura danificada e continou a mover-se adiante. Em desespero, os tírios enviavam mergulhadores para que impedissem a construção, prendendo ganchos às rochas e árvores do passadiço, causando muito dano (Rufus, 4.3.10). Contudo, estes esforços pelos tírios não puderam deter o exército de Alexandre e eventualmente a ponte se estendeu por toda a distância desde a cidade continental até a ilha. Imensas máquinas de sítio bombardearam as muralhas de Tiro. A descrição da luta por Sículo é um dos relatos mais vívidos de uma batalha na história antiga (17.43-46).

Eventualmente, os tírios foram derrotados, suas muralhas penetradas, e as forças de Alexandre entraram na cidade e a devastaram. A maioria dos homens de Tiro foram mortos em combate contínuo. Sículo registrou que aproximadamente 13.000 “não-combatentes” foram vendidos à escravidão (17.46) [Outros estimam um número ainda maior]. Ao descrever a devastação da cidade por Alexandre, Fleming escreveu: “Houve matança geral nas ruas e na praça. Os macedônios se enfureceram pela resistência obstinada da cidade e especialmente pelo assassinato recente de alguns dos seus compatriotas; por isso não mostraram misericórdia. Uma grande parte da cidade foi incendiada” (p. 63).

O registro histórico secular detalhando a destruição de Tiro por Alexandre coincide precisamente com a profecia de Ezequiel concernente ao que aconteceria com seus materiais de construção. Como Ezequiel havia predito, as pedras, a madeira e a terra da cidade continental foram lançadas em meio ao mar em uma manobra militar sem precedentes. Para Ezequiel ter “conjeturado” precisamente esta situação, seria necessário estender a lei da probabilidade além das raias do absurdo. Sua representação pontualmente exata dos fatos permanece como proeminente e surpreendente prova da inspiração divina por detrás da sua mensagem.

Aspectos Adicionais da Profecia de Tiro

Um dos aspectos mais disputados concernentes à profecia de Ezequiel é a declaração de que a cidade de Tiro “nunca mais seria edificada” (26:14), e “não seria mais para sempre” (28:19). O cético aponta para a Tiro moderna e sugere que estas declarações fracassaram em se materializar. Till declarou: “De fato, Tiro existe ainda hoje, como qualquer um capaz de ler um mapa pode verificar. Este óbvio fracasso de um profeta altamente angariado do Antigo Testamento é apenas mais um prego no esquife da doutrina da inerrância bíblica” (n.d.).

Várias soluções possíveis desfazem este suposto problema. Primeiro, poderia ser o caso de que a maior parte da profecia de Ezequiel tratasse da cidade continental de Tiro, cuja localização é mais provável que tenha se perdido permanentemente e esteja soterrada sob as águas do Mar Mediterrâneo. Esta solução possui mérito por diversas razões. Em aproximadamente 1170 a.D., um viajante judeu chamado Benjamin de Tudela publicou um diário de suas viagens. “Benjamin começou a sua jornada desde Saragossa, por volta do ano 1160, e durante o curso de treze anos visitou mais de 300 cidades em uma grande variedade de lugares, incluindo a Grécia, Síria, Palestina, Mesopotâmia e Pérsia” (Benjamin de Tudela, n.d.). Em suas memórias, inclui-se uma seção a respeito da cidade de Tiro.

Desde Sidom a jornada é de um dia e meio até Sarepta (Sarfend), a qual pertence a Sidom. A partir daí, é de meio dia até a Nova Tiro (Sur), que é uma cidade muito agradável, com um porto no seu centro ... Não há nenhum porto como este em todo o mundo. Tiro é uma bela cidade ... Na vizinhança encontra-se açúcar de alta qualidade, pois os homens plantam-no aqui, e as pessoas vêm de todas as terras para comprá-lo. Um homem pode subir nas muralhas da Nova Tiro e ver a antiga Tiro, que o mar agora encobriu, estando a um tiro de pedra desde a nova cidade. E, se alguém se importar em ir até lá de barco, poderá ver os castelos, mercados, ruas e palácios no leito do mar (1907, ênfase acrescentada).

A partir deste texto do século doze a.D., então, somos informados de que, por volta daquele tempo, a cidade conhecida como antiga Tiro estava completamente soterrada debaixo do mar, e uma nova cidade, mais provavelmente em alguma parte da ilha, havia sido erigida. George Davis, em seu livro Fulfilled Prophecies that Prove the Bible, incluiu uma foto de pescadores sírios sob a qual se via a seguinte legenda: “Pescadores sírios recolhendo suas redes no provável local da antiga Tiro, a qual pereceu conforme predito pelo profeta” (1931, p. 11). Em sua obra monumental sobre a cidade de Tiro, Katzenstein mencionou diversas fontes antigas que discutiam a posição da “Antiga Tiro”. Ele escreveu: “Mais tarde esta cidade foi demolida por Alexandre o Grande em seu famoso cerco de Tiro, e desapareceu totalmente, com a mudança da linha costeira criada pelo dique e os depósitos aluviais que transformaram Tiro em uma península” (1973, p. 15, ênfase acrescentada).

É bem provável o caso de que o local específico da antiga Tiro tenha sido soterrado por areia e água durante o curso dos últimos 2.500 anos, e esteja perdido ao conhecimento moderno. Que o profeta estava falando sobre a cidade continental, com respeito a muitos aspectos da sua profecia, tem muito em sua recomendação. Foi para essa cidade continental que o rei Nabucodonosor mais dirigiu a sua atenção e medidas destrutivas descritas em Ezequiel 26:8-11. Além disso, foi a cidade continental que Alexandre destruiu completamente e lançou no mar para construir o seu passadiço até a cidade insular. Ademais, a citação de Benjamin Tudela corresponde precisamente à declaração que o profeta fez na última parte do capítulo 26: “Pois assim diz o Senhor Deus: ‘Quando eu te fizer uma cidade desolada, como as cidades que não são habitadas, quando eu trouxer a profundeza sobre ti, as grandes águas te cobrirem’” (26:19, ênfase acrescentada). Ademais, Katzenstein observou que o estudioso H. L. Ginsberg sugeriu que o nome “Grande Tiro” fosse dado à cidade continental, enquanto a cidade insular fosse designada como “Pequena Tiro” (p. 20). Ele ainda notou 2 Samuel 24:7, que menciona “a fortaleza de Tiro”, e comentou que isto “pode se referir à ‘Antiga Tiro’”, ou à cidade continental (p. 20).

Além da idéia de que a parte principal da profecia lidava com a cidade continental, existem outras soluções possíveis que satisfariam suficientemente aos critérios de que Tiro “nunca mais seria edificada” e “não seria mais para sempre”. Embora seja verdade que atualmente exista de fato uma cidade sobre a ilha, esta cidade não é uma Tiro “reedificada”, e não tem nenhuma conexão real com a cidade condenada por Ezequiel, exceto o seu local. Se a história de Tiro for mais perfeitamente traçada, torna-se evidente que até mesmo a cidade insular de Tiro sofreu completa destruição. Fleming notou que, em aproximadamente 193 a.D., “Tiro foi saqueada e queimada após um terrível morticínio de seus cidadãos” (1966, p. 73). Por volta do ano 1085, os egípcios “conseguiram submeter Tiro, a qual por muitos anos havia sido praticamente independente” (p. 85). Mais uma vez, por volta de 1098, o vizir do Egito “entrou na cidade e massacrou um grande número de pessoas” (p. 88). Ademais, a cidade foi sitiada em 1111 a.D. (p. 90), e novamente em abril de 1124 (p. 95). Por volta do ano 1155, os egípcios entraram em Tiro, “fizeram um ataque repentino com fogo e espada ... e levaram muitos prisioneiros e muito saque” (p. 101).

Além das campanhas militares contra a cidade, ao menos dois grandes terremotos castigaram a cidade, dos quais um “arruinou a muralha em torno da cidade” (p. 115). E, finalmente, em 1291 a.D., o sultão Halil massacrou os habitantes de Tiro e submeteu a cidade a completa ruína. “Casas, fábricas, templos, tudo na cidade foi entregue à espada, às chamas e à ruína” (p. 122). Após esta grande derrota em 1291, Fleming cita alguns registros de viagem em que visitantes da cidade mencionam que os cidadãos da área em 1697 eram “apenas uns pobres miseráveis ... subsistindo principalmente da pesca” (p. 124). Em 1837, outro terremoto triturou os vestígios da cidade, de modo que as ruas se encheram de escombros de casas desabadas, a tal ponto que eram intransponíveis (p. 128).

Tendo estes eventos em consideração, é óbvio que muitas nações continuaram a vir contra a cidade insular, que ela foi destruída em diversas ocasiões, e que tornou-se um lugar de pesca, cumprindo a predição de Ezequiel sobre o enxugadouro de redes. Além disso, é evidente que os múltiplos períodos de destruição e reconstrução da cidade desde muito tempo soterraram a cidade fenícia que esteve sob a condenação de Ezequiel. A Columbia Encyclopedia, sob o verbete Tiro, notou: “As principais ruínas da cidade hoje são as dos edifícios erigidos pelos cruzados. Existem alguns vestígios greco-romanos, mas nenhum deixado pelos fenícios encontra-se abaixo da cidade atual” (“Tiro”, 2006, ênfase acrescentada).

Concernente à condição atual de Tiro, outras fontes notaram que o “contínuo povoamento tem restringido a excavação até os níveis bizantino e romano, e a informação sobre a cidade fenícia deriva-se apenas de fontes documentárias” (“Tiro Antiga ...”, n.d., ênfase acrescentada). Outro relato confirmou: “Os vestígios escavados são dos tempos pós-fenício greco-romano, cruzado, árabe e bizantino ... Quaisquer sinais da cidade fenícia ou foram destruídos há muito tempo ou permanecem soterrados sob a cidade moderna” (“Fenícia Antiga”, n.d., ênfase acrescentada). Assim, a única relação que a cidade atual mantém com a antiga do tempo de Ezequiel é o local, e os edifícios, ruas e outras características atuais são versões não “reedificadas” da cidade original. Se a profecia de Ezequiel se estendia à cidade insular do mesmo modo que à cidade continental, pode-se defender legitimamente que as ruínas que jazem sob a cidade não foram “reedificadas”.

Quando Ezequiel Profetizou?

Alguns têm questionado a data da composição de Ezequiel, devido à impressionante precisão da profecia em relação às suas predições concernentes a Tiro. Contudo, o livro de Ezequiel possui muita coisa que favorece a idéia de que foi composto por Ezequiel durante o tempo que alega ter sido escrito. Quando Ezequiel escreveu seu material? Kenny Barfield notou que, apesar da crença de que a revelação sobrenatural seja impossível,

nenhuma evidência apóia a tese de que as predições de Ezequiel foram redigidas posteriormente a 400 a.C. Ademais, o livro (Ez 1:1; 8:1; 33:1; 40:1-4) afirma ter sido composto pelo profeta em algum momento do século sexto a.C., e Josefo atribui o livro ao profeta hebreu durante o tempo em questão (1995, p. 98).

Além disso, Ezequiel foi incluído na Septuaginta, a qual é a “versão mais antiga das Escrituras do Antigo Testamento” disponível – uma tradução do hebraico para o grego que foi “executada em Alexandria no século três antes da era cristã” (Septuaginta, 1998, p. i).

Simon Greenleaf, advogado que é famoso por ter representado um papel importante na fundação da Faculdade de Direito de Harvard, e por ter escrito o Treatise on the Law of Evidence, escrutinou diversos documentos bíblicos à luz dos procedimentos praticados em um tribunal de direito. Ele observou uma das leis primárias concernentes a documentos antigos: “Todo documento, aparentemente antigo, procedente do repositório ou custódia própria, e não trazendo em seu aspecto nenhum sinal evidente de falsificação, a lei presume ser genuíno, e transfere à parte opositora o ônus de prová-lo ser o contrário” (1995, p. 16). Ele então notou que “este é precisamente o caso com os Escritos Sagrados. Eles têm sido usados na igreja desde tempo imemorial, e assim se encontram no lugar onde exclusivamente deveriam ser buscados” (pp. 16-17). Especificamente com respeito a Ezequiel, este é exatamente o caso. Se o profeta o escreveu no século sexto a.C., sua obra está exatamente onde deveria estar, traduzida na Septuaginta por volta do ano 250 a.C., e mencionada como sendo do período de tempo apropriado por Josefo, aproximadamente em 90 a.D.

Ademais, o mundo erudito reconheceu a autenticidade e data original de composição do livro de forma virtualmente unânime por quase 1.900 anos. Os eminentemente respeitados estudiosos de hebraico Keil e Delitzsch, que escreveram no final do século XIX, comentaram: “A autenticidade das profecias de Ezequiel é, nos dias de hoje, unanimemente reconhecida por todos os críticos. Além disso, não existe mais qualquer dúvida de que o registro e a redação delas no volume que foi transmitido a nós foi obra do próprio profeta” (1982, 9:16). De fato, Archer notou que nenhuma objeção séria à integridade do livro foi sequer apresentada até 1924 (1974, p. 369).

Objeções à Autenticidade de Ezequiel Consideradas

Com respeito às objeções que têm se apresentado, conforme notou Greenleaf, o ônus da prova concernente à autenticidade de Ezequiel está com aqueles que o consideram não-autêntico. Contudo, longe de provar tal coisa, eles têm apresentado sugestões sutis baseadas em supostas inconsistências internas. Primeiro, estes críticos têm proposto que a obra não poderia ser de um só homem, visto que algumas seções estão cheias de descrições de condenação e destruição, enquanto outras ressoam com esperança e livramento. Esta suposta inconsistência mantém pouco peso, conforme notou Miller:

Naturalmente, este ponto de vista está baseado em considerações puramente subjetivas. Não existe nenhuma razão inerente que impeça um único escritor de apresentar ambas as ênfases. Na verdade, virtualmente todos os profetas do Antigo Testamento anunciam juízo sobre o povo de Deus e/ou seus vizinhos e depois fazem seguir essa sentença de juízo com palavras de esperança e restauração futura, se houver arrependimento ... Deve-se estar de posse de uma perspectiva preconceituosa ao abordar a Escritura para se chegar a tal conclusão (1995, p. 138).

A segunda objeção à integridade de Ezequiel tem pouco em recomendação pouco mais do que a primeira. A segunda “prova” da suposta natureza inautêntica do livro gira em torno do fato de que, em certas seções, Ezequiel parece ser uma testemunha ocular dos eventos que estão acontecendo na Palestina, enquanto ao mesmo tempo ele alega estar escrevendo desde Babilônia. Esta objeção pode ser tratada rapidamente de uma dupla maneira. Primeiro, seria possível, e muito provável, que as notícias viajassem desde o remanescente dos israelitas ainda livres na Palestina até aos cativos na Babilônia. Segundo, e mais provavelmente, se Ezequiel era guiado por inspiração divina, ele poderia ter recebido a capacidade de conhecer eventos na Palestina que não via (vede Miller, 1995, pp. 138-139). Levando em consideração a profecia de Tiro, está claro que Ezequiel de fato possuía/recebia revelação que lhe permitia relatar eventos que não havia visto e que ainda estavam por acontecer.

Uma terceira objeção à autenticidade de Ezequiel na verdade não se mostra ser uma objeção de modo algum, mas antes uma confirmação da integridade de Ezequiel. W. F. Albright, o eminente e respeitado arqueólogo, notou que um dos “principais argumentos contra a autenticidade da profecia” (do livro de Ezequiel – KB) de C. C. Torrey era o fato de que Ezequiel data as coisas pelos “anos do cativeiro de Jeoiaquim” (1948, p. 164). Supostamente, Jeoiaquim não teria sido aludido como “rei”, visto que se encontrava cativo em outra terra e não mais governava em sua própria terra. Até cerca de 1940, este argumento parecia possuir algum mérito. Mas, nesse ano, foram trazidas à luz tabuinhas babilônicas contendo uma inscrição cuneiforme apresentando a descrição babilônica de Jeoiaquim como rei de Judá, ainda que estivesse em cativeiro (p. 165). Albright concluiu dizendo: “As datas incomuns em Ezequiel, muito longe de serem indicações de que o livro não é autêntico, provam a sua autenticidade de um modo mui surpreendente” (p. 165).

Devido ao fato de que os críticos modernos têm fracassado em assumir o ônus da prova posto sobre eles para desacreditar a integridade e autenticidade de Ezequiel, Smith corretamente declarou: “Os estudos críticos do Livro de Ezequiel durante os últimos cinqüenta anos mais ou menos têm em grande parte se anulado uns aos outros. A situação agora é muito idêntica a de antes de 1924 (a obra de Hoelscher), quando a unidade e integridade do livro eram geralmente aceitas pelos críticos” (Smith, 1979, p. 33). Miller corretamente concluiu: “Todas as teorias e especulações que trazem em questionamento a unidade e integridade do livro de Ezequiel são dúbias ... A visão mais convincente é a tradicional, que vê Ezequiel como o há muito reconhecido profeta hebreu do século sexto e autor do livro do Antigo Testamento que traz o seu nome” (1995, p. 139).

Conclusão

Tão precisas foram as profecias feitas por Ezequiel que os céticos foram forçados a sugerir uma data posterior para os seus escritos. Contudo, tal data posterior não pode ser sustentada, e a admissão da precisão de Ezequiel permanece como evidência irrefutável da inspiração divina do profeta. Com o olhar penetrante que só pode ser mantido pelo divino, Deus contemplou centenas de anos no futuro e instruiu Ezequiel precisamente quanto ao que escrever, para que, nos séculos posteriores às predições, o cumprimento de cada detalhe das palavras do profeta não pudessem ser negados por nenhum estudante honesto da história. “Quando a palavra do profeta se cumprir, o profeta será conhecido como aquele que o Senhor verdadeiramente enviou” (Jeremias 28:9). A profecia precisa de Ezequiel acrescenta mais uma evidência insuperável ao fato de que “toda a Escritura é inspirada por Deus” (2 Timóteo 3:16).

Referências

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“Tyre” (2006), Columbia Encyclopedia, [On-line], URL: http://yahooligans.yahoo.com/reference/encyclopedia/entry?id=48355.

Copyright © 2006 Apologetics Press

Fonte: Apologetics Press (http://www.apologeticspress.org)
Tradução: Rodrigo Reis de Faria

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Taoísmo e Cristianismo


Michael Gleghorn


Contexto Histórico

Considera-se tradicionalmente que a filosofia do Taoísmo originou-se na China, com um homem chamado Lao Tzu. Embora alguns estudiosos tenham dúvida quanto a se ele foi realmente um personagem histórico, a tradição data sua vida de 604 a 517 a.C. A história afirma que Lao Tzu, “entristecido pela indisposição de seu povo em cultivar a bondade natural que ele advogava”,(1) decidiu seguir para o oeste e abandonar a civilização. Quando estava partindo, o guarda do portão pediu que ele registrasse seus ensinos para benefício da sociedade. Lao Tzu consentiu, recolheu-se por alguns dias, e voltou com uma breve obra chamada Tao Te Ching, “O Clássico do Caminho e seu Poder”.(2) Contém “81 breves capítulos descrevendo o sentido do Tao e como se deve viver de acordo com o Tao”.(3)

O termo Tao é tipicamente traduzido como “caminho”, mas também pode ser traduzido como “vereda”, “estrada” ou “rota”. É interessante, porém, que certo estudioso cita James Legge dizendo que o termo poderia até ser entendido “em um sentido triplo de ‘ser’, ‘razão’ e ‘fala’ ao mesmo tempo”.(4)

Após Lao Tzu, provavelmente o filósofo taoísta mais importante foi Chuang Tzu, o qual em geral acredita-se ter vivido mais ou menos entre 399 e 295 a.C.(5) Assim como o filósofo grego Heráclito, Chuang Tzu via toda a realidade como “dinâmica e sempre mutável”.(6) Assim como Heráclito também, ele adotou uma espécie de relativismo moral, crendo que não existe diferença absoluta entre o que os homens chamam de bem e mal, pois todos os contrários são reconciliados no Tao.(7)

Durante toda a história, as idéias taoístas têm sido expressas de diversas formas. Huston Smith, em The World’s Religions, divide o pensamento taoísta em três campos diferentes, embora relacionados – taoísmo filosófico, “vitalizante” e religioso.(8)

Historicamente, os dois mais proeminentes representantes do taoísmo filosófico foram Lao Tzu e Chuang Tzu. O objetivo principal do taoísmo filosófico é “viver de uma forma que conserve a vitalidade da vida, não a despendendo de formas inúteis e drenadoras, dentre as quais as principais são o atrito e o conflito”.(9) Faz-se isto vivendo em harmonia com o Tao, ou Caminho, de todas as coisas: o Caminho da natureza, da sociedade, e do eu. Os filósofos taoístas têm um conceito particular que caracteriza a ação que está em harmonia com o Tao. Eles a chamam de wu-wei. Literalmente, significa “não-ação”, mas, falando em termos práticos, significa não adotar nenhuma ação que seja contrária à natureza. Assim, “ação no modo do wu-wei é a ação na qual o atrito – em relacionamentos interpessoais, em conflito intrapsíquico, e em relação à natureza – é reduzido ao mínimo”.(10)

Os taoístas “vitalizantes” têm um enfoque diferente sobre a vida. Ao invés de tentar conservar a vitalidade, não adotando nenhuma ação contrária à natureza, os taoístas “vitalizantes” desejam aumentar sua quota disponível de energia vital, à qual se referem como ch’i. Os taoístas “vitalizantes” têm procurado maximizar o ch’i, ou energia vital, através de – entre outras coisas – nutrição, exercícios de respiração, e meditação.(11) A última variedade, o taoísmo religioso, só tomou forma no segundo século a.D.(12) Os taoístas religiosos procuram utilizar ritos mágicos para controlar poderes ocultos com fins humanitários no mundo físico.(13) Infelizmente, esta forma de Taoísmo está cheia de muitas superstições nocivas.

O Taoísmo de Lao Tzu

Tendo descrito brevemente as três formas dominantes de Taoísmo, voltemos agora nossa atenção para o pensamento de Lao Tzu no Tao Te Ching.

Em primeiro lugar, o que Lao Tzu ensinou sobre o Tao? É interessante (e um tanto irônico) que o Tao Te Ching começa dizendo que palavras não são adequadas para explicar o Tao: “O Tao que pode ser expresso não é o Tao eterno”.(14)

É claro que, só porque palavras não podem explicar adequadamente o Tao não significa que não podemos ter absolutamente nenhuma idéia acerca do Tao. Na verdade, se fosse assim, a primeira sentença deveria também ser a última. Mas não foi assim. Por isso, o capítulo 25 afirma que, em parte:

Havia algo indiferenciado, e contudo completo,
Que existia antes do céu e da terra.
Sem som e sem forma, não depende de nada e não muda.
Opera em toda a parte e está livre de perigo.
Pode ser considerado a mãe do universo.
Não sei o seu nome; eu o chamo de Tao.(15)

Desta passagem aprendemos muita coisa sobre o Tao: existia antes do mundo físico;(16) é independente e imutável (i.e. não muda); sua ação é onipresente; e, finalmente, “pode ser considerado a mãe do universo”. É muito interessante que o Tao, conforme descrito acima, parece compartilhar de muitos atributos do conceito cristão de Deus. Contudo, é importante ter em mente que algumas dessas similaridades são mais aparentes do que reais – e também existem diferenças importantes. Mencionaremos algumas delas depois.

Outra forma de descrever o indescritível é dizer aquilo a que o Tao mais se parece. O análogo mais próximo do Tao no mundo físico é a água. Assim, lemos no capítulo 8:

O melhor (homem) é como água.
A água é boa; ela beneficia todas as coisas e não compete com elas.
Ela habita em lugares (inferiores) que todos desprezam.
É por isso que ela é tão próxima do Tao.(17)

De acordo com Lao Tzu, o homem deveria se moldar de acordo com o Tao. Visto que a água se parece tanto com as obras do Tao, o sábio taoísta poderia tirar certas lições para o comportamento humano observando cuidadosamente o comportamento da água. Assim, o sábio poderia observar as qualidades benéficas da água, e que essas qualidades são combinadas com a tendência natural da água de buscar os lugares mais baixos. Podem ter sido observações como essas que levaram Lao Tzu a concluir o seu clássico assim:

O Caminho do Céu é beneficiar os outros, e não prejudicar. O Caminho do sábio é agir, mas não competir.(18)

Tais princípios têm implicação não apenas para o indivíduo, mas também para a sociedade. Uma aplicação apropriada do Tao à arte de governo requer o princípio do wu-wei (i.e. não ter nenhuma ação contrária à natureza). O Taoísmo busca mais um relacionamento harmonioso com a natureza do que um domínio ou interferência. De modo semelhante, Lao Tzu acreditava que o melhor governo era aquele que interferiria o mínimo nos governados (i.e. um enfoque laissez-faire).(19) Enquanto os homens viverem em harmonia com o Tao, tanto sua vida privada como pública estarão livres de conflito. Mas quando o Tao é abandonado, o conflito é inevitável – e com ele a miséria, a opressão e a guerra.(20)

O Taoísmo de Chuang Tzu

Em alguns aspectos, o taoísmo de Chuang Tzu representa um afastamento significativo do de Lao Tzu. Mesmo assim, existem também similaridades importantes que não deveriam ser ignoradas. Uma delas diz respeito à relação do Tao com o universo físico. Em palavras recordativas do Tao Te Ching, Chuang Tzu declara:

Antes que o céu e a terra viessem à existência, o Tao existia por si mesmo desde todo o tempo ... Ele criou o céu e a terra ... Ele é antes do céu e da terra ...(21)

A parte mais interessante desta declaração é a afirmativa de que o Tao “criou o céu e a terra”. Como devemos entender isto? Chuang Tzu via o Tao como Criador no mesmo sentido em que os cristãos aplicam este termo a Deus? Provavelmente, não. Ao tratar dessas questões, certo comentarista escreveu: “Qualquer Deus pessoal ... está claramente fora de harmonia com a filosofia de Chuang Tzu”.(22) Propriamente falando, os taoístas vêem o Tao mais como um princípio do que como uma pessoa.

Esta distinção é percebida mais claramente quando se considera a filosofia moral de Chuang Tzu. Chuang Tzu adotou uma doutrina de relativismo moral; ou seja, ele não acreditava que houvesse realmente qualquer distinção absoluta entre o que os homens chamam de “certo” e “errado”, ou “bom” e “mau”. Ele escreve:

Em seu próprio sentido, as coisas estão todas corretas ... a generosidade, a estranheza, o engano e a anormalidade. O Tao identifica todas como uma só.(23)

Esta afirmação ajuda a esclarecer por que a noção de um Deus pessoal é inconsistente com a filosofia de Chuang Tzu. As pessoas fazem distinções, têm preferências, e escolhem uma coisa ao invés de outra. Contudo, de acordo com Chuang Tzu, o Tao não faz nenhuma distinção entre certo e errado, mas os identifica como um só.

Isto possui sérias implicações para os seguidores do Tao. A menos que treinadas para suprimirem tais idéias, a maioria das pessoas inerentemente reconhecem a validade das distinções morais. Na verdade, Chuang Tzu confirma isto, mas deprecia aqueles que adotam tais distinções dizendo que “entendem mal ... a realidade das coisas” e “devem ser ou estúpidos ou estar incorretos”.(24) Uma vez que o alvo do sábio taoísta é viver toda a vida em harmonia com o Tao, parece que Chuang Tzu queria que seus seguidores abandonassem distinções morais genuínas. Esta parece ser a sua intenção quando escreve: “... o sábio harmoniza o certo e o errado e repousa na equalização natural. Isto se chama seguir dois cursos ao mesmo tempo”.(25) Na minha opinião, isto representa um completo afastamento das doutrinas de Lao Tzu. É verdade que ligeiros traços de relativismo moral podem ser encontrados no Tao Te Ching, mas Chuang Tzu eleva esta doutrina a um lugar de importância central em sua própria filosofia.

Finalmente, algo deve ser dito sobre a crença de Chuang Tzu de que toda a realidade é caracterizada por incessante mudança e transformação. Embora Heráclito já tivesse ensinado uma doutrina semelhante aos gregos, certo estudioso assinala a originalidade deste conceito na China, chamando-o de “uma nova nota na filosofia chinesa”.(26) De acordo com Chuang Tzu:

As coisas nascem e morrem ... elas estão ora cheias, ora vazias, e sua forma física não é fixa ... O tempo não pode ser embargado. A sucessão de declínio, crescimento, plenitude e vazio seguem num ciclo, cada fim tornando-se um novo começo. Esta é a maneira de falar sobre o ... princípio de todas as coisas.(27)

Com Chuang Tzu, a doutrina da mudança assumiu algo de um significado permanente no pensamento taoísta.

Heráclito, Chuang Tzu e o Apóstolo João

Heráclito foi um filósofo grego que se distinguiu por volta de 500 a.C. Embora haja diferenças, as semelhantes entre a sua filosofia e a de Chuang Tzu são muito impressionantes. Ambos defendiam a doutrina do monismo, crendo que toda a realidade é essencialmente una, ou da mesma essência. Ambos enfatizavam que esta realidade está em um estado de constante mudança e transformação. E ambos adotavam uma doutrina de relativismo moral, a idéia de que não existe nenhum padrão moral objetivo que seja universalmente verdadeiro para todas as pessoas em todos os tempos. À luz destas semelhanças, não é surpreendente que Fritjof Capra se referisse a Heráclito como o “‘taoísta’ grego”.(28)

Mas aqui surge uma distinção que é muito importante para o resto desta discussão. Heráclito escreveu em grego; Chuang Tzu escreveu em chinês. Assim, Heráclito nunca se referiu explicitamente ao Tao, pois este é um termo chinês. Contudo, ele começou de fato a usar uma palavra grega particular em um sentido técnico, novo, para comunicar conceitos semelhantes (embora não idênticos) aos do Tao. A palavra grega que Heráclito escolheu era logos.(29) Dependendo do seu contexto, a palavra logos pode ter uma variedade de significados; contudo, é mais comumente usada no sentido de “palavra”, “mensagem”, “fala” e “razão”. É a palavra que João usou a respeito do Cristo pré-encarnado, no prólogo do seu Evangelho, quando escreveu: “No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus” (João 1:1). Neste verso, é o termo grego logos que é traduzido como “Palavra”. Agora, pense novamente no começo desta discussão. Foi mencionado que, embora Tao seja geralmente traduzido como “caminho” ou “estrada”, ao menos um estudioso disse que o termo poderia também ser entendido “em um sentido triplo de ‘ser’, ‘razão’ e ‘fala’ ao mesmo tempo”.(30) Isto torna possível uma comparação conceitual com o termo logos.

Mas apenas uma comparação. Os termos não significam exatamente a mesma coisa e não seriam intercambiáveis em todos os contextos. Mesmo assim, alguns tradutores têm visto bastante similaridade para justificar o uso de um termo em lugar do outro em ao menos alguns contextos. Lembra-se do prólogo de João? A tradução chinesa diz: “No princípio era o Tao, e o Tao estava com Deus, e o Tao era Deus”. O que devemos fazer quanto a isto?

Provavelmente, a primeira questão que devemos considerar é se o Apóstolo João fora influenciado pelo pensamento pagão em seu uso do termo logos. Embora houvesse muitos estudiosos no passado que pensassem que ele fora, a tendência da erudição contemporânea tem se afastado de tais noções.(31) Na verdade, a erudição mais recente sustenta que precisamos apenas olhar para a Septuaginta, a tradução grega da Bíblia hebraica, para encontrar a fonte da doutrina do logos de João. Na Bíblia hebraica, a frase “A palavra do Senhor” é usada muitas vezes. E, mui frequentemente, o termo hebraico para palavra foi traduzido para o grego como logos. Visto que João pretende comunicar que Jesus é a Palavra de Deus encarnada, não precisamos olhar para nada além da Septuaginta para encontrar a fonte desta doutrina. Assim, João foi mais provavelmente influenciado pelas escrituras judaicas do que pela filosofia pagã na sua doutrina do logos.

Taoísmo e Cristianismo

Considerando que o Apóstolo João, em sua doutrina do logos, foi influenciado provavelmente pela Septuaginta, o que os leitores gentios, não familiarizados com a Septuaginta, mas bastante familiarizados com a filosofia grega, fariam com o Evangelho de João? Uma dificuldade semelhante surge com a tradução chinesa: poderia o uso do termo Tao não afetar a sua compreensão a respeito de Cristo?

É claro que poderia. Na verdade, parece que o uso de João do termo logos influenciou algumas pessoas a lerem idéias a partir da filosofia grega na sua concepção a respeito de Cristo. De modo semelhante, alguns leitores chineses poderiam interpretar Cristo de uma maneira mais taoísta devido ao uso do termo Tao no Evangelho de João. Todos nós abordamos cada texto com certa pré-concepção que naturalmente influencia a nossa interpretação. Mesmo assim, parece haver certos limites quanto a até onde isto pode razoavelmente influenciar a nossa interpretação acerca de Cristo no Evangelho de João. Considere uma afirmação de D. H. Johnson:

... semelhanças verbais não implicam necessariamente em semelhanças conceituais. O uso de palavras semelhantes em sentidos aparentemente semelhantes pode nos enganar, fazendo-nos pensar que dois autores estão discutindo o mesmo conceito. Somente quando um documento é entendido em seu próprio direito é que pode ser comparado com outro que também deve ser entendido em seu próprio direito”.(32)

Poderíamos dizer que todo texto, até certo ponto, vai impor um sentido particular ao termos que usa. Na tradução chinesa do Evangelho de João, logo se torna evidente que o termo Tao, embora retendo algo do seu sentido original, foi dotado de um notável significado novo! Como assim?

Primeiro, embora Chuang Tzu atribua ao Tao a criação, não deveríamos entender o Tao como um Criador pessoal. Em contraste, como escreve D. H. Johnson, “o sentido de logos no prólogo joanino é claro. A Palavra é a pessoa da Divindade através da qual o mundo foi criado”.(33) Personalidade é assim uma diferença crucial entre o Tao do Taoísmo e o Tao do Cristianismo. Segundo, João 1:14 declara que o “Tao se fez carne”. A encarnação do Tao, assim como a encarnação do logos, é um desenvolvimento significativo no sentido deste termo. Um taoísta imediatamente reconheceria que o Tao assumiu um novo significado no Evangelho de João, tornando difícil ler demasiado taoísmo na sua compreensão a respeito de Cristo.

Assim, ainda que o termo Tao seja usado a respeito de Cristo na tradução chinesa do Evangelho de João, não deveríamos inferir que Taoísmo e Cristianismo sejam realmente sobre a mesma coisa. Não são. O Cristianismo proclama um Criador pessoal que é moralmente ultrajado pela pecaminosidade do homem e um dia julgará o mundo com justiça (Romanos 1:18-2:6). O Taoísmo proclama um princípio criativo impessoal que não faz distinção moral entre o certo e o errado e que não julga a ninguém. O Cristianismo proclama que Cristo morreu pelos nossos pecados e foi ressuscitado para nossa justificação (Romanos 4:25), e que a vida eterna foi dada gratuitamente a todos os que confiam nEle como Salvador (João 1:12; Romanos 6:23). Em contraste, a doutrina do relativismo moral no Taoísmo obscurece a necessidade de um Salvador do pecado. Finalmente, e o mais chocante de tudo, é a reivindicação de Jesus ser o único e verdadeiro Tao – ou Caminho – para o Pai (João 14:6). Se Ele está certo, então o Taoísmo, por todas as suas qualidades admiráveis, não pode ter expresso o Tao eterno.

Notas

1. Huston Smith, The World's Religions (San Francisco: Harper Collins, 1991), 197.
2. Ibid.
3. Kenneth Boa, Cults, World Religions and the Occult (Wheaton, IL: Victor Books, 1990), 57.
4. James K. Feibleman, Understanding Oriental Philosophy (New York: Mentor, 1977), 108.
5. Wing-Tsit Chan, A Source Book in Chinese Philosophy (New Jersey: Princeton University Press, 1963), 177.
6. Ibid., 178.
7. Ibid., 184.
8. Huston Smith, 199-218.
9. Ibid., 200.
10. Ibid.
11. Ibid., 201.
12. Ibid., 205.
13. Ibid., 206.
14. Tao Te Ching, trans. Gia-Fu Feng and Jane English (New York: Vintage Books, 1997), chap. 1.
15. Tao Te Ching, trans. Wing-Tsit Chan in A Source Book in Chinese Philosophy, 152.
16. Contudo, no capítulo 7 da tradução de Chan, lemos: "O céu é eterno e a terra perpétua". Existem algumas evidentes inconsistências no Tao Te Ching.
17. Ibid., 143.
18. Ibid., 176.
19. Gia-Fu Feng and Jane English, Tao Te Ching, cap. 48.
20. Ibid., caps. 30 e 31.
21. Wing-Tsit Chan, A Source Book in Chinese Philosophy, 194.
22. Ibid., 181.
23. Ibid., 184.
24. Ibid., 206.
25. Ibid., 184.
26. Ibid., 178.
28. Fritjof Capra, The Tao of Physics. 2d ed. (New York: Bantam Books, 1984), 104.
29. Ronald H. Nash, The Gospel and the Greeks (Richardson, TX: Probe Books, 1992), 69.
30. Feibleman, Understanding Oriental Philosophy, 108.
31. Nash, 82.
32. D. H. Johnson, "Logos," in Dictionary of Jesus and the Gospels, eds. Joel B. Green, Scot Mcknight, and I. Howard Marshall (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 1992), 483.
33. Ibid.


Fonte: Probe Ministries (http://www.probe.org)
Tradução: Rodrigo Reis de Faria